O
Herbarium Anchieta-PACA foi fundado pelo Pe. Balduíno Rambo em 1932. Estava
sediado no Colégio Anchieta em Porto Alegre até o ano de 1964, quando foi transferido
para o Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, São Leopoldo.
Pe. Balduíno Rambo
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Desde
sua criação o herbário exerceu um papel fundamental junto à comunidade
científica estadual, brasileira e também internacional, pois Pe. Rambo
permutava informações, publicações e material com vários países de todo mundo. Quando
da sua morte em 1961, Rambo já possuía na coleção 65.000 exemplares de plantas
amostrando grande parte de diversidade do RS, também de outros estados
brasileiros e muitas amostras estrangeiras.
Desta coleção resultaram 40 trabalhos
publicados, em vida, em diversas revistas científicas; e deixou prontos para
publicação mais 14 manuscritos, num total de 930 páginas, referentes a outras
famílias do seu herbário, os quais foram publicados após sua morte.
Com a
morte de Rambo, o herbário passou a ser coordenado pelo Pe. Aloysio Sehnem
dando continuidade à sua obra. Desta maneira, a coleção foi crescendo. O Pe.
Sehnem dedicava-se especialmente a Briófitas, Pteridófitas e Orquidáceas, mas
também cuidava de plantas em geral, que foram somando na coleção; disponibilizava-as
para a realização de numerosos trabalhos em diferentes áreas da Botânica.
Pe. Aloysio Sehnem
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Sehnem
estudou praticamente todo o material do seu herbário particular, que juntamente
com o de outros, resultou em cerca de 50 trabalhos científicos e a descrição de
aproximadamente 100 táxons, incluindo espécies, variedades e formas novas para
a Ciência. Ele participou do Projeto
Flora Ilustrada Catarinense, tendo estudado praticamente todas as famílias de
Pteridófitas com exceção de Isoetaceae, Lycopodiaceae e Selaginelaceae,
Com a
morte de Sehnem, em 1981, a curadoria do Herbário passou a ser exercida pelo
Prof. Ronaldo Adelfo Wasum até o ano de 1993 e na sequência a bióloga Maria
Salete Marchioretto assumiu esta função, a qual exerce até os dias de hoje. Ambos
deram continuidade aos trabalhos iniciados pelos dois botânicos com a inclusão
de novos exemplares através de projetos de pesquisa e seguiram a dinâmica de
permutas, doações, empréstimos e publicação de numerosos trabalhos envolvendo a
coleção. Embora os sucessores no cargo de curador do Herbarium Anchieta não
sejam jesuítas, são biólogos que, imbuídos do mesmo espírito de Rambo e Sehnem,
buscam dar continuidade à obra e coleção iniciada por eles com o maior zelo,
rendendo graças por terem o privilégio de dispor desta preciosidade.
Atualmente
o Herbarium Anchieta possui uma coleção de aproximadamente 142.000 exemplares. Está
vinculado à Rede Brasileira de Herbários e à Rede de Herbários do RS. É considerado
um dos maiores herbários do Estado e está muito bem representado no país. Conta
com as coleções de Angiospermas, Licófitas e Samambaias, Briófitas, Fungos, Liquens,
Algas e Madeiras. Além disso, possui uma rica coleção de Tipos Nomenclaturais
somando cerca de 1.200 exemplares. Todas as imagens dos tipos estão disponíveis
no site do Instituto Anchietano de Pesquisas e no Specieslink.
Tipos
nomenclaturais de Angiospermas e Pteridófitas
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Tipos nomenclaturais de Fungos e Briófitas
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Sala da coleção de Angiospermas
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Coleção de madeiras
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O
herbário possui seus dados informatizados e de fácil acesso a todos, estes podem
ser encontrados através do Specieslink, no INCT Herbário Virtual da Flora e dos
Fungos do Brasil, bem como pelo Sistema de Informação sobre a Biodiversidade
Brasileira (SiBBr) e Global Biodiversity Information Facility (GBIF).
Os acessos ao site Specieslink demonstraram que no ano de 2018 tiveram mais de
6.000.000 de visualizações. Estes dados serviram de base para numerosos trabalhos
em nível nacional e internacional.
O
herbário mantém intercâmbio com herbários nacionais e internacionais, através
de empréstimos, permutas e doações integradas às pesquisas. Além disto, o
herbário recebe frequentemente visitas de pesquisadores de diferentes
instituições de ensino e pesquisa, que utilizam o acervo para desenvolver
trabalhos técnicos, monografias de conclusão de curso, dissertações e teses de
douorado. Neste sentido o herbário é um referencial nacional como coleção
científica, tanto pelo seu acervo, quanto pela política de atendimento ás
solicitações de empréstimos e informações.
Atualmente,
existe maior preocupação com a conservação de ecossistemas, o que tem
incentivado muitas atividades científicas no sentido de documentar nos
herbários a flora de diferentes áreas remanescentes, que se encontram ameaçadas
ou em processo de alteração. O Herbarium Anchieta está engajado no esforço em
definir espécies ameaçadas de extinção da flora do Rio Grande do Sul,
juntamente com projetos que visem a preservação e a conservação das mesmas.
Sala geral de trabalho e atendimento a alunos e
pesquisadores
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A dinâmica
que envolve o herbário caracteriza-o como um autêntico laboratório prático e
didático para o saber, envolvendo conhecimentos para a observação direta das
amostras botânicas. Através da educação informal se estabelece um fluxo de
atividades cotidianas no herbário, enquanto pela educação formal se dá a
aprendizagem coordenada, articulada ao domínio do conhecimento científico,
resultado dos constantes questionamentos da Ciência.
Com os
processos educativos, é proporcionada análise, absorção e síntese das
informações reconhecendo o papel fundamental do herbário como um instrumento
básico de ensino, associado à formação de novos pesquisadores especializados em
diferentes áreas da Botânica. O herbário tem uma atuação extremamente
importante perante a comunidade científica, pois disponibiliza diretamente seu
acervo aos pesquisadores e estudantes que trabalham com amostras vegetais,
atendendo a uma grande demanda de consultas e empréstimos.
Imagens e Texto: Dra. Maria Salete Marchioretto
Curadora do Herbárium
Anchieta, I.A.P., São Leopoldo.
Em tempos de desinteresse nas questões ambientais as coleções biológicas possuem um papel fundamental na preservação da história da biodiversidade do planeta e cada vez mais torna-se imprescindível que essas informações sejam divulgadas, de modo que não apenas quem é da área saiba da importância mas também o público em geral.
ResponderExcluirComo bolsista do Herbário desde 2015, tenho muito orgulho em poder participar de um espaço tão rico e que me proporcionou, e ainda proporciona, muito conhecimento.
Espaço lindo de conhecimento e aprendizado. Uma coleção tão rica que precisa ser preservada e valorizada pela universidade. Parabéns aos profissionais cuidadosos e dedicados que contribuem para a manutenção desse importante conteúdo.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirUma coleção fantastica, muito bem cuidada pela Dra Maria Salete que segue firme e forte, apesar dar dificuldades!
ResponderExcluirParabéns, Salete!
Lendo o artigo a respeito do Herbário tive a oportunidade de conhecer um pouco da história, e também, a respeito da importante e valiosa coleção que é preservada. contribuindo muito para importantes estudos e trabalhos desenvolvidos por pesquisadores, alunos e público em geral.
ResponderExcluirParabéns pelo artigo Salete, gostei muito, e também pelo trabalho que tens desenvolvido, sempre com amor e profissionalismo no Herbário. As futuras gerações agradecem.
Sugiro que o Blog do Herbário tem uma visibilidade de acesso mais rápida e fácil (de preferência um link na página principal do Minha Unisinos).
Tive o privilégio de atuar como bolsista no herbário PACA, com a orientação da querida Salete Marchioretto, que sempre com muito cuidado e zelo, ao longo de tantos anos, apesar de toda dificuldade, mantém todas as coleções intactas e sempre disposta a auxiliar e ensinar! Muito obrigada!
ResponderExcluirObrigada Ana Paula! Sempre é muito bom ter um retorno de quem participou e vivenciou de parte desta história!
ExcluirObrigada a todos que deixaram aqui seus comentários, com certeza estes tiveram a oportunidade de conhecer e valorizar estas coleções tão importantes para muitos estudiosos e defensores da natureza.
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