terça-feira, 28 de maio de 2019

UNISINOS 50 ANOS: QUEM É A UNISINOS DE SÃO LEOPOLDO?




A Unisinos é uma grande instituição de ensino, pesquisa e extensão cultural, fundada e mantida pelos jesuítas do Brasil, na cidade de São Leopoldo, RS. Em 31 de julho ela completa 50 anos de atuação como universidade. Ela representa a continuidade do trabalho educacional dos jesuítas na cidade.

A primeira iniciativa educacional dos jesuítas, na cidade, foi o Ginásio Conceição, fundado em 31 de julho de 1869, exatamente um século antes da universidade, quando São Leopoldo era um punhado de casas de imigrantes alemães e alguns lusos, na beira do rio dos Sinos. O seu internato atraía meninos e jovens de diversas partes do Estado e de fora do mesmo. Separado só por uma rua, o ginásio masculino dos jesuítas formava parelha com o Ginásio São José, das Irmãs Franciscanas, fundado em 1872, que, da mesma forma, atendia a juventude feminina. As duas instituições, nesses 150 anos, formaram homens e mulheres importantes para o Brasil.

No começo do século XX, os majestosos prédios, construídos para abrigar os educandários, se transformaram em Seminário Central, que formou gerações de sacerdotes diocesanos e religiosos para o Brasil. Com a transferência do seminário, os bonitos prédios, muito maltratados, se tornaram o berço da universidade, sempre como empreendimento da Companhia de Jesus.

O autor dessa postagem é testemunho desse nascimento e da sua gestação e, em alguns momentos, participou dela como agente. Com o apoio do livro de Bohnen e Ullmann, Atividades dos Jesuitas de São Leopoldo, 1844-1989, UNISINOS, 1989, ele registra alguns eventos dessa trajetória. Sobre o primeiro período Arthur Blásio Rambo em Um Sonho e Uma Realidade. A Unisinos 1953/1969. Editora UNISINOS, 2009 escreveu uma história detalhada.

A gestação: As faculdades de Filosofia, Direito e Economia

Em 21 de fevereiro de 1952 a Assembleia da Sociedade Literária Antônio Vieira (ASAV) funda a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Cristo Rei (a partir de 1964 passa a se chamar de São Leopoldo), na sede da entidade, que era o prédio do Seminário Central, em São Leopoldo. Para a constituição da Faculdade usa os cursos de Humanidades de Pareci Novo e de Filosofia de São Leopoldo, que eram etapas da formação dos padres jesuítas, mas não tinham a chancela do Estado.

Em 24 de novembro de 1953 a Faculdade é autorizada pelo Ministério de Educação e Cultura, mas continua sendo privativa dos estudantes jesuítas. A partir de 1958 ela perde esta exclusividade.

Em 1957 a Faculdade, que nascera no Colégio Cristo Rei, na periferia da cidade, é transferida aos prédios que até 1956 tinham sido ocupados pelo Seminário Central, na beira do rio dos Sinos.

Os prédios à beira do rio
Em 1958 a Faculdade se compõe dos seguintes cursos: Filosofia, Letras, Letras Clássicas, Letras Anglo-Germânicas, Pedagogia, Ciências Sociais e História Natural.

Em 1959 são acrescentados os cursos de Química e Orientação Vocacional.

Em 1961 é acrescentado o curso de Didática.

Em 1965 vêm os cursos de História e de Matemática.

Em 1968 surgem os cursos de Física e de Licenciatura em Letras.

O primeiro diretor da Faculdade é seu promotor, o P. Urbano Thiesen (1953-1961). Ele foi seguido pelos padres Arno Maldaner, João Oscar Nedel e Pedro Ignácio Schmitz.

Tomada de posse de diretor: Da esquerda para a direita:
o Diretor da Faculdade de Direito Lenine Nequete, o Prefeito
de São Leopoldo Clodomiro Martins, o Padre Provincial
Edvino Friedricha, Pedro Ignácio Schmitz, útimo diretor
da Faculdade de Filosofia, João Oscar Nedel diretor anterior,
Arno Maldander, diretor anterior. Escondido,
Olivio Koliver, diretor da Faculdade de Economia.

Paralelamente à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras nascem outras faculdades.

Em 1959 a Faculdade de Economia, cujo diretor é Olívio Koliver,

Em 1967 a Faculdade de Direito, cujo diretor é Lenine Nequete.

Em 1970 abre Engenharia de Operações, no Colégio La Salle, em Canoas, cujo diretor é Pedro Beirão Capra.

Os cursos se instalam no antigo prédio do Seminário Central: no prédio construído pelos Jesuítas para o Ginásio Conceição e depois ocupado pelos Moinhos Reunidos SA, se instalam os cursos de caráter mais científico, como História Natural, Química, Física, Matemática. No prédio construído pelas Irmãs Franciscanas para o Colégio São José, se instalam os cursos de Humanidades da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, a Faculdade de Direito e a Faculdade de Economia. A Faculdade de Direito ocupava o prédio de manhã, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, de tarde e a Faculdade de Economia, de noite.

O número de alunos nas faculdades era pequeno e oferecia frágil sustento para a manutenção das atividades, sem pensar na restauração e manutenção dos prédios, a mobília e os aparelhos de ensino e pesquisa.

Em 1958 são 116 alunos; em 1959, com a Faculdade de Economia passam a 312; em 1963, com a Faculdade de Direito, passam a 1048; em 1960, com a Engenharia de Operações chegam a 3.590, o total com que começa a universidade.

Os professores jesuítas formavam três quartas partes dos docentes da Faculdade de Filosofia; também colaboravam nas outras faculdades. Não recebiam salários e viviam de migalhas de seus trabalhos pastorais. Os professores jesuítas envolvidos na História Natural tinham acesso a bolsas de pesquisa do CNPq para sua manutenção e verbas para seus projetos e aparelhagens. São inacreditáveis as manobras, leais e nem sempre tanto, que alguns faziam para conseguir os aparelhos óticos indispensáveis.

Padres jesuítas que se destacaram na formação da universidade: Leopoldo Adami (Provincial), João Oscar Nedel, José Marcus Bach, Isidro Salett, Theobaldo Leopoldo Frantz, Luiz Marobin, Pedro Ignácio Schmitz, Egídio Francisco Schmitz, Alcides Mario Giehl, Bruno Hammes e Otto Berwanger.

Seria mais difícil registrar o nome de todos os professores e funcionários leigos que dedicaram sua vida a esta frágil instituição. 

A primeira formatura da Faculdade de Filosofia, 1961, quadro no corredor do prédio B09.

Os professores leigos recebiam salários de forma irregular. Havia muito idealismo e dedicação tanto da parte de uns como de outros para compensar a pobreza e manter funcionando as aulas e as pesquisas.

A Universidade do Vale do Rio dos Sinos: nascimento e primeiros anos

Na década de 1960 dois núcleos educacionais do vale do rio dos Sinos caminhavam para formar uma universidade: em Novo Hamburgo o complexo que se concretizou como FEEVALE e em São Leopoldo o que se desenvolveu como UNISINOS.

Em uma tarde não lembrada, o deputado Arnaldo da Costa Prieto, ligado a ambos os grupos, aparece na sala do Diretor da Faculdade de Filosofia com a seguinte intimação: ‘Senhor Diretor, na próxima semana preciso o estatuto da Universidade para entrar com o pedido no Ministério de Educação. Se não o tiver, o grupo de Novo Hamburgo leva a vaga’. Não existia este estatuto, era preciso criar ao menos um esboço para não perder o lugar. Foi nessas circunstâncias que três padres, escondendo-se, atrás das estantes da biblioteca, para não serem perturbados, produziram este embrião, que garantiu vaga.  Este era o lado político da questão da universidade.

O lado prático é outro. Foi obra de um grupo formado por jesuítas, reunidos na SURGES – Sociedade Universitária da Região Geoeducacional dos Sinos, que elaborou o projeto global da universidade e de sua execução. Tinha como Presidente: P. João Oscar Nedel; como Diretor Administrativo: P. Alcides Mário Giehl e como Diretor de Assuntos Administrativos: P Theobaldo Leopoldo Frantz.

Para constituir a universidade, além das faculdades acima nomeadas, ainda existiam as Escolas integradas de Teologia e o Instituto Musical Carlos Gomes do Colégio São José.

O projeto foi encaminhado ao Ministério de Educação e Cultura, cujo titular era Tarso Dutra, o qual, em 31 de julho de 1969, autorizou o funcionamento da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Tinha decorrido exatamente um século desde que tinha iniciado o Ginásio Conceição, que funcionou ali até 1912, quando foi transferido para Porto Alegre com o nome de Colégio Anchieta e o prédio foi ocupado por um seminário de formação de clero.

O nome da universidade está ligado ao rio que tem muitos sinos (sinuosidades, ou voltas), mas o logotipo criado na oportunidade eram dois sinos unidos pelas bases. Só muito mais tarde ele foi substituído pelo U com a sugestão de infinitas possibilidades.


Antiga logomarca





Logomarca atual


 O primeiro Reitor (1969-1973) foi o Biólogo P. João Oscar Nedel, Vice-Reitor Acadêmico o P. José Marcus Bach, Vice-Reitor Administrativo o Economista José Bordini Cinel. 

Os seguintes reitores foram: P. Theobaldo Leopoldo Frantz (1974-1977), P. Luiz Marobin (1978-1981), Herbert Ewaldo Wetzel (1982-1985), Aloysio Bohnen (1986-2005), Marcelo Fernandes de Aquino (2006-  ).

Em março de 1970, depois de algumas reformas e acomodações, começaram as aulas. Nos prédios em que, até 1956, tinha funcionado o Seminário Central. O total dos alunos era 3590.

Nesse tempo já se tinha feito a reforma universitária no Brasil. A estrutura de ensino na Unisinos se organizava em três Institutos Centrais: Letras e Artes, Ciências Humanas, Ciências Positivas.

O vestibular, que dava acesso à universidade, era mais formal que seletivo. Mas, para chegar às disciplinas profissionais era necessário cumprir o Ciclo Básico, que tinha a função de nivelamento e abrangia as disciplinas de Antropologia, Estudo de Problemas Brasileiros, Inglês, História, Lógica e Metodologia, Matemática, Português, das quais era preciso aprovar em quatro. Humanismo e Tecnologia e Deontologia também eram disciplinas obrigatórias para todos os alunos.

Com a facilidade de entrada e o bem-estar econômico do momento (‘o milagre brasileiro’), o número de alunos cresceu rápida e continuamente até 1979: dos 3.590 em 1970 subiu para 24.109 em 1979, quando começou a descer, estabelecendo-se ao redor 20.000. Hoje são aproximadamente 23.000.

Para este crescimento, o espaço dos prédios se tornou absolutamente inadequado, com imenso atropelamento especialmente à noite. A solução foi alugar salas grandes em cidades próximas para abrigar os alunos do ciclo básico para este período: no Colégio São Luiz, em São Leopoldo; no Ginásio La Salle, em Canoas; no colégio Santa Terezinha, em Taquara onde se criou uma ‘extensão’; nos colégios Anchieta, Sevigné, São João e no Ginásio da Paz em Porto Alegre. A dispersão também facilitou o acesso aos alunos locais e dispensava a viagem para São Leopoldo.

Mas esta solução resultava em muita despesa, de aluguel das salas e do transporte dos professores e funcionários para este atendimento. Fazendo os cálculos, P. Egídio Eduardo Schneider, que foi Vice-Reitor Administrativo em três mandatos sucessivos da reitoria, chegou à conclusão de que o aluguel de uma sala equivalia ao valor da construção de uma sala do mesmo tamanho.

Esta consideração levou ao planejamento da construção de um Campus universitário. Depois de examinar várias possibilidades, foi comprada uma área de 78,80 ha no fundo dos campos do Colégio Cristo Rei, encostada ao mato de eucaliptos (‘matão’ que faz divisa com Sapucaia do Sul)).

Em 24 de fevereiro de 1974 começou a terraplanagem e a 11 de maio foi lançada a pedra fundamental do primeiro conjunto de blocos, destinado ao Ciclo Básico, que somava 38 amplas salas de aula e uma ala administrativa. É o atual bloco B da UNISINOS.

Dois futuros professores da Unisinos tomaram a si a construção de todo o campus: o engenheiro Dirceu Duarte Galegari e o arquiteto Eliseu Victor Mascarello, sob a coordenação do P. Egídio Eduardo Schneider.

Na noite de 12 de agosto de 1974 se deram as primeiras aulas nas novas salas do Ciclo Básico. A 12 de setembro se dava a instalação oficial do Primeiro Ciclo com a presença do Ministro da Educação Ney Braga e do Ministro do Trabalho Arnaldo da Costa Prieto.

Desde 1974 a 1987 foram construídos 102.011 m2 dos 110.000 m2 previstos. Essa construção do campus, num tempo de alta inflação, foi toda autofinanciada com uma administração cuidadosa e manejo do dinheiro, que vinha basicamente das anuidades pagas pelos alunos. As verbas do Ministério de Educação e Cultura eram insignificantes.

 
A inauguração do Campus com a presença de professores, funcionários, autoridades e de Dom Vicente Scherer.
A construção do campus teve grande cuidado em preservar elementos do ambiente e implantar outros para lhe dar a fisionomia que, hoje, todos nós usufruímos. O naturalista P. Clemente Steffen precisa ser lembrado nesse contexto. A testemunha lembra do tempo em que, no espaço que será o campus, o Colégio Cristo Rei plantava trigo e depois encheu de eucaliptos dos quais sobra um pequeno canteiro de árvores hoje gigantescas.

Com a entrada do Plano Cruzado e o congelamento das anuidades dos alunos, ao tempo do reitorado de Aloysio Bohnen, começaram as dificuldades e o movimento de construções foi contido.

Com o campus construído e o incêndio, em 1981, de um dos prédios do centro de São Leopoldo e a reforma do prédio restante, as atividades se foram concentrando no Novo Campus.


Vista do Campus construído.


Estas são lembranças que à testemunha pareceu útil lembrar por ocasião do aniversário da UNISINOS. Referem-se à gestação, nascimento e infância da Universidade. Sua adolescência e maturidade exigem uma história mais refletida e documentada, que se espera alguém conte por ocasião do aniversário, dia 31 de julho de 2019. 

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Sou professora de História e gosto do que faço!



Márcio de Mattos Rodrigues entrevista Fabiane Maria Rizzardo, professora de História no Colégio São José, São Leopoldo. Fotos do arquivo pessoal da entrevistada.

O que te levou a fazer o curso de História?

Ingressei no curso de História em 2009, aos 19 anos. Naquela época eu ainda não tinha um entendimento claro sobre a importância do historiador e do professor de História para a sociedade. Contudo, tinha muito interesse em compreender o mundo e apostei nessa graduação para lidar com os muitos questionamentos que tinha. Lembro que foi uma aposta cheia de dúvidas. Pensava que desistiria do curso em poucos meses pela impossibilidade de me ver atuando como professora.


Entrevista para televisão

Como foi o teu contato com o Instituto Anchietano de Pesquisas (IAP)?

No segundo semestre de curso tive o privilégio de ser colega de uma bolsista de IC do IAP, responsável por instigar o meu interesse pela casa. A partir dos relatos dela, fiquei deslumbrada com o Pe. Ignácio, com as escavações e com todas as possibilidades que o IAP apresentava: museus, laboratório, biblioteca com periódicos de diversos locais do mundo. Procurei logo demonstrar interesse nos estudos arqueológicos, ingressando como bolsista voluntária no final de 2009. Em 2010, fui contemplada com uma bolsa de IC FAPERGS.



A equipe de campo

Nos conte como foi a primeira saída de campo pelo IAP

A primeira escavação que participei foi em Arroio do Sal, no sambaqui Marambaia I, sob a coordenação do Prof. Jairo Rogge. Aconteceu nas férias de inverno, nos dias mais frios daqueles últimos anos. Lembro que a escavação era leve e de aproximadamente uma semana, própria para iniciantes. Durante o campo aprendi a realizar prospecções, abrir quadrículas, escavar observando as camadas do sambaqui, fotografar, etiquetar o material recolhido, utilizar a bússola... Cada dia de trabalho continha muitas vivências, valiam por vários livros, várias aulas. Contudo, o esforço físico, o frio, a pouca maturidade para sair à trabalho dificultava a convivência em grupo. Brincávamos que era como estar no Big Brother! Rsrs. Em seguida, veio a minha segunda, terceira, quarta e quinta escavação pelo IAP, algumas bem mais longas do que essa primeira e com ainda mais aprendizagens. A mais longa que participei foi no Cerrito, em SC, com duração de 30 dias e direito à cavalgada aos domingos.

Escavando...

Fale um pouco sobre as suas primeiras experiências como monitora no museu do IAP.

A monitoria aconteceu de forma gradual, conforme a bagagem sobre arqueologia e sociedades indígenas ia sendo adquirida. As primeiras vezes que tive que falar com o público visitante foram extremamente difíceis. Essa dificuldade me motivou a conhecer melhor os museus da casa e cada uma das peças expostas para melhor embasar a abordagem. A partir de inúmeras leituras prévias, consegui elaborar no papel uma apresentação base que poderia ser adaptada para diferentes públicos.

Com o tempo, essa apresentação “decorada” e engessada foi sendo aperfeiçoada, podendo ser expandida ou reduzida e continuamente reestruturada. Tentava sempre apresentar para o público dados novos, conforme as pesquisas avançavam. Procurei formas cada mais vez espontâneas de me comunicar, convidando os visitantes a participarem ativamente, expondo suas opiniões.

Muitas dessas experiências no museu foram maravilhosas, dignas de serem guardadas na memória com muito carinho. As visitações que mais me desafiaram foram as de grupos de alunos da graduação em História, provenientes de outras universidades. Considerava uma tarefa importante receber e conversar com pessoas da mesma faixa etária que eu e com vivências parecidas, mas que pudessem ter noções divergentes das minhas. Também me senti especialmente desafiada e honrada com a visitação da aldeia Kaigang de Feitoria. Foi um prazer poder apresentar para eles as peças arqueológicas dos seus ancestrais e de, ao mesmo tempo, ouvir e aprender mais do que falar. 


Visita a aldeia indígena

Como foi a sua orientação de TCC (Trabalho de conclusão de Curso) com o Pe. Ignácio?

Não lembro muito bem como foi o período específico do TCC, pois a orientação com ele sempre foi contínua. O que eu lembro bem é que ele sempre teve boas ideias para propor trabalhos, boas indicações de leituras e disposição para ler os meus textos e contribuir positivamente. Mesmo não concordando com tudo o que ele propunha, sempre me senti bem amparada. Lembro que nas vésperas da minha primeira apresentação em mostra de IC, ele sentou comigo e com uma colega de bolsa que também apresentava pela primeira vez e treinou com a gente as nossas falas. Passou dicas valiosas, cronometrou as nossas apresentações, revisou o PPT. Durante o TCC, esses cuidados e amparos foram reforçados.





Qual foi a sensação de trazer teus atuais alunos ao IAP?

A sensação foi ótima. Foram meus tempos de bolsista no IAP que me inspiraram a propor atividades diferentes em sala de aula, especialmente sobre o povoamento da América e sobre o estudo das sociedades indígenas. Meus alunos foram visitar o IAP sabendo desses detalhes da minha trajetória. Assim, mostrar para eles o espaço onde eu atuava e os muitos encantos que ele contém, foi um exercício interessante para mim e para eles, profundamente interessados pela arqueologia e temática indígena. Para completar a experiência, fomos recebidos pelo Pe. Ignácio, que se mostrou muito atencioso e disposto a dialogar com os estudantes. Fiquei encantada com a experiência.


Apresentando em Congresso de Arqueologia

Gostaria de deixar algum recado ou mensagem para os colegas professores que ainda não trouxeram seus alunos aos museus do IAP?

O recado que posso dar é que aproveitem os diferentes espaços culturais do nosso entorno para proporcionar experiências instigantes e provocativas aos nossos educandos. Vale lembrar que aproximar a comunidade desses locais é uma forma de criar elos entre ela e os patrimônios que necessitam de preservação. Sobre o IAP em específico, sou suspeita para falar, mas ouvi de muitos alunos que ter ido até lá foi uma ótima experiência, pois tiveram a chance de se divertir enquanto aprendiam.  A saída de estudos permitiu que fotografassem, encostassem em alguns objetos, ouvissem ensinamentos, fossem instigados a formular reflexões próprias para serem compartilhadas com o grupo, o que transcendeu qualquer experiência em sala de aula. 

Domingo... Porque não é só de trabalho de campo vive o arqueólogo...