Em Junho deste ano
de 2019 eu, Jefferson Aldemir Nunes, concluí meu Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) como requisito para receber o grau de Licenciado em História pela
Unisinos. Essa monografia foi o resultado de 4 anos de trabalho como bolsista
de Iniciação Científica no IAP, e buscou aprofundar todos os pontos do projeto
que foi desenvolvido nesse período.
O estudo foi baseado na junção de
duas fontes específicas. Primeiro, os materiais líticos e cerâmicos de 7 sítios
Guarani que foram encontrados na região de Santo Antônio da Patrulha (hoje Caraá)
em 1967, por Eurico Miller. Segundo, textos de missionários jesuítas que estabeleceram
contato com os Carijó (considerados pela literatura arqueológica como pertencente
ao grupo Guarani) no início do século XVII (1605-1635), dos quais se destacam
Jerônimo Rodrigues e Inácio de Sequeira.
Para trabalhar com essas duas perspectivas
diferentes, separei o TCC em três capítulos: um para explorar as fontes
arqueológicas, um para as fontes jesuíticas, e um para juntar os dados e montar
um modelo de ocupação do Guarani no Alto Vale do Rio dos Sinos, que percebesse
o impacto causado pela chegada dos europeus.
Figura 3 – Expansão missionária jesuítica
no século XVII.
Em segundo lugar, as referências
encontradas nesses textos sobre as formas de construção das casas, forma de
plantar e consumir alimentos, das chefias, das pragas e da queda demográfica
entre os Carijó, me permitiu realizar inferências para cobrir as muitas lacunas
que são tradicionalmente encontradas no registro arqueológico.
Com tudo isso, consegui entender mais
claramente como o Guarani se estabeleceu no Sinos, e como a chegada dos
europeus (representados, em muitos momentos, pelos padres jesuítas), afetou
toda a sua cultura. Dessa forma, houve o avanço dos indígenas para áreas cada
vez menos favoráveis a seu modo de vida tradicional, e a desestruturação de seu
padrão de assentamento.
A conclusão do TCC ampliou minha percepção sobre como a junção de fontes distintas permite aprofundar o conhecimento sobre os grupos nativos, e entender melhor seu relacionamento com os europeus no início dos contatos que foram tão importantes para a formação da nação brasileira. Criar pontes entre os diferentes saberes científicos é uma necessidade, e um caminho frutífero para construir um saber cada vez mais significativo.
Texto e Imagens: Jefferson Aldemir Nunes
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