Dando continuidade à
divulgação do projeto Plantas Medicinais, iniciado no Centro de Ciências da
Saúde da UNISINOS, em 1992, pelo P. Clemente José Steffen, publicamos hoje o
artigo por ele escrito sobre a Capuchinha, uma planta da qual gostava muito
pela beleza, uso medicinal e culinário.
Para ter acesso a outros
arquivos do P. Clemente acesse a página: www.anchietano.unisinos.br
CAPUCHINHA
P. Clemente José Steffen, S.J.
A capuchinha, também chamada popularmente chagas, é
uma planta que merecia mais atenção e aproveitamento. É ao mesmo tempo
medicinal, comestível e ornamental. Sua origem é sul-americana, tendo sido
levada do Peru para a Europa. Seu nome científico é Tropaeolum majus, da
família Tropaeolaceae.
Tem características bem marcantes. Seus caules
rastejantes com suas folhas e flores de pecíolos longos cobrem barrancos, muros
e depósitos de restos de construção, pelos quais parecem ter predileção. As
flores têm cores variadas, predominando o amarelo e o vermelho. Sobre as folhas
orbiculares, colocadas horizontalmente, costuma acumular-se água da chuva, sem
elas se molharem.
Por causa das folhas e flores é uma planta ornamental
muito chamativa. É anual, mas não precisa ser replantada, porque as sementes,
três em cada fruto, caindo ao solo, renascem espontaneamente todos os anos.
Como alimento servem as folhas, flores e frutos. As
folhas são ótima salada, de sabor picante e muita vitamina C. Mais saborosas
ainda são as próprias flores. Os botões florais e também os frutos novos são
preparados em conserva de sal e vinagre, sendo conhecidos como alcaparra dos
pobres, usados como aperitivo.
Desde sua descoberta no Peru e sua transferência para
a Europa, começou também a ser usada como planta medicinal. Rica em vitamina C,
é eficiente no tratamento do escorbuto. Os marinheiros cultivavam-na em caixas
nos navios para consumi-la durante as viagens. Segundo pesquisas recentes, toda
a planta tem ação anti-bacteriana e anti-micótica.
É empregada em infecções do
sistema genito-urinário e do sistema respiratório. Especialmente as sementes
são ricas em princípios ativos, sendo um antibiótico vegetal, ativo contra os micro-organismos dos gêneros Estafilococo, Proteus, Estreptococo e Salmonela.
Além disso, a capuchinha tem ainda uma propriedade muito solicitada também em
nossos dias, como diz um autor do começo do século: “... toda la planta, es
decir, tallos, hojas y sus rabillos y flores, machacada en un mortero y
formando emplasto, estimula la actividad del bulbo piloso, previene la caida
del cabello y favorece su salida. Para ello, empléese siempre la planta recién
cogida, córtese el pelo previamente y aféitese la cabeza antes de aplicar el
emplasto”.
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