quarta-feira, 14 de agosto de 2019

A INFÂNCIA DA ARQUEOLOGIA


A INFÂNCIA DA ARQUEOLOGIA
no Rio Grande do Sul.

A História que ainda ninguém contou, nem aqui está completa



           A Arqueologia demorou para se estabelecer no Brasil. A década de 1960 foi decisiva no estudo da história dos índios e na proteção e valorização dos testemunhos materiais dessa história. Só em 1961 é promulgada a lei de proteção dos sambaquis e dos abrigos rochosos, sem, ainda, abranger os sítios superficiais e os grupos ceramistas. A partir de 1965, já no período do governo militar, o IPHAN começou a se interessar por um cadastro geral dos sítios, oferecendo algum dinheiro a um grupo de jovens arqueólogos.

Foi então que, pelo território nacional, surgiram grupos de jovens e novas instituições que se ocuparam com este patrimônio complementando as atividades tradicionais dos grandes museus, como o Museu Nacional do Rio de Janeiro, o Museu Paulista de São Paulo e o Museu Emílio Goeldi de Belém do Pará. A Arqueologia tinha sido, especialmente, ocupação diletante de profissionais liberais que, nas reuniões periódicas dos institutos históricos (geográficos, etnográficos, eventualmente também arqueológicos) divulgavam seus achados e suas considerações relacionadas ao desenvolvimento da nação brasileira; essas elucubrações eram publicadas em revistas culturais ou científicas da época, de acesso restrito.

Também não vamos esquecer que, nessa época, um bom ginásio ou colégio de classe média não dispensava um museu, que, junto com amostras da evolução do universo, do homem e da cultura, exibia objetos relacionados ao índio e sua história. Recordo alguns desses museus no Estado: além do Museu Júlio de Castilhos, havia interessantes coleções de objetos indígenas no Colégio Anchieta de Porto Alegre, no Seminário Central de São Leopoldo, no Colégio Mauá de Santa Cruz do Sul, no Colégio Martin Luther de Estrela, no Museu Antropológico de Ijui.

Na universidade não se ensinava arqueologia, nem havia pesquisa com objetivo e método definidos.

José J.J. Proenza Brochado, ainda aluno, apresenta bem este período em seu opúsculo denominado ‘Arqueologia Descritiva das Jazidas páleo-etnográficas da Região Sul do Brasil’, de 57 apertadíssimas páginas, editado em Pelotas, no ano de 1962. Nele fala de sambaquis, de acampamentos e paradeiros litorâneos, descrevendo cuidadosamente os sítios e seus materiais líticos, cerâmicos e ósseos. Mas não sai da planície litorânea.

Fonte: acervo do IAP.

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Quem provocou a mudança nas décadas de 1950 e 1960 foi o Prof. José Loureiro Fernandes, catedrático de Antropologia da UFPR, que, com apoio da CAPES e do CNPq, trouxe profissionais estrangeiros para realizar pesquisas arqueológicas e, juntamente, treinar brasileiros. Trouxe primeiro um casal húngaro para os sambaquis, depois o americano Dr. Wesley R. Hurt para abrigos em Minas Gerais, os franceses Josef Emperaire para sambaquis e Annette Laming-Emperaire para sambaquis e abrigos rochosos com arte rupestre e, finalmente, os americanos Betty J. Meggers e Clifford Evans para as populações ceramistas. Paralelamente, o Dr. Paulo Duarte, do Instituto de Pré-história da USP, e o Dr. Castro Faria, do Museu Nacional, traziam profissionais da França para treinar seus colaboradores. Todos ofereciam treinamento básico, em teoria e método, para um número seleto de jovens universitários, que acabaram abraçando duas maneiras de fazer arqueologia, uma predominantemente francesa, centrada na exploração intensa de sítios e áreas limitadas, a outra, americana, interessada em amostrar as culturas indígenas do território nacional. No Rio Grande do Sul predominou a tendência americana.

Neste ambiente nasceu a arqueologia no Estado. As primeiras iniciativas, precoces e amadoras, mas altamente populares, foram do Museu do Colégio Mauá, de Santa Cruz do Sul sob a liderança do Prof. Hardy E. Martin, e as de um grupo de jovens reunidos na Organização para Estudos Científicos (O.E.C.), cujo líder era Fernando G. Sampaio, então aluno do Colégio Anchieta.

O Museu Mauá fazia levantamento sistemático de sítios arqueológicos no vale do rio Pardo e publicava semanalmente os resultados na Gazeta do Sul: 411 postagens. O Museu chegava a ter 30.000 visitas durante um ano, de pessoas do Brasil e do resto do mundo em função da FUNAF (Feira Nacional do Fumo).  Marina Amanda Barth conta bem esta história em sua dissertação de mestrado na Unisinos, ‘Arqueologia: ação comunitária ou Ciência Acadêmica’, 2013, posteriormente publicada na Revista do CEPA/UNISC.  

A O.E.C. oferecia cursos, fazia seminários e até alguma pesquisa de campo. Contava com o apoio da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, que proporcionava espaço para os seminários anuais, de 1964 a 1969; a Faculdade de Arquitetura também publicou ao menos os dois primeiros anais dos seminários, 60 páginas, em1966. 

Fonte: acervo do IAP.

Fernando G. Sampaio tinha um espaço privilegiado no Correio do Povo. E acesso à Folha da Tarde. Jandir Damo reuniu e organizou recortes guardados no Instituto Anchietano de Pesquisas. Eles não são completos, mas uma boa amostra; veja:

Correio do Povo, 17 de abril de 1966.Terceiro seminário inaugura hoje. Arqueologia no Rio Grande do Sul. Superfície no jornal: 28 x 14 cm.

26 de março de 1967. Divulgado o programa do Seminário de Arqueologia (IV seminário), 16 x 18,5 cm.

Folha da Tarde, 17 de abril de 1967. IV Seminário de Arqueologia inicia hoje. 19 x 15 cm.

Correio do Povo, 15 de agosto de 1967. Arqueologia Sul-Riograndense (sobre os dois seminários da O.E.C.), 21 x 9 cm.

23 de fevereiro de 1968. Fernando G. Sampaio: Arqueologia em Tapes, 20 x 8 cm.

1º de março 1968. Fernando G. Sampaio: Sambaqui de Xangri-la, 18 x 8,5 cm.

1º de março de 1968. Fernando G. Sampaio: Descoberta arqueológica em Masada, Israel, 25 x 9 cm.

14 de abril de 1968. Fernando G. Sampaio: Escavações arqueológicas em Tlapacoya, México, 17 x 9 cm.

21 de junho de 1968. Fernando G. Sampaio: Fortificações entre os nossos índios, 24 x 9 cm.

26 de julho de 1968. Fernando G. Sampaio: Seminário de Arqueologia, 13 x 4,5 cm.

16 de março de 1969. Fernando G. Sampaio: Arqueologia rio-grandense 1. O crânio de Vila Nova, 36 x 25 cm.

30 de julho de 1969. Fernando G. Sampaio: Vocábulos arqueológicos, 26 x 9 cm.

23 de agosto de 1969. Fernando G. Sampaio:  O templo de Montenegro, 17 x 25 + 16 x 25 + 16 x 25 + 16 x 25 cm.

2 de setembro de 1969. Fernando G. Sampaio. ‘Informação arqueológica’ (a respeito de Boletim do Rio de Janeiro), 24 x 9 cm.

28 de setembro de 1969. Seminário de Arqueologia será promovido pela OEC, 10 x 9 cm.

4 de julho de 1970. Fernando G. Sampaio: Arqueologia em Moçambique, 31 x 14 cm.

18 de agosto de 1970. Fernando G. Sampaio: Os jesuítas e o tráfico fluvial rio-grandense, 26 x 9 cm.

8 de outubro de 1970. Fernando G. Sampaio: Arqueologia no R.G. do Sul. (Sobre o Simpósio de Arqueologia da Área do Prata de São Leopoldo), 21 x 9 cm.

25 de novembro de 1970. Fernando G. Sampaio: História das Missões, 22 x 9 cm.

15 de setembro de 1971. Fernando G. Sampaio: Pinturas pré-históricas no Estado do Paraná, 29 x 10 cm.

27 de novembro de 1971. Fernando G. Sampaio: Por uma política de preservação e estudo do patrimônio arqueológico, 52 x 14 cm.

4 de julho de 1970. Fernando G. Sampaio: Arqueologia de Moçambique, 31 x 15 cm.

7 de outubro de 1973. Fernando G. Sampaio: Subterrâneos indígenas, 16 x 26 cm.

Sem data anotada no recorte. Fernando G. Sampaio: O.E.C. vai pesquisar local indígena na Lagoa dos Patos, 12 x 10 cm.

Sem data anotada no recorte. Fernando G. Sampaio. O valor da Arqueologia, 24 x 9 cm.

Fonte: acervo do IAP.

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Estas importantes iniciativas de popularização da arqueologia, com ampla repercussão popular, desafiaram a Academia, que, até ali, não costumava dizer uma palavra arqueológica para os futuros historiadores e menos ainda para a comunidade.

Em 1965, entretanto, haviam surgido duas importantes iniciativas em termos de arqueologia brasileira, que levaram a arqueologia para a Academia: o PRONAPA (Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas) e um programa paralelo encabeçado pelo Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS.

O PRONAPA (1965-1970), executado por uma dezena de jovens professores universitários brasileiros, sob a coordenação dos americanos Clifford Evans e Betty J. Meggers, com verba de uma fundação internacional e apoio do IPHAN e do CNPq, se dispôs a realizar um levantamento e estudo de sítios arqueológicos desde Belém do Pará até o arroio Chuí, usando enfoque histórico-cultural. A família do PRONAPA era concentrada e exclusiva e seu trabalho foi pouco divulgado pelos jornais da época. O resultado, porém, além de rigoroso treinamento científico dos participantes, foram cinco volumes de resultados (1967, 1969, 1969, 1971 e 1974), editados pelo Museu Emílio Goeldi, que não podem ser desconhecidos a nenhum arqueólogo trabalhando no país. Nele se definiram culturas pré-coloniais de Pará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahía, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Do RS pertenciam ao programa Eurico Th. Miller, fundador do Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul (MARSUL), em Taquara e José Proenza Brochado, professor da UFRGS.

O programa coordenado por Pedro Ignácio Schmitz, também professor da UFRGS, mas através do Instituto Anchietano de Pesquisas/Unisinos (1965-1972), do qual era um dos fundadores, era financiado pelo IPHAN e pelo CNPq. Ele estudou espaços não abrangidos pelo PRONAPA, usando o mesmo enfoque e metodologia, mas com menos controle e rigor. Suas atividades também foram socializadas pelos jornais e por revistas regionais e nacionais do ramo. Este aspecto é contado numa outra postagem.

Do movimento encabeçado pelo IAP surgiu uma equipe e nasceram reuniões científicas mais amplas, que eclipsaram, até certo ponto, os seminários da O.E.C.; o Museu Mauá se aliou às novas iniciativas. Os membros da equipe do IAP criaram centros de arqueologia e antropologia nas instituições em que atuavam e transformaram a Arqueologia e a Antropologia em disciplinas universitárias reconhecidas. Acompanho a divulgação pelos recortes de jornais guardados no IAP.

Primeiro foi o Congresso de Arqueologia para Amadores, em 1966, que reuniu mais de 40 interessados, entre diretores e funcionários de museus, professores universitários, médicos, desembargadores e outros interessados e curiosos, predominantemente adultos. Foram muito variados os trabalhos trazidos para apresentação ou discussão, cujas cópias se guardam no IAP. Mas estas comunicações não representavam trabalhos de pesquisa, a qual estava dando seus primeiros passos.
Correio do Povo, 29 de abril de 1966. Seminário sobre a arqueologia em S. Leopoldo transcorre com sucesso, 27 x 13 cm + 16 x 10 cm.

Folha da Tarde, 30 de abril de 1966. Arqueólogos provam existência de índios há 6 mil anos no RGS, 25 x 15 cm.

Frente à boa aceitação geral e à presença de diversos professores das instituições universitárias que estavam surgindo no Estado, foi organizado, em 1967, primeiro um curso de arqueologia em fim de semana e, logo, o Primeiro Simpósio de Arqueologia do Prata, que reuniu alguns arqueólogos brasileiros, uruguaios e argentinos.

Presentes: Fernando Altenfelder Silva (Rio Claro, SP), Igor Chmyz (Paraná), João Alfredo Rohr e Ana Maria Beck (Santa Catarina), Antônio Taddei e Osmar Santos (Uruguai), Antonia Rizzo e Maria Tereza Carrara (Argentina), Danilo Lazzarotto, Fernando La Salvia, Pedro A. Mentz Ribeiro, Plínio Dall’Agnol, Pedro Ignácio Schmitz, Ruy Ruben Ruschel, Ítala I. Basile Becker, José Proenza Brochado, Arno A. Kern, Guilherme Naue, Rolf Steinmetz, Vera Regina Aquino, Teófila Zimmermann, Miguel Bombim (Rio Grande do Sul).

Fonte: Acervo do IAP
Folha da Tarde, 6 de março de 1967. Arqueólogos gaúchos tiveram em 1966 um ano excepcional, 24 x 25 cm.

Correio do Povo, 5 de abril de 1967. Curso de arqueologia em São Leopoldo, 8 x 5 cm.

Folha da Tarde, 25 de julho de 1967. Arqueologia reúne em São Leopoldo brasileiros, argentinos e uruguaios, 15 x 15 cm.

Jornal não identificado, 26 de julho de 1967. Simpósio de Arqueologia hoje em São Leopoldo, 10 x 9 cm.

Folha da Tarde, 28 de julho de 1967. Arqueologia que empolga três países, 28 x 15 cm.

Correio do Povo, 29 de julho de 1967. Passado revive em São Leopoldo. Estudiosos de três países no 1º Simpósio sobre Arquelogia, 26 x 18 cm.

Rua Grande, São Leopoldo, 29 de julho de 1967. O Simpósio, 16 x 6 cm.

Folha da Tarde, 6 de novembro de 1967. Os arqueólogos, esses desconhecidos, 36 x 25 cm.

            Pesquisas, Antropologia 16, que funcionou como Anais do Simpósio, mostra que no estado já existia um pequeno grupo, que expandiu a pesquisa registrada por Brochado, em 1962. Eles, agora, pesquisam casas subterrâneas no planalto meridional, acampamentos e aterros em áreas alagadiças no sul e do sudoeste do Estado, acampamentos de caçadores e aldeias guaranis no centro do Estado. Rohr contribui com sambaquis e outros assentamentos litorâneos do sudeste de Santa Catarina.

A boa aceitação do primeiro fez que, em 1968, os pesquisadores fossem convocados para um Segundo Simpósio de Arqueologia da Área do Prata. Ele ampliou a temática e os participantes.

Nele apresentaram trabalhos Eduardo Mário Cigliano e Antonia Rizzo, do Museo de La Plata; Margarida Davina Andreatta, de Curitiba, Igor Chmyz e Maria José Menezes, da UFPR; Ana Maria Beck, da UFSC; João Alfredo Rohr, do Museu do Homem do Sambaqui; P.I. Schmitz, Ítala Irene Basile Becker e Pedro Augusto Mentz Ribeiro, do Instituto Anchietano; Guilherme Naue, da Universidade Católica de Pelotas; Fernando La Sálvia, da Universidade de Caxias do Sul; José Proenza Brochado, da UFRGS.

Temas apresentados ou discutidos: sambaquis, aterros em áreas úmidas; assentamento em abrigos; indústrias líticas de caçadores sem cerâmica; grupos ceramistas da família linguística Tupi-guarani, da família Jê e de grupos meridionais. As comunicações já refletem o início de pesquisas sistemáticas no Estado. Os jornais informam:

Correio do Povo, 21 de maio de 1968. Arqueologia rio-grandense. 15 x 9 cm.

23 de julho de 1968. Simpósio de Arqueologia em São Leopoldo, 16 x 5 cm.

Folha da Tarde, 23 de julho de 1968. Três países vão debater arqueologia em São Leopoldo, 6 x 10 cm.

Jornal do Sinos, São Leopoldo, 23 de julho de 1968. Arqueólogos vão se reunir em SL, 19 x 20 cm.

Correio do Povo, 24 de julho de 1968. Reunindo arqueólogos do Brasil, Uruguai e Argentina. Instala-se sexta-feira em S. Leopoldo.

Rua Grande, São Leopoldo, 27 de julho de 1968. Os arqueólogos estão reunidos, 12 x 13 cm.

O Globo, 30 de julho de 1968. Arqueologia vai fazer congresso em São Leopoldo, 7 x 5 cm.

Correio do Povo, 30 de agosto de 1968. São Leopoldo – Centro da Arqueologia no Rio Grande do Sul, 23 x 37 cm.

            Pesquisas, Antropologia 18 publicou Anais do Segundo Simpósio de Arqueologia da Área do Prata, 1968, 190 páginas, mais 7 páginas de ilustrações.

Em 1969 os arqueólogos foram convidados para novo encontro que, a pedido de colegas de outras partes do Brasil, teve um acréscimo em seu nome e agora se chamava ‘III Congresso de Arqueologia da Área do Prata e Adjacências’. As adjacências incluíam o Nordeste brasileiro. Estavam presentes:

Da Argentina: Antonia Rizzo, Alberto Rex González, Eduardo Mário Cigliano, Ciro René Lafon, Maria Tereza Carrara, Milly de Raggio.

Do Uruguai: Antonio Taddei, Osmar Santos, René Boretto Ovalle.

Do Rio Grande do Sul: P.I. Schmitz, Itala I. Basile Becker, José Brochado, Danilo Lazzarotto, Rolf Steinmetz, Fernando La Salvia, Guilherme Naue, Wander Valente, Maria Helena Abrahão Schorr.

De Santa Catarina: João Alfredo Rohr, Anamaria Beck, Gerusa Duarte e Maria José Reis.

Do Paraná:  Igor Chmyz, Maria José Menezes, Margarida Davina Andreata.

De São Paulo: Sílvia Maranca, Luciana Palestrini, Fernando Altenfelder Silva, Tom O. Miller, M.E.B. Prado, L. Vivam.

Do Rio de Janeiro: Maria C. Coutinho Beltrão, Lina Maria Kneip, Ondemar F. Dias.

 Do Espírito Santo: Celso Perota.

De Pernambuco: Marcos Albuquerque.

Com a expansão territorial, também a temática se alargou e as pesquisas em andamento foram sendo apresentadas.

Os Anais foram publicados em Pesquisas, Antropologia 20, 1969, 211 p + 12 páginas de ilustração. O jornal divulga.

 Correio do Povo, 27 de julho de 1969. Instalado em S. Leopoldo Simpósio de Arqueologia da Bacia do Prata, 11 x 14 cm.

Zero Hora, 30 de julho de 1969. Arqueólogos pesquisam toda a nossa história, 36 x 39.

 Jornal do Sinos, 30 de julho de 1969. Arqueologia com muitas novidades, 3,5 x 25 cm e mais uma página inteira.

Folha da Tarde, 8 de agosto de 1969. Perícia do nosso índio surpreende arqueólogos, 27 x 15 cm.

Jornal do Sinos, 5 de setembro de 1969. Instituto Anchietano faz muitas pesquisas, 12 x 21 e página central.

Em 1970 houve mais uma reunião informal da equipe, de preparação para a mesa redonda a ser apresentada no Congresso Internacional de Americanistas, em Lima, no Peru, que foi realizado nesse ano.

Não houve mais congressos de arqueologia da área do Prata em São Leopoldo. Mas, curiosamente, em 2018 a UNISINOS sediou novamente um Simpósio com o nome antigo. Embora os pesquisadores fossem outros, a mesma temática continuou a ser discutida.

***

          De 1968 até 1975 os arqueólogos do Estado continuaram a se reunir anualmente para apresentar suas novas pesquisas e também discutir os programas de Arqueologia e de Antropologia, que começavam a oferecer em suas instituições. Com isso, Arqueologia e Pré-história se tornaram disciplinas importantes nos cursos de História, e a Antropologia era ensinada no Ciclo Básico e em setores profissionais de diversas carreiras.

            Reuniões se fizeram, sucessivamente, em Caxias do Sul, Ijui, Passo Fundo, São Leopoldo, Florianópolis, e na UFRGS que, em 1975, abriu um primeiro Curso de Especialização em Antropologia, que logo se transformou em Mestrado e Doutorado em Antropologia Social, certamente um dos melhores programas do Brasil. Outras instituições acadêmicas também criaram suas pós-graduações que possibilitaram a titulação pós-graduada dos que começaram no zero e se tornaram os primeiros doutores. 

Fonte: acervo do IAP.

Correio do Povo, 25 de abril de 1968. Reunião dos Professores de Antropologia, 9 x 5 cm.

Zero Hora, 25 de abril de 1968. Professores de Antropologia vão se reunir, 11 x 5 cm

Correio do Povo, 23 de abril de 1970. 3º Congresso Estadual de Antropologia, 16 x 5 cm.

25 de abril de 1970. III encontro estadual de Antropologia em Ijui, 19 x 9 cm.

1972. Caxias reunirá antropólogos na festa do sesquicentenário, 6 x 14 cm.

O Estado, Florianópolis, 16 de julho de 1972. Arqueólogos fazem mesa redonda para o Estado. Sambaquis: conflito de legislação, 53 x 35 cm + 18 x 18 cm.
       
       A partir de 1967 os arqueólogos também passaram a se encontrar nas reuniões anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Os anos de infância estavam acabando e começava uma sofrida adolescência. Novas associações de arqueólogos foram surgindo e as Faculdades Integradas Estácio de Sá criaram, no Rio de Janeiro, o primeiro curso de Bacharelado em Arqueologia. 

***

Em 1972 a equipe do Instituto Anchietano de Pesquisas também expandiu suas atividades para os cerrados do Brasil Central, onde, em colaboração com a Universidade Católica de Goiás (UCG), realizou coberturas de amplos territórios. Para seu Terceiro Seminário Goiano de Arqueologia, em Goiânia, 1980, foram convidados representantes de todas as instituições que lidavam com o tema, que já não eram poucas.

Compareceram representantes de 47 instituições: Centro de Arqueologia Brasileira, Rio de Janeiro; Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, São Paulo; Faculdades Integradas Estácio de Sá, Rio de Janeiro; Instituto Anchietano de Pesquisas, São Leopoldo; Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB), Rio de Janeiro; Instituto de Pré-história da USP, São Paulo; Instituto Paulista de Arqueologia, São Paulo; Musée de L‘Homme, Paris; Museu Arqueológico do Sambaqui, Joinville, Santa Catarina; Museu Câmara Cascudo, Rio Grande do Norte; Museu Nacional, Rio de Janeiro; Museu Paraense Emílio Goeldi, Pará; Universidade Católica de Goiás, Goiás; Universidade Católica de Pernambuco, Pernambuco; Universidade de São Paulo, São Paulo; Universidade Federal da Paraíba, Campina Grande, Paraíba; Universidade Federal de Goiás, Goiás; Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais; Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco; Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina.

De 24 a 29 de março de 1980 trabalharam incansavelmente os seguintes arqueólogos Alroino Ebble, Altair Sales Barbosa, André Prous, Avelino Fernandes de Miranda, Aziz Nacib Ab’Saber, Dorath Pinto Uchoa, Fernando Altenfelder Silva, Irmhild Wüst, Marcos Albuquerque, Maria da Conceição M.C. Beltrão, Mário Ferreira Simões, Niède Guidon, Ondemar Ferreira Dias Jr., Oswaldo Raimundo Heredia, Pedro Ignácio Schmitz, Ruth Trindade de Almeida, Sílvia Moehlecke (Copé), Solange Bezerra Caldarelli, Tom O. Miller Jr., Vicente Giancotti Tassone.

O esforço coletivo de uma semana produziu a primeira síntese nacional da arqueologia brasileira, intitulada ‘Temas de Arqueologia Brasileira’, que foi publicada em cinco cadernos, em 1981, sob a coordenação de P.I. Schmitz; A. Sales Barbosa; M. Barberi Ribeiro. Em 2015, a PUC de Goiás fez nova edição histórica, em volume único de 293 páginas.

O seminário estava terminando, os profissionais ativos de todo o Brasil estavam presentes. Porque não fundar, logo aqui, a Sociedade de Arqueologia Brasileira, que estava sendo discutida há dois anos e já tinha pronta a proposta do estatuto. Foi o que fez.  E se elegeu a diretoria. Como Presidente-organizador Pedro Ignácio Schmitz (UFRGS, IAP), Vice-Presidente Ondemar Ferreira Dias Jr. (UFRJ), como Secretário Geral Alfredo Mendonça de Souza (Estácio de Sá), como tesoureira Dorath Pinto Uchôa (USP). Quarenta e um assinaram como sócios fundadores. 

Fonte: acervo do IAP. 

A arqueologia tinha saído de sua infância, vencera a adolescência e entrava num estado adulto assaz precário, mas se estabeleceu.

Numa próxima postagem conto a história de algumas pesquisas e de sua divulgação pelos jornais.

Texto: Profº. Drº. Pedro Ignácio Schmitz 






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