Pedro Augusto Mentz Ribeiro foi um dos
pioneiros da Arqueologia no Rio Grande do Sul e trabalhou em outras partes do
Brasil e da América Latina. Ele atuou nas seguintes instituições: Instituto
Anchietano de Pesquisas/UNISINOS (São Leopoldo), Museu Arqueológico do Rio
Grande do Sul (Taquara), Museu Mauá e UNISC (Santa Cruz do Sul), FURG (Rio
Grande).
Os acervos materiais reunidos em suas
pesquisas ficaram nas correspondentes instituições, mas a biblioteca e os
documentos de pesquisa, foram doados por sua família à universidade FEEVALE, em
Novo Hamburgo, onde receberam o espaço e o tratamento adequados. Na cidade, ele
se criou, e aí moram os membros de sua família.
A presente postagem é de Iloir da Rosa Escoval,
que, sobre o acervo, escreveu A
Arqueologia no Brasil e o Arqueólogo Pedro Mentz Ribeiro: escavando as camadas
de memória e montando os cacos dessas trajetórias. Monografia de Licenciatura
em História na FEEVALE, Novo Hamburgo, em 2014.
Pedro Augusto Mentz Ribeiro nasceu em São
Leopoldo, em 1937 e se formou em Ciências Sociais na primeira turma de Licenciados
da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Cristo Rei em 1961, hoje UNISINOS.
Depois fez mestrado e doutorado na PUCRS em
Porto Alegre e um ano de pós-doutorado em Portugal.
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro |
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro |
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro |
Logo depois da graduação, sob a
coordenação do prof. Pedro Ignácio Schmitz, Mentz Ribeiro ingressou no
Instituto Anchietano de Pesquisas, como bolsista do CNPq, iniciando sua carreira
em Arqueologia e a apresentação dos resultados em eventos científicos no país e
no exterior.
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro |
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro |
O primeiro sítio arqueológico pesquisado e
registrado por Mentz Ribeiro se localiza no Vale do Rio dos Sinos, RS-221,
Alcides Friedrich, Novo Hamburgo – CNSA (Cadastro Nacional de Sítios
Arqueológicos) 00945. O sítio foi pesquisado em
06 de novembro de 1966 com a orientação de Irmão Valeriano (Guilherme Naue).
As anotações sobre o sítio, os trabalhos
realizados e os materiais recolhidos eram registradas em cadernos de capa dura
para melhor conservação. As informações sobre o RS-21 foram registradas no Diário
de Campo 1, correspondente ao período de 20/11/1966 a 26/09/1969.
O Diário 2: 10/10/1969 a 19/07/1971; o Diário
3: 22/07/1971 a 12/04/1979; o Diário 4: 24/05/1979 a 11/04/1985; o Diário 5:
12/04/1985 a 30/12/1990; o Diário 6: 24/01/1991 a 20/03/2004. Os diários se
constituem nos documentos básicos da pesquisa.
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro |
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro |
De 1970 a 1971, Mentz Ribeiro atuou como
pesquisador no Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul (MARSUL), sob a
orientação de Eurico Theófilo Miller.
A partir de março de 1972, Pedro Augusto
Mentz Ribeiro lecionou no Colégio Mauá e realizou pesquisas arqueológicas junto
à equipe do Museu do Colégio Mauá em Santa Cruz do Sul.
Em 1974, ele aceitou a proposta de
trabalhar em tempo integral na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – FISC
(atualmente Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC), onde fundou o Centro de
Ensino e Pesquisas Arqueológicas – CEPA, assim como a Revista do CEPA,
importante veículo de comunicação que atinge um expressivo público por conta
das permutas com outras instituições semelhantes.
Os primeiros beneficiados da fundação do
centro de pesquisas foram os alunos do curso de Estudos Sociais, nas áreas de
Antropologia Cultural, História e História do Brasil. E ainda iniciou um curso
de extensão com a denominação de “Introdução à Arqueologia” com aulas teóricas
e práticas. Para as práticas utilizava o Sítio arqueológico Amanda Barth, no
Vale do Rio Pardo, que é o primeiro registrado pelo CEPA, com a sigla RS-RP: 01.
Enquanto esteve à frente do CEPA, Mentz
Ribeiro atuou em muitos eventos, tanto no estado, no país e no exterior.
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro |
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro |
Além das pesquisas no Rio Grande do Sul, Mentz
Ribeiro participou do “Projeto Roraima”, de salvamento arqueológico, em
parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi (Belém), em 1985, 1986 e 1987. Os
resultados foram publicados na Revista do CEPA de 1986, 1987 e 1989.
Durante os 20 anos em que coordenou o CEPA
(1974 a 1994), foram registrados 663 sítios arqueológicos no Rio Grande do Sul,
em Santa Catarina e em Roraima.
Mentz Ribeiro também foi um dos fundadores
da Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, da qual foi presidente na gestão
de 1997-1999, e Secretário em várias outras gestões.
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro |
Em 1994, retirando-se da UNISC, Mentz
Ribeiro enfrentou novo desafio, e foi lecionar na FURG (Fundação Universidade
de Rio Grande), onde trabalhou junto ao Laboratório de Ensino e Pesquisa em
Arqueologia e Antropologia – LEPAN, até 2004, quando se aposentou.
Durante toda a carreira como profissional da
Arqueologia, e foram quase quarenta anos de trabalho, pesquisa, orientação e
ensino, o mais importante sítio arqueológico pesquisado e registrado por Mentz
Ribeiro foi o Sítio Afonso Garivaldino: RS–TQ: 58, em Montenegro, que escavou
de março a maio de 1989. São 140 páginas no Diário de Campo nº 5 e mais de 300
diapositivos. O trabalho, além da publicação pelo autor, rendeu importantes
publicações posteriores.
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro |
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro: Primeiras anotações sobre Afonso Garivaldino (27/01/82) |
Fonte: Acervo Pedro Augusto Mentz Ribeiro |
Mentz Ribeiro publicava sistematicamente todos os resultados de sua
pesquisa. Os documentos e apoios usados para isto formam o acervo que a família
deixou para a FEEVALE, onde ele está bem guardado e começando a ser estudado,
como indica o trabalho da autora desta postagem, Iloir da Rosa Escoval: A
Arqueologia no Brasil e o Arqueólogo Pedro Mentz Ribeiro: escavando as camadas
de memória e montando os cacos dessas trajetórias. Monografia (Licenciatura em
História) – FEEVALE, Novo Hamburgo, 2014..
O legado de Mentz Rigeiro serve
para nos desacomodar, instigar, desafiar e encorajar para a pesquisa, para a
realização de algo pelo bem da humanidade, já que ele sempre foi um excelente
amigo, um ser humano preocupado com as causas sociais, um inquieto que sempre
defendeu aquilo em que acreditava.