A Memória Sacra da Unisinos é depositária de quatro ostensórios tradicionais, que vieram de casas jesuíticas desativadas no Sul do Brasil.
Em todas as residências, paróquias, colégios dos jesuítas havia um ostensório clássico, usado em cerimônias religiosas da correspondente comunidade.
O ostensório é um artefato sacro da Igreja Católica usado para exposição da hóstia consagrada para adoração e para bênção solene, tanto no recinto da igreja ou capela, quanto em procissões ao ar livre, como na de Corpus Christi. Como diz o nome, sua função é ostentar, mostrar com destaque, a hóstia consagrada em momentos solenes de culto. Depois da adoração e da solene bênção aos fiéis ela retorna ao sacrário, ou tabernáculo, no próprio ostensório ou guardada em uma teca, cápsula mais simples e de tamanho menor.
A estrutura do ostensório é constituída de uma base de suporte (pé), de uma haste (braço ascendente), de uma cápsula central para a hóstia consagrada, que é cercada por coroas, raios e outras estruturas que destacam a hóstia em exposição. As diversas partes do ostensório podem estar enriquecidas com imagens variadas e pedras preciosas, predominantemente de cor vermelha, azul e verde, mas também pequenos diamantes pretos.
A adoração e bênção são presididas por um sacerdote vestido de túnica, estola e grande capa e, na hora de levantar o ostensório para a bênção, ainda de um véu que cobre os ombros, os braços e as mãos. As vestes são brancas, a cor da Eucaristia. Orações e cantos que acompanham o ato exprimem os sentimentos dos participantes com o Cristo presente, cuja bênção aguardam. Toda a cerimônia vem acompanhada de muito incenso.
Na sala de Memória Sacra da UNISINOS estão guardados quatro ostensórios e algumas tecas, originários de casas jesuíticas do Sul do Brasil, que divulgaremos em próximas postagens. É uma pequena amostra da variedade de ostensórios e tecas produzidos nas joalherias europeias e usados nas casas jesuíticas no fim do século XIX e começo de século XX.
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Mostramos, primeiro, um rico ostensório, de estilo românico, que veio migrando com a comunidade jesuíta da Residência Conceição, do Ginásio Conceição, do Seminário Central, da Faculdade de Filosofia e do início da universidade, até parar na residência do Campus da Unisinos. Em junho de 2021 o Superior desta residência jesuítica, padre Dorvalino Alieve, entregou sua guarda à Memória Sacra da UNISINOS.
Ainda não temos documentos sobre a aquisição desse ostensório. Suas características mostram que é de origem europeia, do final do século XIX, estava ligado aos jesuítas alemães e parece ter sido criado para eles, como insinuam as figuras no pé do ostensório, onde estão representados quatro jesuítas dos primeiros tempos da Ordem e duas de suas principais devoções. A suposição é que tenha vindo a São Leopoldo com os missionários da província jesuítica da Alemanha, que criaram o Ginásio Imaculada Conceição junto ao rio dos Sinos (1870-1912).
É um ostensório extremamente rico. Em termos de confissão religiosa apresenta os símbolos da salvação e os quatro evangelistas. Em termos de tradição jesuítica: o Sagrado Coração de Jesus, o Puríssimo Coração de Maria e quatro dos mais importantes membros iniciais da Ordem. E em termos de arte, junta técnicas variadas para alcançar o brilho desejado. Para facilitar a avaliação de sua beleza, riqueza e significado penetramos em sua intimidade e revelamos uma parte de seus segredos.
Mas lembremos: ele não foi produzido para ser uma obra de arte a ser contemplada enquanto tal, mas para homenagear a Jesus Cristo e ostentá-lo a seus seguidores, em momentos solenes de adoração coletiva e de pedido de bênção para suas vidas.
Vista frontal.
Vista posterior.
Vista parcial.
As figuras do pé do ostensório
Sagrado Coração de Jesus.
Puríssimo Coração de Maria.
Santo Inácio de Loyola.
São Pedro Canísio.
São Luiz Gonzaga.
Santo Estanislao Kostka.
As figuras do bulbo da haste.
(mosaicos)
O Cordeiro de Deus.
A cruz redentora.
A pomba da paz.
O nome de Jesus.
As figuras das aves
(mosaicos)
(Mostramos 4 das 8 do ostensório)
Os quatro evangelistas
(gravuras)
O evangelista São Mateus.
O evangelista São Marcos.
O evangelista São Lucas.