segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Boas Festas!

Chegou mais um fim de ano! É hora de agradecer por todas os desafios enfrentados em 2018, e todos os obstáculos vencidos! 

Que o espírito do Natal possa iluminar nossos caminhos, e trazer um Ano Novo cheio de realizações, alegrias e novos desafios!

A equipe do Instituto Anchietano de Pesquisas deseja a todos um Feliz Natal e um próspero 2019! 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Entrevista com Pedro Ignácio Schmitz na Arqueologia em Ação


Foi divulgado no YouTube, no canal Arqueologia em Ação, um especial com o professor Pedro Ignácio Schmitz, gravado em abril de 2018, onde o arqueólogo falou um pouco sobre toda sua trajetória acadêmica desde os anos 1950, com condução do também arqueólogo Marlon Borges Pestana, da FURG.

O professor contou sobre sua formação inicial, relação com a ordem Jesuíta, momentos chave de sua trajetória, as suas concepções, e o envolvimento na definição de conceitos e pesquisas que formaram toda a base da Arqueologia Brasileira como a conhecemos hoje. 

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Grupo de Estudos Arqueologia Anchietano


Aconteceu, no último dia 10 de novembro de 2018, o primeiro encontro do Grupo de Estudos Arqueologia Anchietano. A aula inaugural ficou por conta do professor Pedro Ignácio Schmitz, que apresentou a todos os primeiros passos da Arqueologia no Brasil.

Criado e organizado pelos pesquisadores Marcus Vinicius Beber, Suliano Ferrasso e Márcio de Mattos Rodrigues, o grupo tem por finalidade reunir os alunos do curso de História e demais estudantes interessados da Unisinos, com a intenção de proporcionar atividades extra-curriculares nas áreas de História, Arqueologia e Educação Patrimonial.

Com a participação voluntária dos professores e palestrantes, esses encontros acontecem aos sábados pela manhã nas dependências do Instituto Anchietano de Pesquisas, onde os alunos têm acesso a todo o acervo material da instituição. Os primeiros encontros visam integrar os alunos ao ambiente de pesquisa arqueológica, abrangendo seminários, visitas técnicas e saídas de campo.

O último encontro de 2018 está previsto para o dia 8 de dezembro mas retornará em 2019 com um cronograma a ser divulgado à todos os interessados. O Grupo de Estudos Arqueologia Anchietano conta com a colaboração do coordenador do curso de História da Unisinos, Jairo Rogge e tem como patrono o professor Pedro Ignácio Schmitz.







quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Plantas Medicinais no Instituto Anchietano de Pesquisas: Capuchinha


Dando continuidade à divulgação do projeto Plantas Medicinais, iniciado no Centro de Ciências da Saúde da UNISINOS, em 1992, pelo P. Clemente José Steffen, publicamos hoje o artigo por ele escrito sobre a Capuchinha, uma planta da qual gostava muito pela beleza, uso medicinal e culinário.

Para ter acesso a outros arquivos do P. Clemente acesse a página: www.anchietano.unisinos.br

CAPUCHINHA
P. Clemente José Steffen, S.J.

A capuchinha, também chamada popularmente chagas, é uma planta que merecia mais atenção e aproveitamento. É ao mesmo tempo medicinal, comestível e ornamental. Sua origem é sul-americana, tendo sido levada do Peru para a Europa. Seu nome científico é Tropaeolum majus, da família Tropaeolaceae. 

Tem características bem marcantes. Seus caules rastejantes com suas folhas e flores de pecíolos longos cobrem barrancos, muros e depósitos de restos de construção, pelos quais parecem ter predileção. As flores têm cores variadas, predominando o amarelo e o vermelho. Sobre as folhas orbiculares, colocadas horizontalmente, costuma acumular-se água da chuva, sem elas se molharem.

Por causa das folhas e flores é uma planta ornamental muito chamativa. É anual, mas não precisa ser replantada, porque as sementes, três em cada fruto, caindo ao solo, renascem espontaneamente todos os anos.


Como alimento servem as folhas, flores e frutos. As folhas são ótima salada, de sabor picante e muita vitamina C. Mais saborosas ainda são as próprias flores. Os botões florais e também os frutos novos são preparados em conserva de sal e vinagre, sendo conhecidos como alcaparra dos pobres, usados como aperitivo.

Desde sua descoberta no Peru e sua transferência para a Europa, começou também a ser usada como planta medicinal. Rica em vitamina C, é eficiente no tratamento do escorbuto. Os marinheiros cultivavam-na em caixas nos navios para consumi-la durante as viagens. Segundo pesquisas recentes, toda a planta tem ação anti-bacteriana e anti-micótica. 

É empregada em infecções do sistema genito-urinário e do sistema respiratório. Especialmente as sementes são ricas em princípios ativos, sendo um antibiótico vegetal, ativo contra os micro-organismos dos gêneros Estafilococo, Proteus, Estreptococo e Salmonela. 


Além disso, a capuchinha tem ainda uma propriedade muito solicitada também em nossos dias, como diz um autor do começo do século: “... toda la planta, es decir, tallos, hojas y sus rabillos y flores, machacada en un mortero y formando emplasto, estimula la actividad del bulbo piloso, previene la caida del cabello y favorece su salida. Para ello, empléese siempre la planta recién cogida, córtese el pelo previamente y aféitese la cabeza antes de aplicar el emplasto”.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Plantas Medicinais no Instituto Anchietano de Pesquisas


A Universidade do Vale do Rio dos Sinos completa 50 anos de atividade em 31 de julho de 2019. Destes, 26 anos de estudo, ensino e divulgação de plantas medicinais. Pe. Clemente José Steffen SJ, naturalista, professor de ecologia e fisiologia vegetal do curso de Ciências Biológicas, iniciou, em 1992, o Projeto Plantas Medicinais no Campus da Unisinos de São Leopoldo.

O projeto criou e manteve um grande jardim didático com centenas de espécies de plantas medicinais, aromáticas, condimentares e comestíveis, cultivadas e espontâneas, nativas e exóticas. Também coleções de amostras de plantas secas, sementes, cascas e cipós, um herbário didático e o correspondente registro fotográfico. Em seu gabinete, disponibilizava uma biblioteca especializada para alunos e demais interessados.

A identificação botânica, os usos e preparos tradicionais, as formas de cultivo e manejo, as técnicas de coleta, secagem e armazenamento, eram ensinados e divulgados através de cursos de extensão, palestras, oficinas, folders e artigos populares.

Na década de 1990, Denise Maria Schnorr foi sua estagiária, bolsista e funcionária no Laboratório de Plantas Medicinais do Centro de Ciências da Saúde.

Após o falecimento do Pe. Clemente, em 2003, a Bióloga Denise Maria Schnorr, especialista em Saúde Pública e em Docência em Fitoterapia Aplicada à Nutrição, ficou encarregada deste trabalho.

Iniciou-se uma nova fase do projeto, no Instituto Anchietano de Pesquisas, com o objetivo de resgatar, atualizar e divulgar conhecimentos tradicionais e científicos das plantas medicinais, aromáticas, condimentares e comestíveis subutilizadas. A divulgação é feita na forma de oficinas e palestras nos cursos de graduação, como nutrição, gastronomia e biologia e em projetos sociais.

O Instituto Anchietano de Pesquisas, através do trabalho de Denise Maria Schnorr, passa a disponibilizar, nesta página, fotos, slides, textos, catálogos, revistas digitalizadas, materiais didáticos e links, resgatando o legado do Pe. Clemente José Steffen SJ.

Poster referente ao Projeto Plantas Medicinais na década de 1990.
Clique na imagem para ampliá-la.

Fotos, textos, catálogos, revistas digitalizadas e materiais didáticos sobre o Projeto Plantas Medicinais e Pe. Clemente estão disponibilizados em:
 www.anchietano.unisinos.br

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Texto Coletivo do Grupo Viver sobre o passeio aos Museus na Unisinos


No dia 03 de setembro de 2018, nós do Grupo Viver do CAPS II Capilé, visitamos os museus da Unisinos: o Museu Anchietano e o Museu Capela. Neste dia, tinha muita chuva, mesmo assim o passeio foi bom e muito educativo. Já para Rogério, foi muito "molhativo", pois estava sem guarda-chuva e foi ao museu errado: Museu do Rio dos Sinos. Pra piorar, o museu estava fechado. Saímos do CAPS Fernanda, Nilmara e Maria Ernestina, motivadas para chegar logo no museu.

Não desistimos, pois tínhamos convicção que seria bom conhecer mais sobre as culturas antigas. Chegamos no trem e logo avistamos o Renato, que parecia preocupado mas foi só nos ver que abriu aquele sorriso, essa pessoa tão amiga. Pegamos o circular e chegamos na Unisinos. Lá encontramos a Cláudia, que ansiosa e pacientemente nos esperava. Ao nos deparar com a Unisinos, pensamos sobre a quantidade de pessoas que lá frequentam e encontram refúgio para seus estudos.

Fomos recepcionados pelo Márcio e a Denise, que são funcionários da Unisinos responsáveis pelos museus. O Márcio foi quem nos acompanhou o tempo todo para nos apresentar os museus. No Museu Anchietano, explicava com amor sobre cada objeto, cerâmicas, arco, flechas, panelas, construções, pinturas e imagens
referentes às culturas dos povos indígenas, principalmente da América Latina. O que chamou a nossa atenção foram as panelas grandes de cerâmica que quando velhas eram utilizadas como urnas funerárias para enterrar seus mortos, que dentro delas eram acocados. Também chamou a atenção o tamanho do arco e flecha original e as pinturas rupestres.

Foi muito importante esta visita para conhecer e respeitar mais as culturas indígenas, quebrando alguns paradigmas sobre as suas formas de convívio com a natureza. No Museu Capela, vimos os vestuários dos padres, jesuítas, bispos e papas. Havia imagens de santos, uma delas feita por um indígena, castiçais, cálices, um oratório e uma Bíblia toda escrita em latim. Nesse museu, chamou a atenção a pedra angular que certifica o sagrado à Igreja, a estátua de um menino, as esculturas em madeira, a lápide que parece um tijolo, a foto da ruína de São Miguel.

Foi interessante conhecer este museu para saber mais sobre os jesuítas, a importância que dão para o conhecimento e conhecer outro ponto de vista sobre a posição da Igreja na época da colonização. Tivemos a triste coincidência de nossa visita acontecer um dia após o trágico incêndio no principal Museu do Brasil, que destruiu toda sua estrutura e mais de 18 milhões de itens em seu acervo. Com isso, pudemos refletir a respeito da importância de que o Estado e as instituições deem o devido cuidado e investimento para manter a nossa história viva para o acesso de todos. Assim como, que todos os cidadãos reconheçam a importância dos museus e busquem conhecer a história a partir do ponto de vistas não apenas dos povos dominantes.

Por Adriele, Fernanda, Márcio, Maria Ernestina, Nilmara, Renato e Rogério


Atividade com argila realizada no CAPS

Objetivo: Tentar produzir releituras sobre os artigos vistos nos museus

Principal aprendizado: Obtivemos contato com a argila e atividades ancestrais. Pensávamos que seria fácil, mas encontramos dificuldades em fazer desde os artigos mais simples. Com isso, aprendemos a dar mais valor para o artesanato indígena, seus saberes e sua cultura.




Exposição de fotos



Grupo Viver!



Afetos/efeitos especiais (por Rogério)


Texto elaborado pelo Grupo Viver, do CAPS II Capilé. Para conhecer o grupo, acesse: http://grupoviver.blogspot.com/

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A ESTÂNCIA MISSIONEIRA SÃO JOSÉ NOVO


Em 1731 foi criado, na parte meridional da estancia São José, um novo espaço de criação de gado, chamado São José Novo. Nesse espaço de 100 por 50 quilômetros, junto ao rio Arapey, seriam colocadas, inicialmente, 40.000 vacas que não seriam tocadas durante 8 ou 10 anos, esperando que sua reprodução, neste tempo, alcançaria um total de 200.000 animais.

A partir desse momento São José Novo se tornaria reserva de carne para o conjunto das reduções, onde qualquer uma destas poderia comprar os animais necessários, ao preço de 4 reais de prata por vaca.

Na Estância Santiago e na Estância São José (Queimada), além de gado vacum, se teriam criado cavalos, mulas, ovelhas e outros animais de pequeno porte. Com a especialização de São José Novo em gado de corte, se criaram para a reprodução destes animais, no lado argentino, em 1740, vários postos, cada um deles dedicado a uma espécie: ovelhas no posto de San Martin, cavalos no posto de San José, mulas de carga no de San Xavier, vacas leiteiras no de San Isidro, bois no de San Felipe e éguas nos de San Alonso y San Jorge. 

Estes postos, alinhados ao longo do rio Uruguai, passaram a ser, também, os pontos de parada e hospedagem dos tropeiros na rota do gado que, saindo das estâncias do lado oriental (São José e São José Novo), cruzava o rio num vau em rente à atual cidade argentina de Concórdia e levavam tropas de animais para as reduções situadas mais ao norte.

São José Novo, que ficava na República O. do Uruguay, e os postos da rota do gado, que ficavam na Argentina, ainda não foram visitados. Mas para eles conseguimos respigar informações ligadas a seus ocupantes, a suas atividades e a seu abastecimento na tese de H.S. Serres, 2018), que pesquisou relatórios deixados por superiores jesuítas. Livremente reproduzimos algumas dessas informações:

A administração da estância era responsabilidade do cabido da redução.

Segundo um Memorial do Padre Bernardo Nusdorffer, depois de visitar a São José Novo, em 31 de julho de 1744, moravam na estância um Irmão jesuíta incumbido da organização dos trabalhos, e um padre que não tinha residência permanente, mas periodicamente dava assistência espiritual aos moradores na capela da estância. Um e outro eram subordinados ao Cura da redução.

Para o serviço do irmão e do padre, o Superior das Missões deixou ordem que houvesse oito índios: dois pajens, dois para cozinha e padaria, um para a sacristia, um para a horta, um capataz e um velho.

Os índios estancieiros, que moravam na área de criação, se ocupariam exclusivamente com os rodeios e os trabalhos da estância, mas eram estimulados a, também, fazer alguma plantação para seu sustento.

Nusdorffer ordenou também que os da casa recebessem, cada ano, seis garrafas de vinho (para a missa), duas garrafas de sal, dois frascos de aguardente para remédio, quatro arrobas (60 Kg) de açúcar, uma bolsa de mel, um terço (tercio) de erva-mate para cada um, uma quantidade (carpeta) de doces. Supunha-se que colheriam ali mesmo o trigo e o milho necessários; caso contrário, eles seriam remetidos da redução.

Para os índios que estavam na casa e os da estância o P. Cura da redução enviaria a erva-mate e o fumo necessários, de maneira que para setenta índios, que estavam então na estância, seriam remetidas oitenta arrobas (1.200 Kg) de erva-mate e tanto fumo que ao menos tocassem dois maços (manoyos) para cada um, ao ano. A roupa necessária também seria dada pelo P. Cura, ou ele os vestiria quando visitasse a estância, ou a enviaria através do Irmão.

A vestimenta dos índios era muito simples. Os homens usavam camisa, jubão branco de algodão, ceroula, calça e poncho; as mulheres, um vestido largo e aberto. Sem sapatos e meias.

As estâncias tinham postos espalhados pelo território, especialmente por seus limites. Segundo a mesma tese de Serres (2018), um Memorial datado de 1762, sem assinatura e sem indicação a que estância se refere, dá uma ideia das pessoas desses postos. No Posto de Las Palmas, que só criava gado vacum, havia um capataz, mais três homens. No Posto del Bagual de Arriba, que também só criava gado vacum, havia um capataz, mais quatro homens.

No Posto del Bagual de Abajo, havia um capataz, mais 4 homens. No Posto del Rincón havia um capataz, mais seis homens. No Posto de la Carrada havia um capataz, mais seis homens e um rapaz. No Posto El Arreo, ou Casa, havia um capataz, mais quinze homens destinados ao campo. E mais 7 homens destinados a obras.

Na mesma estância estavam mais 3 velhos para acompanhar as carretas, 2 que distribuíam os couros para os cortadores, 2 sacristães, 6 meninos entre 3, 4 e 5 anos, 1 moço enfermiço, 1 cozinheiro. E ainda 34 mulheres casadas, 8 moças crescidas, 6 adolescentes, 5 mais novas e de colo, 2 meninas, ao todo 122 pessoas. Famílias.

Tanto ou mais gente, constituída por índios casados com suas famílias, teria havido na Estância de São José. Não ficou claro se eles vinham acompanhados por seus caciques nem quanto tempo eles ficavam fora do povoado e das atividades que neles se realizavam.


Fonte: Furlong, Cartografia, 1930, imagem Número XLIII.



































Postos criados em 1740 no lado argentino do rio Uruguai, que passaram a ser os lugares de parada na rota que levava animais das estâncias de São José e São José Novo para abastecer reduções necessitadas em território brasileiro, argentino e paraguaio.

Este é o começo de uma pesquisa e os elementos apresentados são pequenos fragmentos de uma história a ser contada. Se, na sua leitura, observar erros, ajude a corrigi-los.


Referência Bibliográfica

FURLONG Cardiff, G. Cartografia jesuítica del Río de La Plata. Buenos Aires: Talleres S.A. Casa Jacobo Peuser, Ltda, 1930.

SERRES, Helenize Soares. As estâncias missioneiras da Banda Oriental do Rio Uruguai. (Tese de Doutorado). 208 p. São Leopoldo, UNISINOS, 2018.

Organização das postagens sobre as estâncias missioneiras: Pedro Ignácio Schmitz.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

A ESTÂNCIA SÃO JOSÉ (Queimada) - Parte 2

As construções ocupadas pelos administradores da estância.

É um conjunto de três casas paralelas, com paredes de pedra, externamente sem reboco, internamente rebocadas talvez por ocupantes posteriores ao período missioneiro. A cobertura original teria sido de palha, parcialmente talvez de telha-canoa; hoje é de folha de zinco.

O forro de tábuas, sustentado por barrotes paralelos expostos, cuidado no acabamento. Nas reduções do Paraguai, este forro é de bambu coberto por uma camada de barro, para sustentar um telhado de telha-canoa. As aberturas e seus materiais também são característicos. Em passado não muito remoto, nas casas teria funcionado um bolicho de beira de estrada.

Duas dessas construções, amostras típicas da técnica construtiva das reduções, foram unificadas por uma taipa usando as pedras da terceira casa, da qual apenas sobrou um pano de parede. Assim, foi criado um pátio protegido. As casas continuam ocupadas. Seu interior ainda não foi estudado por respeito aos moradores.

Nos fundos existem currais fechados por taipas que, provavelmente, são relíquias do tempo das missões.


Imagem 1 - A primeira casa que tinha sido um bolicho de beira de
estrada e continua ocupada pelo dono.
Imagem 2 - Vista de conjunto. As duas casas do centro foram unificadas
fechando o espaço entre elas com uma taipa, usando as pedras da casa
arruinada. Para fazer sombra no descampado aparecem
novamente grandes árvores do umbu.
Imagem 3 - Vista lateral da primeira casa com típica da técnica missioneira.
A cobertura original, que teria sido de palha, foi substituída por folha de zinco.
Imagem 4 - Vista lateral da segunda casa.
Imagem 5 - A casa (ou igreja) arruinada.
Imagem 6 - O interior de uma das casas.
Imagem 7 - As taipas dos potreiros provavelmente ainda são antigas.


Fotos feitas na pesquisa de campo realizada pelo IAP em Janeiro de 2018, no território da antiga Estância referida.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

A ESTÂNCIA MISSIONEIRA DE SÃO JOSÉ (Queimada) - Parte 1


O espaço do manejo

Em 1701 foi criada, mais para o Sul, na região do rio Quaraí, a Estância São José, que absorveu a Estância Santiago. No mesmo ano da fundação, os índios Yaros (Minuanos) destruíram a estância, queimaram sua igreja e mataram dezenas de guaranis missioneiros, que ali haviam chegado numa vistoria do terreno. O gado se dispersou. Hoje o local se chama Queimada, ou Estância da Queimada.

Em 1702 a estância foi refundada, novamente na margem direita do rio Quaraí. Ela tinha como limite a Norte o Rio Ibicui, a Oeste o rio Uruguai, a Sul o rio Queguai, a leste os rios Ibirapuitã e Tacuarembó. A superfície total da estância alcançaria mais de 3 milhões de hectares.

Suas construções se constituem, como na Estância Santiago, do espaço de criação, composto pelas ruínas de uma casa, três currais e dois potreiros, e do espaço de moradia dos administradores, composto por três casas. Estas construções são mais sólidas e conservadas que as da estância Santiago.

Apresentamos primeiro o espaço de manejo dos animais.


Imagem 1 - As estruturas da área de criação vistas
do espaço, no Google Earth.
Imagem 2 - A leitura das construções.
Imagem 3 - Os cactos crescem sobre as ruínas da casa
em que moravam os estancieiros.
Imagem 4 - As fundações da casa, em pedras trabalhadas.
As paredes eram de adobe e a cobertura de palha.
Imagem 5 - Planta da casa, onde moravam os estancieiros.
Imagem 6 - O muro que fechava o grande curral circular, com largas
paredes de mais de dois metros de altura e acabamento a fio de prumo.
Imagem 7 - Vista dos currais retangulares.

Na próxima postagem mostramos as construções que se supõe sejam as casas da administração da fazenda, que distam três quilômetros e estão à beira de antiga estrada.

sábado, 22 de setembro de 2018

A ESTÂNCIA MISSIONEIRA DA REDUÇÃO DE YAPEYU

Esta postagem homenageia a José Afonso de Vargas, que começou a pesquisa sobre a estância jesuítica de Yapeyu e continua participando de sua pesquisa.

1. A Estância Santiago

A postagem de hoje é sobre o projeto ‘A Estância Missioneira da Redução de Yapeyu’, começado por José Afonso de Vargas na sua dissertação de mestrado na UNISINOS (A estância de Yapeyu, 2015), projeto que é continuado pela equipe de arqueologia do Instituto Anchietano de Pesquisas: José Afonso de Vargas, Jairo Henrique Rogge, Marcus Vinicius Beber, Suliano Ferrasso e Ana Meira, do PPG de Arquitetura da UNISINOS. A pesquisa bibliográfica é de Pedro Ignácio Schmitz. As ilustrações, quando não indicado de outra forma, são da equipe.

O projeto tem uma parte bibliográfica que informa sobre a trajetória e funcionamento da estância, e uma parte arqueológica que documenta a materialidade das instalações correspondentes. A postagem usa fragmentos de ambos os aspectos.

As missões dos jesuítas entre os guaranis, conhecidas como reduções, foram instaladas na Bacia do Rio da Prata, a partir de 1610. Cada uma reunia algumas dezenas de caciques (60, 70 ou mais caciques) com sua gente, para formar um núcleo populacional com mais de mil indivíduos. As tribos tinham vivido até então em pequenas aldeias de poucas casas de palha, explorando uma área de mato, onde, para sua manutenção, cultivavam plantas tropicais, caçavam e pescavam.

Durante as primeiras décadas de sua existência, as missões se apoiavam neste sistema de abastecimento, que se mostrou cada vez mais desajustado para a população reunida, resultando em grandes fomes. Para substituir a caça, que era aleatória e pouco rendosa, tão logo foi possível se introduziu algum gado, trazido de vacarias e estâncias espanholas da região de Corrientes e Entre Rios, gado que era mantido junto aos povoados. Com isto, algumas reduções, tanto das margens do rio Paraguai e do rio Paraná, como do rio Uruguai, conseguiram algum alívio alimentar.

Mas as bandeiras paulistas da década de 1630 e 1640 interromperam o desenvolvimento e provocaram um período de destruição, de instabilidade e de movimentação desordenada dos povoados. Só a partir de 1670 foi encontrada uma fonte regular de abastecimento de carne, que foi a Vacaria do Mar, nascida dos pequenos rebanhos abandonados pelas reduções do Tape quando, na década de 1630, fugiram para a Argentina diante da arrasadora frente bandeirante.

O Governador de Buenos Aires, reconhecendo a origem missioneira do gado da Vacaria do Mar, determinou que ele fosse reservado para alimentação dos índios das missões. A partir de então, anualmente, ou de dois em dois anos, cada missão buscava ali os animais necessários para alimentar seus moradores. Afirma-se que o conjunto das reduções consumia ao redor de cem mil vacas por ano.
Esta movimentação também corresponde à redução de Yapeyú, fundada em 1627, uma das maiores e a mais meridional das missões. Ela estava situada no lado argentino do rio Uruguai em frente à desembocadura do rio Ibicui.

Em 1657 a redução de Yapeyu criou, no Rincão produzido entre os rios Ibicui e Uruguai, o primeiro posto de reunião de gado selvagem, que se chamou Estância Santiago. Em 1690 ela contava 70.436 vacas, a maior parte trazida da Vacaria do Mar

A estância Santiago permaneceu neste lugar até 1701, quando foi absorvida pela nova sede, chamada Estância São José, na bacia do rio Quaraí.

As instalações da chamada Estância Santiago se compõem de duas construções: o posto de administração na margem do rio Uruguai, em frente à redução, chamado O Aferidor; este prédio está conservado e continua sendo habitado. A estrutura de criação de gado, com as ruinas de uma casa, de três currais e três potreiros está mais arruinada. 

É o que mostramos a seguir:

Modificado de: Maeder; Gutierrez, 2009, p. 26.

O espaço das 30 reduções guaranis no começo do século XVIII quando se criaram ou estabilizaram suas estâncias de criação de gado. A mais extensa era a da redução de Yapeyu.

Fonte: FURLONG, 1962, p. 188.
Vista da redução de Yapeyu na margem direita do rio Uruguai.


A estância da redução de Yapeyu, com terrenos no lado direito e esquerdo do rio Uruguai. A primeira sede dessa grande estância se chamava estância Santiago, que durou até ser incorporada na nova estância São José (Queimada), criada em 1701. Dentro dessa estância se criou, em 1731, um espaço reservado para gado de corte, chamado São José Novo, que ficava mais longe da redução. 


Durante os primeiros anos as estâncias se abasteciam de gado das vacarias, onde os animais permaneciam selvagens. A primeira foi a Vacaria do Mar. No começo do século XVIII, quando esta se tornou inviável, foram criadas, sucessivamente, a Vacaria de San Gabriel, a vacaria do rio Negro e a Vacaria dos Pinhais. Ao se tornarem inviáveis por causa da depredação causada por índios, portugueses e castelhanos, foram criadas e ou consolidadas as estâncias, onde o gado tinha dono e era manejado.

Acervo IAP

O
Aferidor, a casa de administração da estância de Santiago, na beira do rio, em frente à redução que está do outro lado. A casa continua habitada.

Acervo IAP

Vista dos fundos de O Aferidor mostrando melhor a técnica construtiva típica das reduções.


As estruturas da Estância Santiago. No encaixe, a relação entre a redução, O Aferidor e a Estância Santiago.

Acervo IAP
As fundações da casa em que moravam os índios encarregados dos animais. As paredes da casa eram de adobe e a cobertura era de palha. 


A planta dessa construção acima fotografada.


A planta dos currais em que se fazia o manejo do gado.


O reforço em pedra da base da estacada de troncos do grande curral circular.

Referências Bibliográficas

FURLONG, G. Misiones y sus pueblos de guaranies. Buenos Aires: Imprenta Balmes, 1962.

MAEDER, E.; GUTIERREZ, R. Atlas territorial y urbano de las misiones jesuíticas de guaraníes. Argentina, Paraguay y Brasil. Sevilla: Instituto Andaluza  del Patrimonio Histórico. 2009.