Patrimônio é coisa séria e precisa divulgação.
Você sabia que o vale do rio dos Sinos, no século XVI, era todo ocupado por aldeias
guaranis? Hoje conhecemos 70 desses lugares,
onde havia aldeias, casas ou cemitério. Na cidade de São Leopoldo fica um
desses lugares, com uma antiga aldeia junto ao Estádio do Aimoré, outra no morro
do antigo Lar da Menina, uma casa junto ao lago do CECREI, outra no Campus da
UNSINOS, junto ao Centro Administrativo.
As aldeias se compunham de duas ou
três construções de troncos e palha, que reuniam algumas famílias. Elas se
enfileiravam ao longo do rio nas primeiras elevações do terreno. O rio era o
caminho entre as aldeias e também fornecia peixe. A mata, na subida dos morros,
atrás das casas, fornecia caça. Ao redor da aldeia se plantava milho, mandioca,
abóboras, feijões, batatas, amendoim. Eles não tinham animais domésticos, nem
potreiros, no que se distinguiam dos primeiros colonos alemães. Os utensílios
da casa indígena eram simples: pedras lascadas, cuias e panelas de barro, as
maiores também usadas como caixão para um morto.
Era isto que, na década de 1960, os primeiros
arqueólogos da UNISINOS e do Museu de Taquara ainda encontravam nas roças dos
colonos: manchas de terra escura das antigas casas, carvão e muitos cacos de
panelas de barro. Em 2014, os pesquisadores da UNSINOS retomaram os materiais e
documentos guardados nos museus e com eles constroem uma narrativa do
povoamento guarani. A publicação deverá circular ainda em 2019.
Pedro Ignácio Schmitz e Jairo Henrique
Rogge, arqueólogos e professores de História da UNISINOS.
Coluna
publicada no VS, dia 18 de março de 2019, p. 8.
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