Texto:
Geraldo de Carvalho Santos – graduando do curso de História da Unisinos
SÃO MIGUEL ARCANJO MISSIONEIRO
Durante
duas semanas do mês de novembro de 2016, me vi na contigência de realizar uma
pesquisa histórica no Instituto Anchietano de Pesquisas cujo tema se
desenrolaria a partir de três imagens de São Miguel Arcanjo que depois de
transitarem por ignotos caminhos foram adicionados ao precioso acervo do Museu
Capela do Instituto Anchietano de Pesquisas/Unisinos, em São Leopoldo.
Meu
primeiro contato com aquelas estátuas foi frio e, aparentemente sem sentido.
Sabia, porém, que aquelas imagens, que atravessaram três séculos, percorrendo
caminhos imprecisos, traziam em si uma história de significados e
representações. Eram símbolos que ainda hoje carregam, na dureza de sua
madeira, a materialização da vontade humana, da inteligência humana e,
sobretudo, da resistência às iniquidades dos homens e da maldade de seus
espíritos (veja as imagens da postagem anterior, em 11/10/2016, que fala de São
Miguel).
A
lança na mão direita do Arcanjo, fincando de morte o dragão de maldades,
enquanto seu corpo era esmagado pelos sagrados pés de São Miguel e, a balança
na mão esquerda – símbolo de sensatez, equilíbrio e justiça – atestam, com
muita retidão, o significado das lutas dos Guarani e Jesuítas contra a
desarrazoada determinação dos homens maus, sequiosos por submeter a sua vontade,
um povo que poderia ter sido muito feliz.
O
transcurso da pesquisa me levou à outras questões que, embora sejam históricas,
parecem pertinentes a uma distinta ordem de considerações que, de toda a sorte,
ainda assim, enriquecem o significado daquelas imagens. Estou me referindo em
particular ao Movimento Barroco, com sua estética bruta, com a incontida
manifestação do espírito criador a se afirmar, na imprecisão das suas formas,
dos seus volumes e das suas cores, como algo vivo e pulsante, como testemunho
de vida de umas gentes de um determinado tempo, mas sobretudo como um alentado
exemplo para os dias de hoje.
Não
tenho como avaliar se o resultado da minha pesquisa foi positivo ou não, mas,
fica muito viva a sensação de ter feito um trabalho, que por força de causas
contrárias à minha vontade e a minha capacidade, se mostra incompleto e, por
isso mesmo, é possível que a sua importância tenha ficado aquém da minha
vontade.
Não posso deixar de
agradecer ao padre professor Dr. Pedro Ignácio Schmitz e a sua equipe do Instituto
Anchietano de Pesquisas, pela colaboração e pela paciência que tiveram comigo
durante a confecção do meu trabalho.