terça-feira, 24 de outubro de 2017

O Altar na sala de Memória Sacra da Unisinos


Altar-mor do Antigo Seminário de São Leopoldo

O altar vem do antigo do Seminário Central de São Leopoldo. Foi feito por um irmão jesuíta em 1921. É o modelo de altar que os jesuítas implantaram em dezenas de igrejas do Sul do Brasil. Só o irmão jesuíta Egglov construiu mais de 40 destes.
Ele está armado como eram os altares antes do Concílio Vaticano II, com seus santos e com os quadros em que estavam as orações principais da missa, em latim. O sacerdote celebrava voltado para o altar, à frente do povo como o representante dos cristãos reunidos perante Deus. Hoje o sacerdote celebrante está voltado para o povo e o sentido é do sacerdote presidindo a oração dos fiéis.
Como o Seminário era dirigido pelos jesuítas, no altar estão três santos de sua congregação todos de origem espanhola.
SÃO FRANCISCO XAVIER é um dos fundadores da Companhia de Jesus. Foi representante do rei de Portugal na conquista do Oriente, Índia e o Japão. Morreu aos 43 anos, isolado em uma ilha, tentando entrar no fechado império chinês. A batina aberta na altura do peito representa o fervor de suas orações e o permanente calor nas regiões missionadas. Foi canonizado pelo Papa Gregório XV, em 12/03/1622, junto com Inácio de Loyola. É festejado como padroeiro das Missões no dia 3 de dezembro.
SANTO INÁCIO DE LOYOLA, em vestes litúrgicas em vez da tradicional batina preta da atividade cotidiana. Em suas mãos segura o livro aberto com os dizeres Ad maiorem Dei gloriam (para a maior glória de Deus). Em 15/08/1534 ele e seis companheiros fundaram a Companhia de Jesus em Paris. Ele comandou a congregação até o fim de sua vida. Foi canonizado por Gregório XV em 12/03/1622. Sua festa é celebrada dia 31 de julho.
SANTO AFONSO RODRIGUES, negociante falido e tendo perdido a família, tornou-se irmão jesuíta. É representado com chaves, porque durante 40 anos desempenhou o ofício de porteiro de Colégio nas Ilhas Baleares. Foi canonizado por Leão XIII em 15/01/1888. É o padroeiro dos irmãos jesuítas. Sua festa é celebrada dia 31 de outubro.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

O Instituto Anchietano de Pesquisas está todo no Campus da UNISINOS

Em 2013 a ASAV pediu o prédio do Centro de São Leopoldo para o conjunto de suas obras sociais CCIAS. Então vieram para o Campus os gabinetes dos pesquisadores, a biblioteca, o herbário e a sala de Memória Indígena, que foram instalados na galeria B05; a sala de Memória Sacra ocupou uma grande sala ao lado da Capela Universitária no andar térreo da Biblioteca. No momento foi impossível desocupar o grande espaço do mesmo piso destinado ao Acervo Arqueológico. Este, que estava distribuído por várias salas do prédio do centro da cidade, foi reacomodado no quinto andar daquele prédio, esperando sua oportunidade.

Esta oportunidade surgiu em agosto passado quando a Reitoria liberou o espaço de 200 m2 ocupado por duas salas de aula, na galeria em que já se encontrava a maior parte do Instituto. Assim as instalações ficaram novamente unificadas, com exceção da Memória Sacra, que ocupa uma posição de destaque junto à Capela e ao Memorial Jesuítico na Biblioteca.

O Acervo Arqueológico foi reunido em mais de 50 anos de pesquisas do IAP cobrindo importante parcela do território brasileiro e as diferentes etapas de povoamento do Trópico e Subtrópico, desde os primeiros chegados até os sobreviventes de passado recente. Em termos materiais são mais de cinco mil caixas, cada uma contendo uma amostra limpa, numerada e identificada num catálogo, que permite sua rápida localização no espaço. Em termos de peças são muitas centenas de milhares, de fragmentos cerâmicos, artefatos polidos e lascados de pedra, restos de alimentação de origem animal e vegetal e esqueletos humanos. Alguns objetos sobreviveram ao incêndio do museu do antigo Seminário.

O que representam as amostras?

No Rio Grande do Sul e Santa Catarina eles representam a cultura dos primeiros caçadores do mato (tradição Umbu: 10.000 a 1.000 anos atrás), que viviam em abrigos rochosos e acampamentos a céu aberto; os pescadores e coletores de moluscos do litoral (sambaquis: 8.000 a 1.000 anos atrás); os construtores de casas subterrâneas no planalto (tradição cerâmica Taquara e tradição cerâmica Itararé: a partir de 500 anos de nossa Era), antepassados respectivamente dos índios Kaingang e Xokleng (Botocudos); os construtores de ‘cerritos’ nos campos do sul (tradição cerâmica Vieira, a partir do começo de nossa Era), antepassados de Charruas e Minuanos; e os agricultores (tradição cerâmica Guarani, no segundo milênio de nossa Era), antepassados dos guaranis das Reduções e dos Guarani-Mbyá de nossos dias.

As amostras das pesquisas no cerrado, na caatinga e no pantanal foram partilhadas com as instituições locais, a PUCG de Goiânia, a PUCPE de Recife, o Centro Universitário da UFMS em Corumbá, ficando amostras significativas em cada uma das instituições conveniadas. As amostras cobrem o primeiro povoamento por caçadores do cerrado e da caatinga em Pernambuco, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul (tradição Itaparica e tradição Serranópolis: 12.500 a 7.000 anos atrás), o primeiro povoamento do Pantanal do MS (8.400 anos atrás) e os grupos ceramistas agricultores: a tradição Pantanal desde o primeiro milênio de nossa Era, antepassados dos índios ribeirinhos do período colonial; a tradição Una, desde 3.000 anos atrás, possíveis antepassados longínquos dos índios Kaingang e Xokleng do Sul do Brasil; a tradição Aratu e a tradição Uru, no segundo milênio de nossa Era, antepassados de grandes grupos indígenas do período colonial, com descentes até o dia de hoje; e a tradição Guarani, ali menos representada que no Sul do Brasil.

O transporte do acervo da cidade para o Campus não representa o fim do trabalho. O acervo foi criado obedecendo as normas de guarda e conservação vigentes no tempo. Em 2016 surgiram novas orientações de guarda e manejo deste patrimônio nacional, que exigem da instituição alguns anos de investimento e trabalho. Mas vale a pena. 

Texto de Pedro Ignácio Schmitz.

Foto: Jairo Henrique Rogge

A ala B05 do Campus da UNISINOS em que agora estão todas as instalações do Instituto Anchietano de Pesquisas, com exceção da Memória Sacra, localizada no saguão da Biblioteca, ao lado da Capela Universitária. 

Foto: Jairo Henrique Rogge

Por causa do peso dos materiais o Acervo de Arqueologia está no piso térreo, diretamente sobre o chão. É de fácil acesso e ocupa um espaço de 200 m2

Foto: Jairo Henrique Rogge

O começo da instalação. Todo o material será transferido para caixas especiais em ambiente climatizado de acordo com as normas do CNA do IPHAN.