As vestes e outras alfaias usadas pelos sacerdotes e seus auxiliares nas celebrações litúrgicas da Igreja Católica têm origem antiga, desde quando o cristianismo foi declarado religião oficial no Império Romano, a partir do século IV.
Antes do Concílio Vaticano II o sacerdote, quando celebrava a Missa, vestia uma túnica, a veste básica dos homens naquele tempo, branca, ritual; por cima uma estola, símbolo do poder sacerdotal; um manipulo no braço esquerdo, resquício de uma toalha como a do garção para a limpeza do altar e das mãos; por cima, uma casula, um antigo abrigo. Para as bênçãos e outros rituais solenes, em lugar da casula, vestia uma grande capa com capuz (capa de asperges, ou de aspersão). Para o momento da bênção com o Ostensório com o Santíssimo, ainda cobria os ombros, os braços e as mãos com o véu de ombros.
Para ritos mais simples, como batismo, confissão, viático para doente, bênção particular, o sacerdote usava, em cima da batina preta do dia-a-dia, apenas uma sobrepeliz, e a estola.
Antes do Concílio, as celebrações eucarísticas eram individuais, presididas por um sacerdote. Nas celebrações solenes, por ocasião de grandes festas, ele podia estar acompanhado por um diácono e um subdiácono. Eles, em lugar da casula, vestiam a dalmática, originária de um abrigo usado pelos antigos Dálmatas do tempo do Império Romano. Nas celebrações particulares ele era acompanhado por um ou dois acólitos.
O sacerdote celebrava na frente do povo, como seu líder ou representante, voltado para o altar e a cruz; a comunidade reunida o seguia por trás. Esta posição marcava as vestes, fazendo que os símbolos principais que as identificam estejam nas costas do celebrante e não na sua parte frontal. Depois do Concílio a posição de celebrante mudou; agora ele celebra com a sua comunidade, voltado para ela, ou cercado por ela.
A estrutura e forma das vestes litúrgicas estão fortemente marcadas pelo ambiente e o tempo em que nasceram, o Império Romano em seu esplendor, quando o cristianismo tornara sua religião oficial e o sacerdote ocupava uma posição destacada na estrutura social, ao nível do cidadão romano ou mesmo do senador. As vestes originais de classe foram assumindo caráter sagrado, reservado para a liturgia e assim garantiram sua perenidade.
A casula, que era a veste usada na celebração diária da Eucarística, tinha forma retangular na parte das costas (voltada para o povo) e ovalada na frente, deixando liberdade para movimentar os braços; é conhecida como forma romana, ou também, em violão. Mais tarde surgiu a forma gótica, do tamanho da romana, mas em estilo ovalado, que, em tempos modernos, cresceu para envolver o corpo todo do celebrante. A forma romana praticamente desapareceu.
A capa de asperges era, em realidade um grande poncho com capuz. O capuz perdeu sua função de abrigo da cabeça e serve agora como local dos principais símbolos da veste.
O manípulo, que se originara de uma toalha, usada no braço esquerdo, para o serviço do altar, em que se manipulava pão e vinho, perdeu o sentido quando estas espécies se miniaturizaram e, depois do Concílio, deixou de ser usado. No ritual sobrou uma lavação simbólica das mãos após esta manipulação.
O tecido das vestes era produzido especialmente, usando vários materiais e técnicas para lhe darem destaque e brilho. A fibra vegetal usada predominantemente podia ser substituída por fio metálico, ouro, prata ou semelhantes para lhe dar maior importância e esplendor. Os símbolos cristãos das primeiras comunidades cristãs, que lhe imprimiam valor litúrgico, podiam ser produzidos na trama do tecido ou acrescentados a ele por pintura, bordado, encaixe etc.
Estes símbolos básicos são os da paixão, morte e ressureição de Jesus e os da celebração eucarística. Os da paixão são a cruz, a cabeça de Jesus coroada de espinhos, a flor-da-paixão (passiflora, ou maracujá), na qual se percebia a cruz, os cravos e a coroa de espinhos e a Mãe Dolorosa. Os da Eucaristia são o cesto com pão e o peixe, espigas de trigo, cachos de uva e ramos de videira, o cálice e a hóstia.
Com o tempo foram acrescentados outros símbolos a partir de novas percepções e definições religiosas. A variação também acompanha a celebração a ser feita.
As cores usadas nas vestes são indicativas e simbólicas. Branco é usado para as liturgias de Jesus, de Maria, dos anjos, dos santos que não são mártires. Vermelho é usado em dias da paixão do Senhor, na festa do Espírito Santo, dos santos mártires. Roxo, na quaresma e no advento, hoje também para rituais fúnebres, em substituição ao preto. Verde, nos dias em que não há nenhuma comemoração especial ou festa. A cor preta não se usa mais. A mesma cor é usada em todas as vestes e outras alfaias da liturgia do dia.
Do material da reserva técnica foram classificadas, e fotografas em alta precisão, e tombados, até agora, 142 casulas romanas, 82 casulas góticas, 16 dalmáticas, 20 capas de asperges, 13 véus de ombros, 166 manípulos, 320 estolas. Existem ainda outras alfaias. Você pode ver tudo isto em nossa página.
Figura 1. Casula romana em veludo vermelho, com a representação do Espírito
Santo.
Figura 2. Casula romana roxa, tecido estampado, com a cruz e o nome de Jesus Cristo.
Figura 3. Casula romana roxa, tecido liso aveludado, com Jesus Cristo Crucificado cercado por ramos de passiflora (maracujá).
Figura 4. Maria, Mãe das Dores, em casula roxa.
Figura 5. Casula romana branca, tecido liso, com imagem e simbologia de Maria Imaculada.
Figura 6. Casula romana em fio metálico, com símbolo de Maria Imaculada no recorte.
Figura 7. Dalmática vermelha.
Figura 10. Capa de asperges em fio metálico, com floral bordado. Costas.
Figura 11. Capa de asperges em tecido metálico, com floral bordado. Frente.
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