A INFÂNCIA DA
ARQUEOLOGIA
no Rio Grande do Sul.
A História que ainda ninguém contou,
nem aqui está completa
A Arqueologia demorou para se estabelecer no Brasil. A década
de 1960 foi decisiva no estudo da história dos índios e na proteção e
valorização dos testemunhos materiais dessa história. Só em 1961 é promulgada a
lei de proteção dos sambaquis e dos abrigos rochosos, sem, ainda, abranger os
sítios superficiais e os grupos ceramistas. A partir de 1965, já no período do
governo militar, o IPHAN começou a se interessar por um cadastro geral dos
sítios, oferecendo algum dinheiro a um grupo de jovens arqueólogos.
Foi então que, pelo território
nacional, surgiram grupos de jovens e novas instituições que se ocuparam com
este patrimônio complementando as atividades tradicionais dos grandes museus,
como o Museu Nacional do Rio de Janeiro, o Museu Paulista de São Paulo e o
Museu Emílio Goeldi de Belém do Pará. A Arqueologia tinha sido, especialmente,
ocupação diletante de profissionais liberais que, nas reuniões periódicas dos
institutos históricos (geográficos, etnográficos, eventualmente também
arqueológicos) divulgavam seus achados e suas considerações relacionadas ao
desenvolvimento da nação brasileira; essas elucubrações eram publicadas em
revistas culturais ou científicas da época, de acesso restrito.
Também não vamos esquecer que, nessa
época, um bom ginásio ou colégio de classe média não dispensava um museu, que,
junto com amostras da evolução do universo, do homem e da cultura, exibia
objetos relacionados ao índio e sua história. Recordo alguns desses museus no
Estado: além do Museu Júlio de Castilhos, havia interessantes coleções de
objetos indígenas no Colégio Anchieta de Porto Alegre, no Seminário Central de
São Leopoldo, no Colégio Mauá de Santa Cruz do Sul, no Colégio Martin Luther de
Estrela, no Museu Antropológico de Ijui.
Na universidade não se ensinava arqueologia,
nem havia pesquisa com objetivo e método definidos.
José J.J. Proenza Brochado, ainda
aluno, apresenta bem este período em seu opúsculo denominado ‘Arqueologia
Descritiva das Jazidas páleo-etnográficas da Região Sul do Brasil’, de 57
apertadíssimas páginas, editado em Pelotas, no ano de 1962. Nele fala de
sambaquis, de acampamentos e paradeiros litorâneos, descrevendo cuidadosamente
os sítios e seus materiais líticos, cerâmicos e ósseos. Mas não sai da planície
litorânea.
Fonte:
acervo do IAP.
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Quem provocou a mudança nas décadas
de 1950 e 1960 foi o Prof. José Loureiro Fernandes, catedrático de Antropologia
da UFPR, que, com apoio da CAPES e do CNPq, trouxe profissionais estrangeiros
para realizar pesquisas arqueológicas e, juntamente, treinar brasileiros.
Trouxe primeiro um casal húngaro para os sambaquis, depois o americano Dr.
Wesley R. Hurt para abrigos em Minas Gerais, os franceses Josef Emperaire para
sambaquis e Annette Laming-Emperaire para sambaquis e abrigos rochosos com arte
rupestre e, finalmente, os americanos Betty J. Meggers e Clifford Evans para as
populações ceramistas. Paralelamente, o Dr. Paulo Duarte, do Instituto de
Pré-história da USP, e o Dr. Castro Faria, do Museu Nacional, traziam
profissionais da França para treinar seus colaboradores. Todos ofereciam
treinamento básico, em teoria e método, para um número seleto de jovens
universitários, que acabaram abraçando duas maneiras de fazer arqueologia, uma
predominantemente francesa, centrada na exploração intensa de sítios e áreas
limitadas, a outra, americana, interessada em amostrar as culturas indígenas do
território nacional. No Rio Grande do Sul predominou a tendência americana.
Neste ambiente nasceu a arqueologia
no Estado. As primeiras iniciativas, precoces e amadoras, mas altamente
populares, foram do Museu do Colégio Mauá, de Santa Cruz do Sul sob a liderança
do Prof. Hardy E. Martin, e as de um grupo de jovens reunidos na Organização
para Estudos Científicos (O.E.C.), cujo líder era Fernando G. Sampaio, então
aluno do Colégio Anchieta.
O Museu Mauá fazia levantamento
sistemático de sítios arqueológicos no vale do rio Pardo e publicava
semanalmente os resultados na Gazeta do Sul: 411 postagens. O Museu chegava a
ter 30.000 visitas durante um ano, de pessoas do Brasil e do resto do mundo em
função da FUNAF (Feira Nacional do Fumo). Marina Amanda Barth conta bem esta história em
sua dissertação de mestrado na Unisinos, ‘Arqueologia:
ação comunitária ou Ciência Acadêmica’, 2013, posteriormente publicada na
Revista do CEPA/UNISC.
A O.E.C. oferecia cursos, fazia
seminários e até alguma pesquisa de campo. Contava com o apoio da Faculdade de
Arquitetura da UFRGS, que proporcionava espaço para os seminários anuais, de
1964 a 1969; a Faculdade de Arquitetura também publicou ao menos os dois
primeiros anais dos seminários, 60 páginas, em1966.
Fonte:
acervo do IAP.
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Fernando G. Sampaio tinha um espaço
privilegiado no Correio do Povo. E acesso à Folha da Tarde. Jandir Damo reuniu
e organizou recortes guardados no Instituto Anchietano de Pesquisas. Eles não
são completos, mas uma boa amostra; veja:
Correio do Povo, 17 de abril de 1966.Terceiro
seminário inaugura hoje. Arqueologia no Rio Grande do Sul. Superfície no
jornal: 28 x 14 cm.
26 de março de 1967. Divulgado
o programa do Seminário de Arqueologia (IV seminário), 16 x 18,5 cm.
Folha da Tarde, 17 de abril de 1967. IV
Seminário de Arqueologia inicia hoje.
19 x 15 cm.
Correio do Povo, 15 de agosto de 1967. Arqueologia
Sul-Riograndense (sobre os dois seminários da O.E.C.), 21 x 9 cm.
23 de fevereiro de 1968. Fernando G. Sampaio: Arqueologia em Tapes, 20 x 8 cm.
1º de março 1968. Fernando G. Sampaio: Sambaqui de Xangri-la, 18 x 8,5 cm.
1º de março de 1968. Fernando G. Sampaio: Descoberta arqueológica em Masada, Israel,
25 x 9 cm.
14 de abril de 1968. Fernando G. Sampaio: Escavações arqueológicas em Tlapacoya,
México, 17 x 9 cm.
21 de junho de 1968. Fernando G. Sampaio: Fortificações entre os nossos índios, 24
x 9 cm.
26 de julho de 1968. Fernando G. Sampaio: Seminário de Arqueologia, 13 x 4,5 cm.
16 de março de 1969. Fernando G. Sampaio: Arqueologia rio-grandense 1. O crânio de
Vila Nova, 36 x 25 cm.
30 de julho de 1969. Fernando G. Sampaio: Vocábulos arqueológicos, 26 x 9 cm.
23 de agosto de 1969. Fernando G. Sampaio: O
templo de Montenegro, 17 x 25 + 16 x 25 + 16 x 25 + 16 x 25 cm.
2 de setembro de 1969. Fernando G. Sampaio. ‘Informação arqueológica’ (a respeito de
Boletim do Rio de Janeiro), 24 x 9 cm.
28 de setembro de 1969. Seminário
de Arqueologia será promovido pela OEC,
10 x 9 cm.
4 de julho de 1970. Fernando G. Sampaio: Arqueologia em Moçambique, 31 x 14 cm.
18 de agosto de 1970. Fernando G. Sampaio: Os jesuítas e o tráfico fluvial rio-grandense,
26 x 9 cm.
8 de outubro de 1970. Fernando G. Sampaio: Arqueologia no R.G. do Sul. (Sobre o
Simpósio de Arqueologia da Área do Prata de São Leopoldo), 21 x 9 cm.
25 de novembro de 1970. Fernando G. Sampaio: História das Missões, 22 x 9 cm.
15 de setembro de 1971. Fernando G. Sampaio: Pinturas pré-históricas no Estado do Paraná,
29 x 10 cm.
27 de novembro de 1971. Fernando G. Sampaio: Por uma política de preservação e estudo do
patrimônio arqueológico, 52 x 14 cm.
4 de julho de 1970. Fernando G. Sampaio: Arqueologia de Moçambique, 31 x 15 cm.
7 de outubro de 1973. Fernando G. Sampaio: Subterrâneos indígenas, 16 x 26 cm.
Sem data anotada no recorte. Fernando G. Sampaio: O.E.C. vai pesquisar local indígena na Lagoa
dos Patos, 12 x 10 cm.
Sem data anotada no recorte. Fernando G. Sampaio. O valor da Arqueologia, 24 x 9 cm.
Fonte:
acervo do IAP.
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Estas importantes iniciativas de popularização
da arqueologia, com ampla repercussão popular, desafiaram a Academia, que, até
ali, não costumava dizer uma palavra arqueológica para os futuros historiadores
e menos ainda para a comunidade.
Em 1965, entretanto, haviam surgido
duas importantes iniciativas em termos de arqueologia brasileira, que levaram a
arqueologia para a Academia: o PRONAPA (Programa Nacional de Pesquisas
Arqueológicas) e um programa paralelo encabeçado pelo Instituto Anchietano de
Pesquisas/UNISINOS.
O PRONAPA (1965-1970), executado por
uma dezena de jovens professores universitários brasileiros, sob a coordenação dos
americanos Clifford Evans e Betty J. Meggers, com verba de uma fundação
internacional e apoio do IPHAN e do CNPq, se dispôs a realizar um levantamento
e estudo de sítios arqueológicos desde Belém do Pará até o arroio Chuí, usando
enfoque histórico-cultural. A família do PRONAPA era concentrada e exclusiva e
seu trabalho foi pouco divulgado pelos jornais da época. O resultado, porém,
além de rigoroso treinamento científico dos participantes, foram cinco volumes
de resultados (1967, 1969, 1969, 1971 e 1974), editados pelo Museu Emílio
Goeldi, que não podem ser desconhecidos a nenhum arqueólogo trabalhando no
país. Nele se definiram culturas pré-coloniais de Pará, Rio Grande do Norte,
Pernambuco, Bahía, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Do RS pertenciam ao programa Eurico
Th. Miller, fundador do Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul (MARSUL), em
Taquara e José Proenza Brochado, professor da UFRGS.
O programa coordenado por Pedro
Ignácio Schmitz, também professor da UFRGS, mas através do Instituto Anchietano
de Pesquisas/Unisinos (1965-1972), do qual era um dos fundadores, era
financiado pelo IPHAN e pelo CNPq. Ele estudou espaços não abrangidos pelo
PRONAPA, usando o mesmo enfoque e metodologia, mas com menos controle e rigor.
Suas atividades também foram socializadas pelos jornais e por revistas
regionais e nacionais do ramo. Este aspecto é contado numa outra postagem.
Do movimento encabeçado pelo IAP
surgiu uma equipe e nasceram reuniões científicas mais amplas, que eclipsaram,
até certo ponto, os seminários da O.E.C.; o Museu Mauá se aliou às novas
iniciativas. Os membros da equipe do IAP criaram centros de arqueologia e
antropologia nas instituições em que atuavam e transformaram a Arqueologia e a
Antropologia em disciplinas universitárias reconhecidas. Acompanho a divulgação
pelos recortes de jornais guardados no IAP.
Primeiro foi o Congresso de Arqueologia para Amadores, em 1966, que reuniu mais de
40 interessados, entre diretores e funcionários de museus, professores
universitários, médicos, desembargadores e outros interessados e curiosos,
predominantemente adultos. Foram muito variados os trabalhos trazidos para
apresentação ou discussão, cujas cópias se guardam no IAP. Mas estas comunicações
não representavam trabalhos de pesquisa, a qual estava dando seus primeiros
passos.
Correio do Povo, 29 de abril de 1966. Seminário
sobre a arqueologia em S. Leopoldo transcorre com sucesso, 27 x 13 cm + 16
x 10 cm.
Folha da Tarde, 30 de abril de 1966. Arqueólogos
provam existência de índios há 6 mil anos no RGS, 25 x 15 cm.
Frente à boa aceitação geral e à
presença de diversos professores das instituições universitárias que estavam
surgindo no Estado, foi organizado, em 1967, primeiro um curso de arqueologia
em fim de semana e, logo, o Primeiro Simpósio de Arqueologia do Prata, que
reuniu alguns arqueólogos brasileiros, uruguaios e argentinos.
Presentes: Fernando
Altenfelder Silva (Rio Claro, SP), Igor Chmyz (Paraná), João Alfredo Rohr e Ana
Maria Beck (Santa Catarina), Antônio Taddei e Osmar Santos (Uruguai), Antonia
Rizzo e Maria Tereza Carrara (Argentina), Danilo Lazzarotto, Fernando La
Salvia, Pedro A. Mentz Ribeiro, Plínio Dall’Agnol, Pedro Ignácio Schmitz, Ruy
Ruben Ruschel, Ítala I. Basile Becker, José Proenza Brochado, Arno A. Kern,
Guilherme Naue, Rolf Steinmetz, Vera Regina Aquino, Teófila Zimmermann, Miguel
Bombim (Rio Grande do Sul).
Fonte: Acervo do IAP
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Folha da Tarde, 6 de março de 1967. Arqueólogos
gaúchos tiveram em 1966 um ano excepcional, 24 x 25 cm.
Correio do Povo, 5 de abril de 1967. Curso
de arqueologia em São Leopoldo, 8 x 5 cm.
Folha da Tarde, 25 de julho de 1967. Arqueologia
reúne em São Leopoldo brasileiros, argentinos e uruguaios, 15 x 15 cm.
Jornal não identificado, 26 de julho de 1967. Simpósio de Arqueologia hoje em São Leopoldo, 10 x 9 cm.
Folha da Tarde, 28 de julho de 1967. Arqueologia
que empolga três países, 28 x 15 cm.
Correio do Povo, 29 de julho de 1967. Passado
revive em São Leopoldo. Estudiosos de três países no 1º Simpósio sobre
Arquelogia, 26 x 18 cm.
Rua Grande, São Leopoldo, 29 de julho de 1967. O Simpósio, 16 x 6 cm.
Folha da Tarde, 6 de novembro de 1967. Os
arqueólogos, esses desconhecidos, 36 x 25 cm.
Pesquisas,
Antropologia 16, que funcionou como Anais do Simpósio, mostra que no estado já
existia um pequeno grupo, que expandiu a pesquisa registrada por Brochado, em
1962. Eles, agora, pesquisam casas subterrâneas no planalto meridional,
acampamentos e aterros em áreas alagadiças no sul e do sudoeste do Estado,
acampamentos de caçadores e aldeias guaranis no centro do Estado. Rohr
contribui com sambaquis e outros assentamentos litorâneos do sudeste de Santa
Catarina.
A boa aceitação do primeiro fez que,
em 1968, os pesquisadores fossem convocados para um Segundo Simpósio de
Arqueologia da Área do Prata. Ele ampliou a temática e os participantes.
Nele apresentaram trabalhos Eduardo
Mário Cigliano e Antonia Rizzo, do Museo de La Plata; Margarida Davina Andreatta,
de Curitiba, Igor Chmyz e Maria José Menezes, da UFPR; Ana Maria Beck, da UFSC;
João Alfredo Rohr, do Museu do Homem do Sambaqui; P.I. Schmitz, Ítala Irene
Basile Becker e Pedro Augusto Mentz Ribeiro, do Instituto Anchietano; Guilherme
Naue, da Universidade Católica de Pelotas; Fernando La Sálvia, da Universidade
de Caxias do Sul; José Proenza Brochado, da UFRGS.
Temas apresentados ou discutidos:
sambaquis, aterros em áreas úmidas; assentamento em abrigos; indústrias líticas
de caçadores sem cerâmica; grupos ceramistas da família linguística
Tupi-guarani, da família Jê e de grupos meridionais. As comunicações já
refletem o início de pesquisas sistemáticas no Estado. Os jornais informam:
Correio do Povo, 21 de maio de 1968. Arqueologia
rio-grandense. 15 x 9 cm.
23 de julho de 1968. Simpósio
de Arqueologia em São Leopoldo, 16 x 5 cm.
Folha da Tarde, 23 de julho de 1968. Três
países vão debater arqueologia em São Leopoldo, 6 x 10 cm.
Jornal do Sinos, São Leopoldo, 23 de julho de 1968. Arqueólogos vão se reunir em SL, 19 x 20 cm.
Correio do Povo, 24 de julho de 1968. Reunindo arqueólogos do Brasil, Uruguai e
Argentina. Instala-se sexta-feira em S. Leopoldo.
Rua Grande, São Leopoldo, 27 de julho de 1968. Os arqueólogos estão reunidos, 12 x 13 cm.
O Globo, 30 de julho de 1968. Arqueologia
vai fazer congresso em São Leopoldo, 7 x 5 cm.
Correio do Povo, 30 de agosto de 1968. São
Leopoldo – Centro da Arqueologia no Rio Grande do Sul, 23 x 37 cm.
Pesquisas,
Antropologia 18 publicou Anais do Segundo Simpósio de Arqueologia da Área do
Prata, 1968, 190 páginas, mais 7 páginas de ilustrações.
Em 1969 os arqueólogos foram
convidados para novo encontro que, a pedido de colegas de outras partes do
Brasil, teve um acréscimo em seu nome e agora se chamava ‘III Congresso de
Arqueologia da Área do Prata e Adjacências’. As adjacências incluíam o
Nordeste brasileiro. Estavam presentes:
Da Argentina: Antonia Rizzo, Alberto
Rex González, Eduardo Mário Cigliano, Ciro René Lafon, Maria Tereza Carrara,
Milly de Raggio.
Do Uruguai: Antonio Taddei, Osmar
Santos, René Boretto Ovalle.
Do Rio Grande do Sul: P.I. Schmitz,
Itala I. Basile Becker, José Brochado, Danilo Lazzarotto, Rolf Steinmetz,
Fernando La Salvia, Guilherme Naue, Wander Valente, Maria Helena Abrahão
Schorr.
De Santa Catarina: João Alfredo Rohr,
Anamaria Beck, Gerusa Duarte e Maria José Reis.
Do Paraná: Igor Chmyz, Maria José Menezes, Margarida
Davina Andreata.
De São Paulo: Sílvia Maranca, Luciana Palestrini, Fernando Altenfelder Silva,
Tom O. Miller, M.E.B. Prado, L. Vivam.
Do Rio de Janeiro: Maria C. Coutinho
Beltrão, Lina Maria Kneip, Ondemar F. Dias.
Do Espírito Santo: Celso Perota.
De Pernambuco: Marcos Albuquerque.
Com a expansão territorial, também a
temática se alargou e as pesquisas em andamento foram sendo apresentadas.
Os Anais foram publicados em
Pesquisas, Antropologia 20, 1969, 211 p + 12 páginas de ilustração. O jornal
divulga.
Correio do Povo, 27 de julho de 1969. Instalado em S. Leopoldo Simpósio de
Arqueologia da Bacia do Prata, 11 x 14 cm.
Zero Hora, 30 de julho de 1969. Arqueólogos
pesquisam toda a nossa história, 36 x 39.
Jornal do Sinos, 30 de julho de 1969. Arqueologia com muitas novidades, 3,5 x
25 cm e mais uma página inteira.
Folha da Tarde, 8 de agosto de 1969. Perícia
do nosso índio surpreende arqueólogos, 27 x 15 cm.
Jornal do Sinos, 5 de setembro de 1969.
Instituto Anchietano faz muitas pesquisas, 12 x 21 e página central.
Em 1970
houve mais uma reunião informal da equipe, de preparação para a mesa redonda a
ser apresentada no Congresso Internacional de Americanistas, em Lima, no Peru,
que foi realizado nesse ano.
Não houve
mais congressos de arqueologia da área do Prata em São Leopoldo. Mas,
curiosamente, em 2018 a UNISINOS sediou novamente um Simpósio com o nome
antigo. Embora os pesquisadores fossem outros, a mesma temática continuou a ser
discutida.
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De 1968 até 1975 os arqueólogos do Estado continuaram a se
reunir anualmente para apresentar suas novas pesquisas e também discutir os
programas de Arqueologia e de Antropologia, que começavam a oferecer em suas
instituições. Com isso, Arqueologia e Pré-história se tornaram disciplinas
importantes nos cursos de História, e a Antropologia era ensinada no Ciclo
Básico e em setores profissionais de diversas carreiras.
Reuniões se fizeram, sucessivamente,
em Caxias do Sul, Ijui, Passo Fundo, São Leopoldo, Florianópolis, e na UFRGS
que, em 1975, abriu um primeiro Curso de Especialização em Antropologia, que
logo se transformou em Mestrado e Doutorado em Antropologia Social, certamente um
dos melhores programas do Brasil. Outras instituições acadêmicas também criaram
suas pós-graduações que possibilitaram a titulação pós-graduada dos que
começaram no zero e se tornaram os primeiros doutores.
Fonte: acervo do IAP.
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Correio do Povo, 25 de abril de 1968. Reunião
dos Professores de Antropologia, 9 x 5 cm.
Zero Hora, 25 de abril de 1968. Professores
de Antropologia vão se reunir, 11 x 5 cm
Correio do Povo, 23 de abril de 1970. 3º
Congresso Estadual de Antropologia, 16 x 5 cm.
25 de abril de 1970. III
encontro estadual de Antropologia em Ijui, 19 x 9 cm.
1972. Caxias reunirá
antropólogos na festa do sesquicentenário, 6 x 14 cm.
O Estado, Florianópolis, 16 de julho de 1972. Arqueólogos
fazem mesa redonda para o Estado. Sambaquis: conflito de legislação, 53 x
35 cm + 18 x 18 cm.
A partir de
1967 os arqueólogos também passaram a se encontrar nas reuniões anuais da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Os anos de infância estavam acabando
e começava uma sofrida adolescência. Novas associações de arqueólogos foram
surgindo e as Faculdades Integradas Estácio de Sá criaram, no Rio de Janeiro, o
primeiro curso de Bacharelado em Arqueologia.
Em 1972 a equipe do Instituto
Anchietano de Pesquisas também expandiu suas atividades para os cerrados do
Brasil Central, onde, em colaboração com a Universidade Católica de Goiás
(UCG), realizou coberturas de amplos territórios. Para seu Terceiro Seminário
Goiano de Arqueologia, em Goiânia, 1980, foram convidados representantes de
todas as instituições que lidavam com o tema, que já não eram poucas.
Compareceram representantes de 47
instituições: Centro de Arqueologia Brasileira, Rio de Janeiro; Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, São Paulo; Faculdades Integradas
Estácio de Sá, Rio de Janeiro; Instituto Anchietano de Pesquisas, São Leopoldo;
Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB), Rio de Janeiro; Instituto de
Pré-história da USP, São Paulo; Instituto Paulista de Arqueologia, São Paulo;
Musée de L‘Homme, Paris; Museu Arqueológico do Sambaqui, Joinville, Santa
Catarina; Museu Câmara Cascudo, Rio Grande do Norte; Museu Nacional, Rio de
Janeiro; Museu Paraense Emílio Goeldi, Pará; Universidade Católica de Goiás,
Goiás; Universidade Católica de Pernambuco, Pernambuco; Universidade de São
Paulo, São Paulo; Universidade Federal da Paraíba, Campina Grande, Paraíba;
Universidade Federal de Goiás, Goiás; Universidade Federal de Minas Gerais,
Minas Gerais; Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco; Universidade
Federal de Santa Catarina, Santa Catarina.
De 24 a 29 de março de 1980
trabalharam incansavelmente os seguintes arqueólogos Alroino Ebble, Altair
Sales Barbosa, André Prous, Avelino Fernandes de Miranda, Aziz Nacib Ab’Saber,
Dorath Pinto Uchoa, Fernando Altenfelder Silva, Irmhild Wüst, Marcos
Albuquerque, Maria da Conceição M.C. Beltrão, Mário Ferreira Simões, Niède
Guidon, Ondemar Ferreira Dias Jr., Oswaldo Raimundo Heredia, Pedro Ignácio
Schmitz, Ruth Trindade de Almeida, Sílvia Moehlecke (Copé), Solange Bezerra
Caldarelli, Tom O. Miller Jr., Vicente Giancotti Tassone.
O esforço coletivo de uma semana
produziu a primeira síntese nacional da arqueologia brasileira, intitulada
‘Temas de Arqueologia Brasileira’, que foi publicada em cinco cadernos, em
1981, sob a coordenação de P.I. Schmitz; A. Sales Barbosa; M. Barberi Ribeiro.
Em 2015, a PUC de Goiás fez nova edição histórica, em volume único de 293
páginas.
O seminário estava terminando, os
profissionais ativos de todo o Brasil estavam presentes. Porque não fundar,
logo aqui, a Sociedade de Arqueologia Brasileira, que estava sendo discutida há
dois anos e já tinha pronta a proposta do estatuto. Foi o que fez. E se elegeu a diretoria. Como Presidente-organizador
Pedro Ignácio Schmitz (UFRGS, IAP), Vice-Presidente Ondemar Ferreira Dias Jr.
(UFRJ), como Secretário Geral Alfredo Mendonça de Souza (Estácio de Sá), como
tesoureira Dorath Pinto Uchôa (USP). Quarenta e um assinaram como sócios
fundadores.
Fonte:
acervo do IAP.
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A arqueologia tinha saído de sua
infância, vencera a adolescência e entrava num estado adulto assaz precário,
mas se estabeleceu.
Numa próxima postagem conto a
história de algumas pesquisas e de sua divulgação pelos jornais.
Texto: Profº. Drº. Pedro Ignácio Schmitz
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