Nos é conhecida a realidade da fé em todas as sociedades humanas, sejam as mais antigas tribos e grupos sociais até as mais modernas sociedades contemporâneas. A fé, seja ela qual for, acompanha a sociedade em toda a história de sua formação e faz-se algo primordial, principalmente quando pensamos a formação da sociedade ocidental.
A memória de um povo faz parte da formação identitária do mesmo e não pode ser esquecida, sejam elas boas memórias ou não tão boas assim. Neste sentido é primordial preservarmos a memória de uma realidade que fez parte da formação do nosso território gaúcho, a realidade sacra, a história jesuítica do sul do país. É inegável que os missionários jesuítas tiveram uma importância ímpar no território sulino. Seja no período das reduções jesuíticas ou na vinda dos colonos alemães e por consequência dos jesuítas de língua alemã, a importância desta congregação no sul do país é indubitável.
O Espaço de Memória Sacra mantido pelo Instituto Anchietano de Pesquisas traz em si a função de fazer memória. Comporta diversas possibilidades de narrativa, seja sobre as histórias das reduções –através da arte barroca missioneira preservada no espaço-, seja sobre o catolicismo vivido pelos imigrantes alemães -através dos objetos que pertenceram às casas de jesuítas formadas posteriormente à chegada dos imigrantes no intuito de atendê-los espiritualmente-, ou até mesmo na perspectiva de uma história eclesiástica e litúrgica global do período tridentino.
Fazer e preservar a memória destas realidades sulinas é não negar o caminho percorrido na formação de nossa identidade e preservar o que era muito caro aos nossos antepassados, a fé. Neste tempo pandêmico queremos trazer um pouco do que este espaço contém, para que façamos memória da nossa história e entendamos a importância da preservação daquilo que a compôs.
Em várias postagens pretendemos apresentar o espaço da Memória Sacra e de materiais nele apresentados ou guardados: esculturas missioneiras, vestes e livros da liturgia católica.
Figura 1. Panorâmica I do espaço de Memória Sacra.
Figura 2. Panorâmica II do espaço de Memória Sacra.
Figura 3. A principal finalidade do espaço de Memória Sacra é a ligação entre Universidade e Comunidade.
Figura 4: Altar do antigo Seminário Central de São Leopoldo com imagens (em gesso) de três santos jesuítas: Santo Inácio de Loyola, São
Francisco Xavier e Santo Afonso Rodriguez.
Figura 5. O Crucifixo em estilo Barroco, que estava num outro altar.
No espaço de Memória Sacra estão expostas 12 esculturas missioneiras, em madeira, representando uma o Cristo na Cruz; três, São Miguel; duas Santo Inácio; uma, Maria Imaculada; uma Santo Izidro lavrador; uma, o Bom Pastor; uma, São Luiz; uma, São Francisco Xavier; uma, Cabeça de Anjo; além de um fragmento desconectado de veste.
Elas foram recolhidas por historiadores jesuítas no primeiro quartel do século XX, preservadas em casas jesuíticas e restauradas no início do século XXI. São amostras da estatuária missioneira dos Sete Povos.
Algumas parecem ter sido importadas completas da Europa, outras poderiam ter sido esculpidas por artistas locais, religiosos ou índios, algumas são mistas, as cabeças e as mãos trazidas de ateliês europeus e os corpos esculpidos localmente. As grandes reduções tinham seu ateliê próprio de escultura e pintura, coordenados por artistas religiosos e atendidos por mão-de-obra artesanal indígena. Neles foram produzidos alguns milhares de esculturas para fins religiosos, de acabamento variado, conhecido como barroco jesuítico.
Apresentamos umas poucas amostras:
Figura 6. A primeira, Maria Imaculada missioneira (madeira); a segunda, Maria Imaculada (gesso), de produção local, para comparação.
Figura 7. São Miguel Arcanjo, missioneiro.
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