Primeiro
de março de 1958 marca dois eventos importantes na vida de Pedro Ignácio
Schmitz. De uma entrevista com ele extraímos os seguintes recortes.
Eu
sou uma árvore plantada na universidade. Minha vida se realizou e continua se
realizando no ensino e na pesquisa: de 1958 a 1987 na UFRGS, em Porto Alegre;
de 1963 até hoje na UNISINOS, de cuja fundação em 1969 participei como diretor
da pré-existente Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Leopoldo; em
1956 começaram minhas atividades no Instituto Anchietano de Pesquisas.
Desde
1970 realizo pesquisa arqueológica, como bolsista do CNPq, estudando as antigas
culturas indígenas do Brasil, no Sul do Brasil e no cerrado brasileiro do
pantanal até o sertão pernambucano. Esta foi a missão que me foi dada como
jesuíta e a ela me dedico integralmente.
Com
isso minhas atividades externas como sacerdote ficaram limitadas. Não tenho
paróquia, nem função pastoral externa. Exerço funções sacerdotais na comunidade
jesuítica e atendo o movimento Focolare, que tem casa de reuniões junto à
UNISINOS.
O
Instituto foi criado em 1956, no Colégio Anchieta, onde se concentrava o maior
número de jesuítas pesquisadores, num momento em que a perspectiva da Ordem era
de grande crescimento e penetração social. O objetivo do Instituto era reunir
os pesquisadores jesuítas dos diversos ramos do conhecimento espalhados em
colégios e missões indígenas, dar-lhes possibilidade de publicação e
visibilidade através da revista Pesquisas, e garantia de continuidade de suas
coleções científicas. Era um projeto audacioso, correspondente a um tempo de
grandes perspectivas. Como jovem professor no colégio fui convocado para
escrever a ata de sua fundação.
A
história posterior dos jesuítas marca também a trajetória da instituição: a
diminuição de jesuítas, a criação da UNISINOS que absorveu os pesquisadores e a
nova ideologia vigente na Ordem.
Com
a sucessiva morte dos fundadores fui assumindo a continuação da obra com os
recursos humanos e materiais persistentes. Hoje o Instituto se acha incorporado
ao campus da UNISINOS, onde ganhou bom espaço, mas ainda conserva sua
identidade. Ele continua mantendo grandes acervos resultantes de pesquisas
passadas e atuais: um herbário de 140.000 plantas, um acervo arqueológico com
amostras de culturas indígenas de grande parte do território brasileiro, um
conjunto de materiais religiosos que representa as atividades dos jesuítas no
Sul do Brasil.
A
revista Pesquisas, criada em 1956, continua editando um número anual no setor
Botânica e outro no de Antropologia/Arqueologia. Outros setores (História e
Zoologia) passaram para a UNISINOS. Os museus de Arqueologia e de Memória Sacra
têm visitação regular, com destaque para os alunos do sistema estadual de
educação.
As
pesquisas arqueológicas e antropológicas resultaram no título de Doutor Honoris
Causa dado pela PUCG e a cidadania honorária da cidade de Serranópolis, GO. O
CNPq concedeu o título de Pesquisador Sênior; o IPHAN o prêmio do fundador Dr.
Rodrigo Mello Franco de Andrade; a Sociedade de Antropologia Brasileira (ABA) a
medalha de seu fundador; a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul
(FAPERGS) também a medalha do fundador; a UNISINOS a medalha de Santo Inácio de
Loyola. São reconhecimentos sociais por um trabalho constante por décadas na
pesquisa e no ensino.
A
árvore plantada na universidade ainda está viva e continua produzindo frutos:
esta é a maior das premiações. Obrigado Senhor e se for de tua vontade, manda
mais um pouco.
A família, origem de tudo, em Bom Princípio. Na fila de trás, à esquerda na foto, o entrevistado. |
Como sacerdote, um batizado numa família de arqueólogos em
São Paulo.
|
Como cientista, num congresso, na Argentina.
|
Como arqueólogo, no campo, em Vacaria.
|
Premiado pelo IPHAN, dançando no Teatro Nacional, em
Brasília.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário