De 7 a 17 de janeiro do corrente ano de 2019, Jairo
Henrique Rogge, Marcus Vinicius Beber, Suliano Ferrasso e José Afonso de
Vargas estiveram em Uruguaiana para
novas pesquisas. Eles fizeram contato com autoridades do município,
proprietários e moradores.
Nas visitas anteriores o foco tinha sido na estância da
Queimada, pesquisando o local do manejo do gado e da moradia dos encarregados.
Na visita de janeiro de 2019, a observação foi dirigida a outras
estruturas da estância buscando caracterizar o contexto maior. Foi visitada a Estância São Sebastião e o
local de Santana Velha.
A estância São Sebastião é atualmente a sede de uma
empresa de criação de gado, na qual sobrevivem construções e currais do tempo
dos jesuítas e do tempo da Revolução Farroupilha.
As construções do tempo dos jesuítas correspondem a uma
antiga capela, com sua pousada e os correspondentes currais para abrigar o gado
dos tropeiros e do próprio posto. Elas estavam na beira do Caminho Real que, saindo de Paisandu, na República Oriental do Uruguai, corria pelo divisor de
água, ligando as estâncias e seus postos e terminava na redução de Yapeyu. Era
um caminho muito transitado que, para facilidade dos viajantes e tropeiros, tinha
estalagens com capela, pousada e currais para guardar o gado; os arroios tinham
ponte ou balsa, na qual eram ajudados gratuitamente.
A atual estância São Sebastião mantém, parcialmente viva,
parcialmente em ruínas, uma boa amostra
destes postos junto ao Caminho Real.
Na primeira foto, a estrutura conhecida como capela,
era um recinto fechado, com as moradias ao longo das paredes internas e no
centro da construção o poço (algibe); era uma fortaleza que dava tranquilidade
e segurança aos moradores e aos viajantes
do Caminho Real.
Na fotos 2, 3 e 4, vistas da pousada ou casa de
hóspedes, aberta para qualquer viajante pousar gratuitamente.
Na foto 5, a sede da estância construída ao tempo da
Revolução Farroupilha, quando a região era grande produtora de gado.
Na foto 6, uma vista da estrutura dos currais onde os
tropeiros podiam guardar seus animais. Hoje, com um brete para embarcar ou
vacinar os animais da estância.
A outra estrutura
visitada foi a chamada Santana Velha, que, segundo a tradição local, teria sido
o posto Santa Ana, da estância jesuítica São José, no local em que o rio
Uruguai oferecia vau para atravessar para o lado ocidental e um ancoradouro
para pequenos barcos através dos quais a estância da Queimada (São José) se
comunicava com a Redução de Yapeyu, sua sede.
Na primeira metade
do século XIX aí foi instalada uma inspetoria, que controlava o movimento do
gado das estâncias através do rio; ao tempo da Revolução Farroupilha a estância
do posto era muito importante e fornecia gado e cavalos para os revolucionários,
quando sua capital era Alegrete. Devido ao ambiente insalubre do local por
causa de seus banhados, a povoação foi transferida mais para o norte dando
origem à cidade de Uruguaiana.
Hoje o local é a sede de uma fazenda e da Velha Santana
sobra a pequena e primitiva construção da guarnição da inspetoria e uma fila de
velhos umbus, que mostramos nas fotografias que seguem.
Texto: Pedro Ignácio Schmitz
Imagens: Marcus Vinicius Beber e Jairo Henrique Rogge