sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

INSTITUTO ANCHIETANO, 65 ANOS




O TESTEMUNHO DE QUEM ESCREVEU A ATA DA FUNDAÇÃO

PARTE II

Para compreender a trajetória do Anchietano é importante recuperar algo do contexto histórico regional.

Quando o Instituto foi criado havia poucas universidades no Estado. As faculdades de Filosofia, Ciências e Letras estavam surgindo. Estruturas educacionais básicas (colégios, ginásios, parcialmente também seminários) católicas e luteranas, a serviço da classe média dos moradores, respondiam por grande parte da cultura erudita,além de oferecerem ensino, educação e sociabilidade.

O Colégio Anchieta, pai do Instituto, estava localizado no centro de Porto Alegre. Ele atendia em aulas diurnas (pagas) os meninos e jovens de classe média; à noite (gratuitamente) os filhos de operários, ao todo 1.471 alunos em 1956. A maior parte das ações de ensino, educação, sociabilidade, cultura e pesquisa eram realizadas pelos jesuítas, que moravam no colégio. Ao tempo da fundação do Instituto éramos 61 jesuítas, entre sacerdotes, irmãos, ou estudantes universitários; em 2021 sobraram 12. (No colégio Catarinense de Florianópolis, no mesmo ano, eram 33 jesuítas, para 627 alunos entre internos e externos; em 2021 sobraram 10.)

Na década de 1960 o colégio mudou-se do centro para um bairro da cidade. E sucessivamente (1961, 1963, 1972, 1975) faleceram os principais pesquisadores, que nele viviam e se identificavam pelo colégio, mesmo quando também trabalhavam na UFRGS. Por outro lado, em São Leopoldo, se desenvolvia a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, na qual passou a se reunir um grupo de associados. Em consequência, foi a sede do Instituto transferida para esta cidade, onde os filiados passaram a atuar em nome de sua dupla pertença, constituíram laboratórios, gozavam de bolsas e verbas do CNPq e se identificavam como universitários. Esta identificação foi chancelada pelo convênio e a definitiva transferência para o Campus da UNISINOS. 

Também é interessante registrar outras realidades do contexto, que marcaram a trajetória do Anchietano. Sua identidade inicial tinha o semblante do colégio, onde os jesuítas de formação geral (Humanidades, Filosofia e Teologia) desempenhavam todas as funções. A reforma universitária de 1968 introduziu a pesquisa, a dedicação exclusiva e a pós-graduação nas entidades universitárias; a insuficiência dos doutores necessários para tanto foi corrigida com a possibilidade do concurso de Livre-docência, que também dava este título. Como reflexo no Anchietano, os portadores de títulos de Doutor, PhD, Livre-Docente se tornaram mais numerosos que os de formação geral. E as pesquisas teoricamente orientadas começaram a contrabalançar as exploratórias, os associados a se identificar como universitários.

Com relação ao campo de estudos, a pesquisa social, que não interessara aos fundadores do Anchietano, começou a se mostrar importante para os religiosos jovens, levando à criação, em 1970, de um instituto próprio, o CEPOPE (Centro de Documentação e Pesquisa), ligado a Demografia, Sociologia e Cooperativismo e a maior atividade social, característica da nova etapa.

Mudanças não só no lado intelectual, também no fundamento religioso dos candidatos. Ao tempo de sua fundação, os jesuítas ainda eram numerosos: havia 61 jesuítas ligados ao velho Anchieta, entre professores, educadores, promotores sociais e culturais, além de estudantes jesuítas em formação universitária, em 2021 não passam de 12; havia 33 jesuítas no Colégio Catarinense, em 2021 não passam de 10; assim acontecia nas demais obras da Congregação. Os fundadores do Instituto contavam com a permanência e até o crescimento na filiação religiosa. Em consequência, imaginaram uma instituição grande, diversificada, internacional de Ciência e Cultura. Não podiam prever que, no ambiente do Concílio Vaticano II (década de 1960), a autoridade máxima da Igreja Católica invalidasse esse pressuposto facilitando uma nova opção a religiosos que não se consideravam satisfeitos com seu estado de realização pessoal. Esta abertura resultou em diminuição imediata e progressiva do número de jesuítas e também em número menor de candidatos para o Anchietano.

Esta é uma parcela do contexto em que surgiu e se desenvolveu o Instituto. 

Por fim, para você mesmo fazer suas reflexões,listo os associados indicando data de nascimento e óbito, campo de estudo, se alguma vez foram diretores da instituição. No início havia jesuítas nascidos no exterior (*): nos EUA, na Alemanha, na Áustria, na Suíça, na Hungria, que ajudaram a formar bases locais porque estavam interessados em conhecer o novo espaço. Trabalhavam lado a lado com os nascidos no país, que finalmente os substituíram. Também estes envelheceram e não houve substituição adequada. 

Como qualquer instituição humana, o Anchietano tem uma história. De acordo com a proposta dos fundadores, inscrita no Estatuto, os associados realizaram pesquisa, criaram e mantiveram coleções, promoveram e desenvolveramrealizações científico-culturais. Testemunhas são as publicações, em sua maior parte já digitalizadas; as coleções com milhões de acessos anuais; a biblioteca nascida do intercâmbio; os espaços de visitação popular, que acolhem milhares de crianças, estudantes e visitantes interessados. Mas, como se disse anteriormente, o Anchietano se tornou uma instituição de transição, que atuou no seu tempo e no seu contexto.

Agora, o Anchietano inicia nova etapa, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

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Jesuítas, membros do Instituto Anchietano de Pesquisas:

Azevedo, Ferdinand*, 1938-2011, História.

Bohnen, Aloísio, 1936-2020, Economia, Diretor.

Bruxel, Arnaldo, 1909-1985, História.

Buck, Pio*, 1883-1972, História Natural.

de Aquino, Marcelo Fernandes, 1948- , Filosofia.

de Moura e Silva, José, 1928-2016, Antropologia. 

Dornstauder, João Evangelista*, 1904-1994, História.

Haeser, Pedro Ernesto, 1925-1981, Biologia.

Hauser, Josef*, 1920-2004, Biologia.

Jaeger, Luiz Gonzaga, 1889-1963, HistóriaDiretor.

Loebmann, Antônio*, 1899-1980, Cultura.

Maurmann, Ernesto*, 1908-1992, História Natural.

Nedel, João Oscar, 1921-2012, Biologia.

Pereira, Adalberto Holanda, 1927-1996, Antropologia.

Rabuske, Arthur José 1924-2010, História.

Rambo, Artur Braz, 1929-, Antropologia, Diretor.

RamboBalduíno, Botânica, 1905-1961, Diretor.

Rodrigues, Luiz Fernando Medeiros, 1957- , História.

Rohr, João Alfredo, 1908-1984, Arqueologia.

Schmitz, Mathias*, 1916-1975, Química.

Schmitz, Pedro Ignácio, 1929-, Arqueologia, Diretor.

Schneider, Egydio Eduardo, 1928-, Economia.

Sehnem Aloísio, 1912-1981) Botânica, Diretor.

Silveira de Mello, Afonso, 1901-1987, Antropologia. 

Siqueira, Josafá1951-, Botânica. 

Valente, Milton, 1912-1989HistóriaDiretor.

Wenzel, Guido, 1936-2014, Química.

Wetzel, Heribert, 1930-1995, História.

Zen, Idinei, 1983-, História.

 

FELIZ NATAL

Artesanato Amazônico 



Texto: Prof. Dr. Pedro Ignácio Schmitz

Imagem: Acerco IAP


sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

INSTITUTO ANCHIETANO, 65 ANOS


O TESTEMUNHO DE QUEM ESCREVEU A ATA DA FUNDAÇÃO

PARTE I

O Instituto Anchietano de Pesquisas é uma associação civil, de jesuítas, sem fins lucrativos, tendo como objetivo fazer pesquisa científica, manter suas coleções, promover e desenvolver realizações científico-culturais. 

Sua fundação é de 1956, no antigo Colégio Anchieta, no centro de Porto Alegre, que lhe deu nome e era sua referência. 

Sou o único representante dos que estavam presentes na hora da fundação (1956), da qual escrevi a ata e, agora (2021), me proponho fazer breve retrospectiva de sua trajetória, ao mesmo tempo que registro sua mudança para um novo status. Sou testemunha do que se deu nos 65 anos, que medeiam entre uma e outra data. Não expectador passivo, mas proativo nas mais variadas circunstâncias. Esta postagem é uma despedida.

Com a morte dos pais-fundadores, a partir em 1961 a sede do Instituto foi transferida do Colégio Anchieta para junto da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Leopoldo, onde se ia localizando um maior número de associados, criando novos espaços. Com a transformação da Faculdade em Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em 1969, a colaboração existente transformou-se em convênio na década de 1980. A partir de 2013 a Universidade recolheu o Instituto no seu Campus, onde lhe proporcionou novos espaços para suas coleções, laboratórios e exposições. 

Mais recentemente o Instituto Anchietano de Pesquisas, então mantido pela ASAV, em um movimento articulado com as mudanças estruturais previstas no Plano de Desenvolvimento Institucional da UNISINOS, foi integrado a Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação, sinalizando um novo momento em que busca manter sua excelência em pesquisa bem como valorizar e dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelos seus pais-fundadores. Coube ao associado Pe. Luiz Fernando M. Rodrigues a tarefa de conduzir o IAP nesta transição. 

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O Instituto Anchietano espelha um período de transição da pesquisa no Sul do Brasil. Transita de um estudo predominantemente particular, individual, sem treinamento específico, de problemáticas isoladas, indo para pesquisa como atividade coletiva, em equipe, numa instituição especializada e tratamento de problemas científicos globais. Os resultados, na primeira situação, eram socializados, predominantemente, com pessoas de sua classe ou obra e divulgados em revistas e outras publicações vernáculas, para abrangência local, regional ou nacional. Na segunda situação, os resultados são discutidos em congressos de pares e divulgados em revistas de caráter internacional, em língua de maior abrangência. No começo, os colégios e a missão indígena eram as bases operacionais; no meio do caminho encontramos a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras; o ponto de chegada é a universidade com sua pós-graduação.

No início do Anchietano destacam-se dois ramos de pesquisa: por um lado a História com a Geografia, que na Comunidade jesuítica já tinham uma tradição estabelecida, cujo ponto de referência era o Instituto Histórico e Geográfico. De outro, a História Natural, com todos os seus desdobramentos (Botânica, Zoologia, Química, Etnografia, Arqueologia), nascida do Museu Escolar, instituição obrigatória para o reconhecimento da instituição como Ginásio, que nos educandários jesuítas recebia tratamento especial na mão de jesuítas formados no clássico ginásio alemão e, complementarmente, na Faculdade de Filosofia agitada pela expansão do evolucionismo.

O estudo da História manteve-se mais voltado à ação dos jesuítas com as populações lusa, imigrante e indígena da região. Dele resultaram muitas publicações, uma biblioteca de referência básica e um acervo de objetos ligados à vida religiosa das populações, entre altares, móveis, esculturas missioneiras, estátuas e quadros de santos, livros, vestes, cálices, ostensórios, cruzes e relicários. 

Amostras significativas do acervo histórico estão expostas, para utilidade, especialmente, dos estudantes das escolas da região, uso e exercício dos alunos da universidade. Destaco três atividades:

Arnaldo Bruxel, na intenção de aproximar documentos conservados em arquivos históricos do Velho e também do Novo Mundo, reproduziu fotograficamente centenas de milhares de páginas. Em preparação de suas obras, chegou a datilografar pequena parte delas, trabalho que resultou em 20 volumes in folio

Com seus estudos voltados para o latim e a vida de Roma, Milton Valente distinguiu-se dos estudos locais. Além de uma grande coleção de livros escolares, da tese e de obras de divulgação, deixou volumosa biblioteca especializada e milhares de documentos preparados para a feitura de uma nova História de Roma.

Anchietano também hospeda o ‘acervo BenoLermen’, que reúne cerca de 15.000 obituários de imigrantes alemães e seus descendentes, que são muito procurados por genealogistas.

História Natural iniciou com a exploração e reconhecimento do território ao qual os jesuítas chegaram. Ela resultou em levantamento e classificação de suas espécies vivas (plantas, animais e culturas indígenas) em seus respectivos ambientes. As coletas criaram acervos que preservam amostras como documentos básicos para mostrar, descrever e tornar públicas as riquezas do território. Os acervos são como organismos vivos, permanentemente acessados do mundo inteiro, as informações são reexaminadas, as classificações refeitas, necessitando manutenção continuada e ajuste permanente. Não são arquivos mortos. 

Do levantamento nasceram grandes coleções: Na Botânica foram reunidos 143.000 espécimes (amostras) de plantas nas diversas famílias vegetais (Angiospermas, Gimnospermas, Licófitas, Samambaias, Briófitas, Líquens, Algas). Eles foram colhidos e estudados principalmente por BalduínoRambo, Aloísio Sehnem e João Evangelista Rick. Na Zoologia, a coleção de insetos e borboletas de Pio Buck soma aproximadamente 100.000 indivíduos. Em Arqueologia, João Alfredo Rohr criou um impressionante acervo de material em seu estudo de sítios arqueológicos do litoral (sambaquis) e do planalto (casas subterrâneas) de Santa Catarina. Pedro Ignácio Schmitz realizou ampla amostragem das antigas culturas indígenas (12.500 a.C. a 1.000 d.C., abrangendo o Sul do Brasil, o Pantanal do Mato Grosso do Sul, o Cerrado e a Caatinga. Adalberto Holanda Pereira, como missionário, estudou os Mitos de diversas tribos indígenas de Mato Grosso.

Por ocasião da primeira transferência do Instituto, as coleções não puderam ser todas mantidas juntas. A coleção de Pio Buck permaneceu aos cuidados do Colégio Anchieta, em Porto Alegre; a coleção de João Alfredo Rohr ficou aos cuidados do Colégio Catarinense, em Florianópolis. Os demais acervos foram abrigados em espaços da nova sede do Anchietano

Os dados das coleções de Botânica estão numa rede mundial de herbários (SpeciesLink), através da qual vem sendo acessados, em mais de seis milhões de acessos anuais.  

O catálogo da coleção de Arqueologia de Pedro Ignácio Schmitz também está acessível on-line.

O acervo sacro dos historiadores está sendo digitalizado. 

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Uma parte considerável dos resultados das pesquisas foi socializada em edições do próprio Instituto. Como instrumento básico de extroversão e intercâmbio com instituições congêneres foi criada, já em 1956, a revista Pesquisas, em quatro seções: Botânica (75 volumes publicados), Antropologia (76 volumes), História (30 volumes), Zoologia (33 volumes). As duas últimas seções foram descontinuadas quando a UNISINOS fundou revistas tratando da mesma temática. Recentemente as publicações se tornaram digitais e os números passados também foram digitalizados.

Para trabalhos regionais, a Arqueologia ainda criou a série ‘Arqueologia do Rio Grande do Sul, Brasil. Documentos’ (11 volumes).

Publicações Avulsas (12 volumes) abriga temas históricos e arqueológicos, difíceis de abrigar na Revista Pesquisas por seu conteúdo ou grande formato.  

Um Blog divulga as notícias da casa, o trabalho de seus membros e a riqueza de seus acervos.


Texto: Prof. Dr. Pedro Ignácio Schmitz 

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

O MISSAL PONTIFICAL DE VISEU, PORTUGAL

 As imagens principais.

            Estêvão Gonçalves Neto foi o último grande autor de iluminuras em Portugal. Não se conhece o ateliê ou escola onde ele aprendeu a técnica, talvez em Lisboa ou no Escorial.

            Suas primeiras iluminuras conhecidas são de 1604. Ele trabalhava principalmente sobre papel e pergaminho. Além do Missal Pontifical de Viseu, sua obra principal, realizado em pergaminho fino, deixou quadros avulsos.

            Em nosso exemplar do Missal Pontifical existem nove pinturas de página inteira, que reproduzimos. Mesmo que em algumas se adivinhe a inspiração em quadros pré-existentes, as reproduzidas são todas criações autênticas do iluminador. 

            Nos quadros e nos textos é notável o domínio da técnica, a representação do pormenor, a ocupação do espaço e a harmonia das cores.

            Olhando o Missal como um todo, percebem-se diferenças na execução a partir de certo momento, sugerindo uma segunda mão, auxiliar ou complementar. A página sobre São Luiz Gonzaga destoa no todo como acréscimo mal feito de alguém sem domínio da técnica original.

            Por sua obra, Estêvão Gonçalves Neto é considerado o último grande iluminador do tempo das iluminuras, em Portugal. 

            Aprecie. Se ampliar as figuras, conseguirá melhor visão dos pormenores, da composição e do brilho que elas emitem.



Jesus no templo, entre os doutores




A última Ceia

 

Crucificado entre dois ladrões


A ressurreição



Pentecostes: a descida do Espírito Santo.

 

A Assunção de Maria


O êxtase de São Francisco


Texto: Prof. Dr. Pedro Ignácio Schmitz

Imagens: Acervo IAP 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

O MISSAL PONTIFICAL DE VISEU, PORTUGAL



 
Estrutura e apresentação

O Missal Pontifical de Viseu não é um missal romano ordinário, como era usado na liturgia diária das igrejas antes do Concílio Vaticano II, mas a reunião de textos litúrgicos desse missal como apoio para as celebrações públicas do bispo de Viseu.

Ele não mostra as aprovações pontifícias costumeiras e, naturalmente, estão ausentes festas religiosas introduzidas posteriormente à sua produção no começo do século XVII.

O volume traz as orações e cantos correspondentes às festas do Natal de Jesus, da Epifania (visita dos Reis Magos), do domingo dentro da oitava da Epifania (Jesus entre os doutores no Templo), de Pentecostes, da Assunção de Maria ao céu, da Quinta Feira Santa (Última Ceia), do Domingo da Ressurreição de Jesus, da Comemoração dos Falecidos. No final ainda se encontram os textos do êxtase de São Francisco de Assis e da festa de São Luiz Gonzaga. Esta última, pelas características da execução, indica ser um acréscimo extemporâneo feito por jesuítas, donos do exemplar.

Nas correspondentes festas o ilustrador colocou primeiro as orações feitas na tarde anterior à festa (Vésperas), depois o prefácio da festa e, finalmente, as orações e cantos da missa do dia.

Depois da apresentação das festas, encontra-se o Canon da Missa, correspondente às partes fixas da celebração eucarística, seja ela festiva ou simples.

As páginas estão todas integralmente desenhadas, inclusive a letra dos textos, com exceção da parte final do volume, em que elas parecem impressas. Os cantos vêm na correspondente pauta gregoriana. 

Para dar brilho aos textos, a primeira letra das frases ou parágrafos vem mais elaborada. Todas as páginas estão emolduradas por uma guarnição ou tarja contendo símbolos e representações variadas. Essas guarnições são originais para cada página e não se repetem iguais em todo o volume; cada moldura tem sua identidade. A guarnição das páginas de texto costuma ser elaborada com mais riqueza simbólica que a dos grandes quadros, mais simples, para não interferir no conteúdo do quadro.

Aprecie. Se ampliar as figuras, conseguirá melhor visão dos pormenores, da composição e do brilho que elas emitem.

 




O nascimento de Jesus



Vésperas de Natal

 




Missa do dia de Natal

 





Prefácio de Natal e começo do prefácio da Epifania



Vésperas de Epifania (Reis Magos)



Epifania: os Reis Magos



Texto: Prof. Dr. Pedro Ignácio Schmitz 

Imagens: Acervo IAP