sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

NOITE FELIZ, É NATAL, NASCEU JESUS

Iluminura da missa de Natal de Missal Romano de 1923, do Museu Capela.


Stille Nacht, heilige Nacht,
alles schläft, einsam wacht
nur das traute, hochheilige Paar.
Holder Knabe im lockigen Haar,
schlaf' in Himmlischer Ruh',

schlaf' in himmlischer Ruh'!


A poesia, que em sua versão original acima, ou no vernáculo brasileiro do ‘Noite Feliz’ embalou o Natal de muitas gerações de nossos antepassados e também a infância de muitos de nós. 


Pastor de um presépio missioneiro, exposto em nosso Museu Capela

O presépio foi criação de São Francisco de Assis, em 1223, para tornar visível a história do nascimento de Jesus num abrigo de campo onde pastores alimentavam seus animais. Na solidão da noite com a presença dos pais, dos pastores e dos mensageiros divinos nasceu-nos um Salvador. Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos Homens de Boa Vontade. 


FELIZ NATAL. 2017 COM SAÚDE, EMPREGO E AMOR.

Texto Pedro Ignácio Schmitz
Imagens acervo IAP



quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A IMACULADA NO MUSEU CAPELA

A denominação: O título de Imaculada Conceição para Maria corresponde à declaração da Igreja Católica de que ela, em previsão de se tornar a mãe de Jesus, Filho de Deus, desde a sua conceição esteve livre de pecado, inclusive do pecado original no qual nascem todos os humanos.
A veneração: Dia 8 de dezembro é a festa de Maria sob a denominação de Imaculada Conceição, de Imaculada, ou simplesmente de Conceição. Ela é titular de muitas igrejas e santuários, inclusive do Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Inúmeras mulheres levam o nome de Maria da Conceição ou simplesmente Conceição.
A forma de representação: Sob esta denominação Maria costuma ser apresentada vestida com uma túnica branca, um cinto e um manto azul, em atitude de oração com as mãos juntos ou os braços abertos. Ela está parada no globo sobre o qual está uma serpente, ou um dragão com uma maçã na boca, cuja cabeça ela esmaga; ela usa uma coroa de doze estrelas. Em algumas representações ela ainda tem uma grande lua (nova) sob os pés.
A simbologia: A serpente com a maçã lembra a transgressão de Eva no Paraíso, início de todo pecado. Maria esmaga a cabeça da serpente indicando que está livre do pecado original. O dragão, a lua e a coroa de doze estrelas são de João no Apocalipse (cap. 12) descrevendo o dragão vermelho (demônio) querendo devorar o menino Jesus que Maria estava para dar à luz. O Menino foi levado para junto de Deus e Maria encontrou um lugar seguro. O dragão vermelho, com seus anjos, foi expulso para a terra. ‘Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo de seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça...’




Estátuas do Museu Capela:
1. Escultura de madeira, em estilo barroco, recolhida nos Sete Povos das Missões por padres jesuítas historiadores no começo do século XX, guardada por décadas no Seminário de São Leopoldo.
2. Estátua de gesso de capela do Seminário de São Leopoldo trazida da Europa ou comprada em Porto Alegre, onde havia grande fábrica de objetos litúrgicos.
Casulas do Museu Capela:
1. Preciosa Casula do Seminário de São Leopoldo, com bordados a fio de ouro (use zoom para ver a perfeição nos detalhes), certamente trazida da Europa pelos padres jesuítas alemães e usada nas grandes festas religiosas. A Imaculada Conceição era a padroeira do Seminário.
2. Casula mais simples do Seminário de São Leopoldo, com a mesma invocação. As Irmãs Franciscanas do Colégio São José, em São Leopoldo, produziram vestes litúrgicas semelhantes a esta durante décadas.

Texto - Pedro Ignácio Schmitz
Fotografias Casulas - Juarez de Andrade/ Curso de Fotografia UNISINOS
Fotografias Maria Imaculada - Acervo IAP


terça-feira, 8 de novembro de 2016

O Missal Romano em nosso Museu Capela

O Instituto Anchietano de Pesquisas reuniu centenas de livros usados na liturgia católica, que está organizando e classificando para tornar o acervo disponível on-line. São principalmente guias para a administração dos Sacramentos (Rituais) e para a celebração da Eucaristia (Missais). Hoje mostramos um desses Missais guardados no Museu Capela do Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS.

 
Missal Romano, encadernação em couro, cantoneiras e imagem central em prata, usado em dias de festa.
Páginas internas mostrando um Prefácio, em Latim e com notação gregoriana. Tradução: Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Seu Filho, que com Ele vive e reina por todos os séculos dos séculos. Amém. O Senhor esteja convosco. E com teu Espírito.

Abertura de um missal romano tradicional com as necessárias identificações, aqui traduzidas. Missal Romano, reproduzido de acordo com o Decreto do Sacrossanto Concílio Tridentino, editado por ordem do Sumo Pontífice S. Pio, reconhecido por outros Pontífices, reformado por Pio X e tornado público pela autoridade do Santíssimo S.N. Bento XV. Edição conforme a Edição Típica Vaticana.
Regensburg. Editora de Friedrich Pustet, tipógrafo da Santa Sé Apostólica e da Sagrada Congregação dos Ritos.

A história dessas obras

Nos primeiros séculos do cristianismo não havia regras e prescrições para a celebração eucarística e a administração dos sacramentos. As circunstâncias e a inspiração do momento predominavam.

Nos séculos IV e V foram introduzidos livretos como guias para os rituais e as celebrações.

Nos séculos V-VII se criaram os Sacramentários, com fórmulas fixas que ordenavam as celebrações em conventos e catedrais.

A partir do século X começaram os Missais, com a reunião de todos os textos e orações usados na celebração da Eucaristia por todos os sacerdotes que celebravam tanto nas pequenas paróquias rurais, como nos conventos e nas grandes catedrais urbanas.

Pio V (1570) publicou o primeiro missal para toda a Igreja Romana. Modificações pequenas foram feitas por Clemente VIII (1604), por Urbano VIII (1634), por Benedito XV (1920) e por Pio XI, mas a essência ficou sem modificação. As aprovações desses papas ainda se encontram na abertura dos missais, como se vê numa das imagens acima.

Até o Concílio Vaticano II (década de 1960) a língua do ritual da Igreja Católica era o Latim e o canto, o Gregoriano, com sua notação musical específica. Com o Concílio Vaticano II a língua do ritual e da celebração passou a ser o vernáculo e o canto gregoriano foi rapidamente desaparecendo.






terça-feira, 11 de outubro de 2016

São Miguel

Anjos são mensageiros de Deus para com os homens. Os três maiores anjos são chamados arcanjos porque desempenharam tarefas mais importantes.
 Rafael é chamado o Curador, porque curou a cegueira do justo Tobias.
Gabriel anunciou a Maria a encarnação de seu filho Jesus e também anunciou a geração de João Batista, filho do sacerdote Ananias e de sua esposa Izabel.
Miguel está ligado à opção dos anjos uns a favor e outros contra Deus. Miguel chefia os que estão a favor e Lúcifer os que se opõem a Deus. Seu grito de guerra: “Quem como Deus!”

E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e seus anjos; Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. (Apocalipse de João 12:7-9)


Na estatuária missioneira São Miguel é representado com vestes de soldado romano, tendo numa das mãos uma balança de dois pratos e na outra mão uma lança apontada para Lúcifer esmagado a seus pés.
A primeira escultura, na qual desapareceram, com o tempo, o corpo de Lúcifer, a lança e a balança, é de um barroco mais acentuado e se destaca a beleza do rosto do Arcanjo.
A segunda escultura, mais completa, tem o caráter de anjos mais destacado aparecendo asas tanto em Miguel como em Lúcifer.
A terceira escultura, mais simples, de vestir, certamente feita por um índio, só apresenta as características essenciais de Miguel: Lúcifer esmagado a seus pés. 
São Miguel era o patrono da Redução de São Miguel, a capital dos Sete Povos. O diabo aos pés de São Miguel  é, muitas vezes, interpretado como o bandeirante paulista, que destruiu grande número de missões.



Texto de Pedro Ignácio Schmitz
Imagens de Márcio de Mattos Rodrigues

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Homenagem a André Luiz Jacobus

André Luiz Jacobus
12 de setembro de 1957, Taquara, RS a 05 de setembro de 2016, Sapiranga, RS.
Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNSINOS) em 1983, Mestre em História pela PUCRS em 1996, iniciou o doutorado no MAE da USP em 1997, sem poder concluí-lo em consequência de um acidente e da doença que o acompanhou durante longos anos de sua vida. A tese, intitulada “Caçadores-coletores na Mata Atlântica: um estudo de caso na região hidrográfica da Bacia do Lago Guaíba e Planície Litorânea adjacente (RS)” era o assunto de sua vida e sobre o qual mais escreveu. O memorial que acompanhava seu exame de qualificação para o doutorado, em 2000, possui 154 páginas e representa a síntese de suas pesquisas em Zooarqueologia de grupos caçadores-coletores.
André Luiz trabalhou muitos anos em projetos arqueológicos do Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, onde fundou o Gabinete de Zooarqueologia. Ele se tornou um dos mais ativos pesquisadores neste ramo da Arqueologia e um de seus pioneiros no Brasil.
André Luiz trabalhou 32 anos no MARSJL, em Taquara, como funcionário do Estado do RS, no cargo de Técnico em Assuntos Culturais. Foi seu curador e chegou a ser diretor por curtos períodos, de 1991 a 1994 e de 1998 a 1999. A partir de 1994, desenvolveu, junto a este Museu, o Projeto PASAP (Projeto Arqueológico Santo Antônio da Patrulha).
Muito doente, aposentou-se em novembro de 2009. Depois de alguma recuperação, voltou a colaborar, como voluntário, com o Instituto Anchietano de Pesquisas e a prestar alguma assessoria em arqueologia de contrato.
André Luiz era pesquisador sério, defensor do patrimônio cultural e grande divulgador do mesmo. Era assíduo frequentador de congressos e reuniões de Arqueologia. Suas principais publicações encontram-se na Revista do CEPA, da UNISC, Santa Cruz do Sul, RS e em Anais.

            André Luiz era bom companheiro. Sua prematura partida deixa uma grande lacuna. 

Texto produzido por Pedro Ignácio Schmitz

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Balduíno Rambo


No dia 12 de setembro se completaram 55 anos da morte do Pe. Balduíno Rambo.
Falar de Rambo é emocionante, conhecer, conservar e preservar suas obras e coleção é um privilégio.
Balduíno Rambo era dotado de uma inteligência ímpar, com grande sensibilidade, disciplina e retilínea execução de seus projetos. Sua formação era em Humanidades, Filosofia e Teologia, mas tinha amplo interesse pela Ciência, o que lhe proporcionou subsídios para inúmeras atividades multidisciplinares, sempre sustentadas por extraordinária vivência espiritual.
Rambo, fundou o Herbarium Anchieta, no Colégio Anchieta, Porto Alegre de onde vem sua sigla (PACA = Porto Alegre Colégio Anchieta), em 1932. Em 1956, junto com um grupo de pesquisadores jesuítas fundou o Instituto Anchietano de Pesquisas que, atualmente, se encontra no Campus da UNISINOS, em São Leopoldo.
O Herbário, no momento de sua morte, aos 56 anos de idade, contava 65.000 exemplares, representando quase todas as espécies vegetais do Rio Grande do Sul conhecidas naquela época, e tudo perfeitamente classificado e devidamente fichado. Ele era o coletor, o preparador e o curador e, por isso, conhecia quase todas as plantas do estado e suas associações. A cada três meses ele revisava planta por planta, para os cuidados necessários de conservação. Para domínio de toda esta obra gigantesca, Pe. Rambo tinha uma pontualidade e organização que deixava a todos admirados.
Suas publicações botânicas começaram em 1932, juntamente com a fundação do Herbário. Até sua morte ele tinha publicado 40 trabalhos em diversas revistas científicas e. ainda deixou prontos 14 manuscritos, referentes a outras famílias do seu herbário. Para publicar todo o acervo ele calculava precisar mais 20 anos.
Uma das obras mais importantes de Rambo é a “Fisionomia do Rio Grande do Sul”, um tratado geral sobre a fisionomia do estado, que compreende os apontamentos e observações de dezenas de milhares de quilômetros viajados, de avião ou por terra. A obra é tão vasta e abrangente que um dia alguém achou impossível que um único homem tivesse feito todas estas observações.
Sua coleção está aos cuidados do Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, junto com a de outros colegas. A coleção que hoje soma 140.000 exemplares está toda acessível on line

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Homenagem ao Padre Clemente José Steffen SJ

Padre Clemente José Steffen S.J. era sacerdote jesuíta. Nasceu em Santo Cristo, RS, em 14.09.1925 e faleceu em São Leopoldo, RS, em 14.04.2003.
Era Bacharel em História Natural e especialista em Fisiologia Vegetal e Ecologia.
Como professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, dedicou sua vida aos alunos, aos colegas e à manutenção da ecologia do Campus Universitário.
Desde 1992 interessou-se pelas plantas medicinais: plantou-as num grande jardim, criou uma coleção de herbário, reuniu suas sementes e deu princípio a uma Farmácia Viva.
A partir de 2010 o Instituto Anchietano de Pesquisas se envolveu na continuidade do Projeto Plantas Medicinais.
Publicação:


Aquisição: envie e-mail para anchietano@unisinos.br

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Santo Inácio de Loyola - Estátuas Missionerias

No dia 31, de julho de 2016, foram comemorados os 47 anos da Unisinos como universidade. Foi neste dia que lembramos, também, os 460 anos da morte, em Roma, na Itália, com sessenta e cinco anos de idade, de Santo Inácio de Loyola, instituindo-se, a partir desta data, o dia de Santo Inácio.
Nascido em 31 de maio de 1491, na localidade de Loyola, no atual município de Azpeitía, a vinte quilômetros de São Sebastião, no país basco.  Filho de Dom Beltrán Yáñez de Loyola e Dona Marina Sáenz (ou Sánchez), era o mais novo dos treze irmãos, recebeu o nome de Iñigo López. De família cristã, pertencente à nobreza, foi educado para se tornar um perfeito fidalgo. Cresceu apreciando o luxo da corte, tornando-se, inclusive, um ótimo cavaleiro.
Com 26 anos de idade foi ferido durante a defesa da cidade de Pamplona e ficou um longo período em convalescença, quando trocou as leituras dos romances de guerra por livros sobre a vida de santos e a Paixão de Cristo. Curado, mudou a vida de cortesão para uma de dedicação a Deus. Foi, então, à capela do santuário de Nossa Senhora de Monserrat, pendurou sua espada no altar e deu as costas ao mundo da Corte e das pompas. A partir desse momento passou a se chamado de Inácio. Viveu como eremita num lugar isolado, passando as mais duras necessidades. A partir de suas experiências nesse lugar escreveu o seu livro mais importante: “Os Exercícios Espirituais”.
Em 1528 mudou-se para a Sorbone de Paris, onde estudou Filosofia e Teologia. No ano de 1534, com seis companheiros, fundou a Companhia de Jesus. Nasciam, assim, os missionários jesuítas que se espalharam pelo mundo levando o Evangelho para os povos mais longínquos do planeta, inclusive para a América do Sul. Foi em 1540 que o Papa Paulo II aprovou a Companhia de Jesus, que então se compunha de poucos membros. Seu lema era “tudo para a maior glória de Deus”. De servidor de um rei terreno tornou-se líder de uma legião a serviço do Papa.
É comum, hoje em dia, encontrarmos instituições educacionais como colégios e universidades com o nome deste santo. Então poderíamos nos perguntar: qual a herança que ele nos deixou no campo educacional? Sabemos que a Companhia de Jesus é, por vontade do seu fundador, uma Ordem educadora da juventude, por intermédio de escolas, colégios e universidades.
Outras instituições educadoras dos jesuíticas são os museus. Museu é uma instituição onde se guarda organizada e belamente a memória dos ancestrais para gozo e aproveitamento dos descendentes; ele conta sua história. O Museu Capela, localizado junto ao saguão da Biblioteca da Unisinos, abriga a memória dos missionários jesuítas com os índios guarani e com os imigrantes europeus do sul do Brasil. Além de uma riquíssima coleção de vestes e objetos sacros das paróquias, dos colégios e dos seminários atendidos pelos jesuítas, ela exibe uma preciosa coleção de 12 esculturas, restauradas, provenientes dos Sete Povos das Missões, do século XVII e XVIII.

Estátua 1: Santo Inácio de Loyola 

Estátua 2: Santo Inácio de Loyola
Entre elas se destacam as duas grandes esculturas de Santo Inácio reproduzidas nas fotos: uma é Santo Inácio místico em vestes litúrgicas, a outra Santo Inácio real, com vestes de trabalho e fisionomia autêntica, da máscara mortuária.
Estátua 1: detalhe do rosto, feito a partir da máscara mortuária

Estátua 2: detalhe do rosto

Uma boa dica para quem quer aprofundar o conhecimento sobre a vida de Santo Inácio é ler o livro escrito por Reinholdo Aloysio Ulmann, coordenado pelo padre jesuíta 

Texto produzido por Jandir Damo

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Mostra de Iniciação Científica - UNISINOS

A Universidade do Vale do Rio dos Sinos tem como tradição realizar, uma vez ao ano, a Mostra de Iniciação Científica, cuja finalidade é proporcionar um espaço de trocas de experiências entre os estudantes em incursão científica. Assim, todos os anos essa mostra reúne alunos pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, os quais são avaliados por banca examinadora. Aqueles estudantes universitários que se interessam por Arqueologia podem adquirir, conforme disponibilidade, bolsas de Iniciação Científica junto ao IAP, onde são orientados pelo Prof. Dr. Pedro Ignácio Schmitz ou pelo Prof. Dr. Jairo Rogge.
Durante a última mostra, dois bolsistas de IC do IAP apresentaram os resultados inicias de suas pesquisas arqueológicas, sendo eles Jefferson Nunes e Ranieri Rathke, ambos do curso de História.
Jefferson está há dois anos desenvolvendo pesquisas junto ao IAP. Este ano, sob orientação do Dr. Schmitz, ele apresentou o trabalho “O Guarani no Alto Vale do Rio dos Sinos”, o qual está vinculado ao projeto A Ocupação Guarani do Vale do Rio dos Sinos. O enfoque da pesquisa esteve no sítio arqueológico Monte Serrat 1 e 2, caraterístico da ocupação Guarani da região. Para ele:

Apresentar na MIC é sempre uma grande experiência, já que nos permite estar em maior contato com nossos pares, mostrar nosso trabalho e aprender com a pesquisa dos colegas. É uma possibilidade de grande importância inclusive para desenvolver a oratória, pois melhora o desempenho nas apresentações acadêmicas. Certamente me tornarei um acadêmico melhor a cada apresentação do tipo que tiver a oportunidade de participar”.
Mapa da localização do sítio arqueológico estudado por Jefferson. 

Mostra de material lítico retirado do sítio arqueológico estudado por Jefferson.

Ranieri Rahtke está há 1 ano e 4 meses no IAP e este ano ele também apresentou pesquisa sobre o povoamento dos Guarani, porém de diferente sítio. Seu enfoque esteve no RS-S-278, localizado à margem direita do baixo curso do rio dos Sinos. Esse sítio arqueológico encontra-se em área elevada, circundado por banhado. Nele foi encontrado abundância de material lítico e cerâmico que servem de base para a sua análise. Nas palavras desse aluno, a mostra é:
“sempre uma oportunidade para além de expor o trabalho, possibilitar uma maior inserção no mundo acadêmico, aprendizagem e interação através da apreciação de trabalhos de outras áreas, permitindo uma maior dinamização do conhecimento e capacitação do aluno de graduação para uma possível sequência no degrau acadêmico”.
Área do sítio arqueológico analisado por Ranieri
Desenho das bordas cerâmicas analisadas por Ranieri

quarta-feira, 15 de junho de 2016

O cálice de Augusto Servanzi

Dentre os inúmeros objetos litúrgicos encontrados no Museu Capela da Unisinos, um me chamou a atenção entre os demais. Um pequeno cálice metálico, desgastado pelo tempo, mas com uma enorme importância histórica. Ao examiná-lo, encontramos gravado em sua base (em latim) a seguinte descrição:

“Leão XIII, Pontífice Máximo, a 26.10.1878 recebeu com vulto benigno a Augusto Servanzi S.J., que estava começando sua viagem ao Brasil, e lhe deu de presente o altar (provavelmente o altar portátil que incluiria o cálice) que fora presenteado ao Papa Pio IX a 21 de maio de 1877, dia do seu jubileu áureo de dignidade episcopal. A.A.S.J.”

Conforme registro encontrado no livro de Inácio Spohr, “Memória dos 665 Jesuítas da Província do Brasil Meridional – Novembro de 1867 – Novembro de 2011”, Padre Augusto Servanzi nasceu em San Severino, Macerata, Itália, em 20 de agosto de 1840. Em 1865 já era sacerdote quando decidiu ingressar na Companhia de Jesus. Em 1871 foi enviado para a Missão no Brasil Central, onde foi professor e prefeito no Colégio de Recife, Pernambuco, de 1872 a 1874. Em seguida, assumiu os mesmos cargos no Colégio São Luis de Itu, no estado de São Paulo, no período de 1875 a 1877. Mais tarde, dirige-se ao Sul do Brasil, assumindo as funções de superior, ecônomo e missionário no Colégio Sagrado Coração de Jesus, na Ilha do Desterro, hoje, Florianópolis, Santa Catarina, de 1877 a 1879.
Padre Augusto foi responsável direto pelo encaminhamento religioso de Amabile Lucia Visintainer, que anos mais tarde viria a ser conhecida como Irmã Paulina (agora Santa Paulina). Servanzi ainda deu missão em Lages, Santa Catarina e, em abril de 1888, partiu para Goiás, percorrendo mais de 3.000 km a cavalo, para chegar aos índios Apinagé com os quais trabalhou por alguns anos até ser designado para o estado de Pernambuco, onde faleceu em 22 de maio de 1891, aos 50 anos de idade, sendo 25 destes dedicados ao sacerdócio.
Nesse pequeno relato, sem aprofundar-me em maiores detalhes históricos, quero exemplificar quanta informação pode carregar um simples objeto, muitas vezes abandonado em condições impróprias. Um cálice, que pertenceu a dois Papas, cruzou o Atlântico nas mãos de um padre que percorreu o Brasil e  teve um papel importante no caminho de uma religiosa que se tornou santa. O objetivo do Museu Capela da Unisinos é justamente recuperar e preservar a memória da história jesuíta, parte integrante da história dos colonizadores a partir do século XIX.
O museu recebe frequentemente visitas de escolas e é emocionante ver o olhar das crianças perante os objetos expostos. Sempre acompanhados por monitores que os orientam, os estudantes têm a fantástica experiência do contato material com a História.  Muitas vezes, essas visitas são acompanhadas pelo Padre Pedro Ignácio Schmitz, que sempre emocionado, conta a história do “Lixo que virou Luxo”, fazendo alusão aos objetos que estavam abandonados e finalmente receberam um lugar de destaque.

O Museu Capela Unisinos é um local para ser visitado sem pressa. Apesar de pequeno em espaço, oferece aos visitantes objetos ricos em detalhes que trazem consigo o valor histórico e religioso de nosso povo.

Texto produzido por Márcio de Mattos Rodrigues, aluno do curso de História da UNISINOS.

Referências:

Memória dos 665 Jesuítas da Província do Brasil Meridional – Novembro de 1867 – Novembro de 2011 – Padre Inácio Spohr, SJ. – Editora Padre Reus
Paróquia São Sebastião – Diocese de São Carlos - SP
Família Madre Paulina Brasília – História de Santa Paulina
Madre Paulina, a coloninha – Fidélis Dalcin Barbosa – Edições Loyola – 11 edição. 2005
Ser para os outros – Perfil biográfico de Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus – Amabile Visintainer – 1865 -1942 – Célia B. Cadorin - Edições Loyola. 2 edição. 2002


quarta-feira, 27 de abril de 2016

60 anos de Instituto Anchietano de Pesquisas

Fundado em 22 de abril de 1956, o Instituto Anchietano de Pesquisa (IAP) completa 60 anos. No seu início, tinha o objetivo de congregar jesuítas da província meridional da Ordem que, nos colégios e na missão de Diamantino, no estado do Mato Grosso, realizavam pesquisas científicas em campos da Química, da História Natural, da Antropologia, da Arqueologia e da História. Nesse tempo, o intuito do instituto também era o de facilitar a publicação dos seus trabalhos, de manter e divulgar os acervos por eles reunidos e garantir a continuidade de seus projetos.
Com o surgimento da UNISINOS vários desses campos passaram para a universidade. Nos dias de hoje, o IAP se dedica à realização de pesquisas arqueológicas, biológicas, botânicas e a publicação dos resultados de seus trabalhos no periódico Pesquisas. Mantém o herbário com 140.000 exemplares, totalmente online, que desde 2014 até hoje teve seis milhões e trezentos mil acessos. Desenvolve atividades com plantas medicinais. A equipe de arqueologia realiza pesquisas em grande parte do território brasileiro. Criou um Museu Capela e um Museu Arqueológico abertos ao público e às escolas da área.
Com o intuito de comemorar nossos 60 anos de atividade, esperamos realizar ao longo do ano novas postagens sobre a história do Instituto e suas funções, ressaltando a sua importância enquanto lugar de produção e divulgação de conhecimento.
Você pode agendar uma visitação guiada aos museus do IAP através do nosso endereço eletrônico anchietano@unisinos.br. Também é possível apreciar um pouco mais dos trabalhos do IAP através do site: http://www.anchietano.unisinos.br/.