Hoje
falamos sobre as relíquias de santos católicos, guardadas no acervo de Memória
Sacra, que está aos cuidados do Instituto Anchietano de Pesquisas, junto ao
átrio da biblioteca da Unisinos.
Elas
vêm de residências, colégios e igrejas jesuítas do Sul do Brasil. A maior parte
delas foi trazida pelos missionários jesuítas, que fundaram a província da
Congregação no Sul do Brasil e representa devoções tradicionais existentes em
sua terra de origem, na Europa. Em suas obras, no Sul do Brasil, eles
mantiveram seu uso durante um século, desde quando chegaram, em meados do
século XIX, até meados do século XX, quando já eram substituídos por uma
geração de jesuítas nascidos no Brasil; também em consequência das reformas na
Igreja Católica produzidas pelo Concílio Vaticano II.
Estas
relíquias se constituem de elementos materiais supostamente ligados a santos e
beatos da Igreja Católica. Eram e são usadas em memória e veneração dos
correspondentes santos e tornam a estes mais presentes e palpáveis que as
estátuas, os quadros, as medalhas e os ‘santinhos’, que também os podem
visualizar. A base material que constitui a relíquia concreta é variada,
podendo ser pequeno fragmento de osso ou de outra parte do corpo do santo, ou
pequeno fragmento de objeto com o qual ele esteve em contato, ou que nele foi
tocado.
Essas
pequeníssimas partículas se apresentam fixadas em cápsulas de metal, ou de
outro material resistente como pedra ou madeira, tendo uma face coberta por
vidro para sua visualização e identificação do nome do santo. Para validade, na
veneração do santo, cada uma delas vem acompanhada do documento (bula) de uma
autoridade eclesiástica, ou religiosa, que a identifica e credencia. Das
relíquias conservadas no acervo, uma parte ainda tem a bula correspondente,
outra parte está sem ela, que se pode ter extraviado; há também bulas já sem a
correspondente relíquia. Mais recentemente se substituiu a cápsula de metal por
pequena folha de papel, com a identificação do santo e uma correspondente
oração.
As
relíquias podem ser fixas, como a pedra-de-ara, em mármore, encaixada na mesa
do altar. Ela constitui o altar propriamente dito; contendo a relíquia de um
santo romano, tem a função de ligar a igreja local à igreja-mãe de Roma. Antes
do Concílio Vaticano II não havia igreja, pequena ou grande, sem a
correspondente pedra-do-altar. No acervo da Memória Sacra havia diversas
pedras-de-ara, recolhidas porque em desuso. Quatro foram devolvidas a igrejas
locais, que, outra vez, se deram conta de seu significado e importância.
Figura
1. Pedras-de-ara.
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A pedras-de-ara da foto medem,
respectivamente, 40 x 30 x 2,3 cm e 30 x 20 x 2 cm.
A maior parte das relíquias é
móvel, ou portátil. Neste caso, a estrutura que envolve a relíquia propriamente
dita pode ser artisticamente elaborada e provida de uma base para mantê-la
firme num altar ou sobre um móvel, para veneração pública ou particular. No
acervo da Memória Sacra existem amostras, de tempos e estilos diferentes,
gótico, barroco, clássico.
Figura
2. Relíquias antigas (pequenas, centrais) com nova apresentação, gótica.
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Figura
3. Relicários com armação barroca e clássica.
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O envoltório da relíquia
também pode ser uma cápsula de metal de poucos centímetros, simples e de fácil
manuseio. Com isso, ela pode ser colocada sobre um móvel (p. ex. a mesa de
trabalho do usuário), ou carregada no bolso ou numa bolsa, para devoção particular.
Constitui a maior parte das relíquias guardadas no acervo da Memória Sacra.
Sete dessas relíquias, geralmente duplicatas, foram doadas a igrejas da região
que as solicitaram para suas capelas.
De preferência o relicário é
de apenas um santo, porém muitas vezes um mesmo envoltório contém relíquias de
vários e variados santos. Nas fotos, algumas amostras.
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