segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Minha vivência como estagiário de patrimônio no Museu Capela Instituto Anchietano de Pesquisas/Unisinos

Texto: Geraldo de Carvalho Santos – graduando do curso de História da Unisinos

SÃO MIGUEL ARCANJO MISSIONEIRO
Durante duas semanas do mês de novembro de 2016, me vi na contigência de realizar uma pesquisa histórica no Instituto Anchietano de Pesquisas cujo tema se desenrolaria a partir de três imagens de São Miguel Arcanjo que depois de transitarem por ignotos caminhos foram adicionados ao precioso acervo do Museu Capela do Instituto Anchietano de Pesquisas/Unisinos, em São Leopoldo.
Meu primeiro contato com aquelas estátuas foi frio e, aparentemente sem sentido. Sabia, porém, que aquelas imagens, que atravessaram três séculos, percorrendo caminhos imprecisos, traziam em si uma história de significados e representações. Eram símbolos que ainda hoje carregam, na dureza de sua madeira, a materialização da vontade humana, da inteligência humana e, sobretudo, da resistência às iniquidades dos homens e da maldade de seus espíritos (veja as imagens da postagem anterior, em 11/10/2016, que fala de São Miguel).
A lança na mão direita do Arcanjo, fincando de morte o dragão de maldades, enquanto seu corpo era esmagado pelos sagrados pés de São Miguel e, a balança na mão esquerda – símbolo de sensatez, equilíbrio e justiça – atestam, com muita retidão, o significado das lutas dos Guarani e Jesuítas contra a desarrazoada determinação dos homens maus, sequiosos por submeter a sua vontade, um povo que poderia ter sido muito feliz.
O transcurso da pesquisa me levou à outras questões que, embora sejam históricas, parecem pertinentes a uma distinta ordem de considerações que, de toda a sorte, ainda assim, enriquecem o significado daquelas imagens. Estou me referindo em particular ao Movimento Barroco, com sua estética bruta, com a incontida manifestação do espírito criador a se afirmar, na imprecisão das suas formas, dos seus volumes e das suas cores, como algo vivo e pulsante, como testemunho de vida de umas gentes de um determinado tempo, mas sobretudo como um alentado exemplo para os dias de hoje.
Não tenho como avaliar se o resultado da minha pesquisa foi positivo ou não, mas, fica muito viva a sensação de ter feito um trabalho, que por força de causas contrárias à minha vontade e a minha capacidade, se mostra incompleto e, por isso mesmo, é possível que a sua importância tenha ficado aquém da minha vontade.
Não posso deixar de agradecer ao padre professor Dr. Pedro Ignácio Schmitz e a sua equipe do Instituto Anchietano de Pesquisas, pela colaboração e pela paciência que tiveram comigo durante a confecção do meu trabalho.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Minha vivência como estagiário de patrimônio no Museu Capela

Instituto Anchietano de Pesquisas/Unisinos

Texto: Michel Leite – graduando do curso de História da Unisinos

PADRE INÁCIO DE LOYOLA

Patrimônio cultural é o conjunto de bens materiais e/ou imateriais, que contam a história de um povo através de seus costumes, comidas típicas, religiões, lendas, cantos, danças, linguagem superstições, rituais, festas, imagens e esculturas. Através do patrimônio cultural é possível conscientizar os indivíduos, proporcionando aos mesmos a aquisição de conhecimentos e sentimentos para a compreensão da história local.

Neste trabalho conheceremos mais sobre a estátua do padre Inácio de Loyola, que se encontra no Instituto Anchietano de Pesquisas, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, e é sinônimo de um exímio patrimônio cultural.

Padre Inácio, de nome Íñigo López, nascido em 31 de maio de 1491 em Loyola atual munícipio de Azpeitia, fazia parte de um grupo de espanhóis de muita autonomia e de identidade forte chamados de bascos. Inácio era o mais jovem entre seus treze irmãos, de uma família nobre. Viveu longas jornadas como militar por muitas vezes prejudicando sua saúde em combates, motivo que o levou aos 26 anos a dedicar-se a espiritualidade, na missão de descobrir como ser santo, como se tornar um santo, deste modo foi notória para Inácio a necessidade de estudar, abandando a carreira militar se mudou para estudar na universidade de Alcalá na Espanha, mas não estando satisfeito com o conhecimento ali adquirido, migrou para Paris onde inicia juntamente com mestres em letras e outros nobres a ordem da Companhia de Jesus, conhecidos como Jesuítas. Inácio era o líder, seu desejo e projeto de evangelização se inicia com sete pessoas, entre elas Francisco Xavier que mais tarde ficaria conhecido por suas missões no Oriente.

Aprovados pelo Papa Paulo III em 1540, o Padre Inácio é solicitado a enviar missionários para América, a exemplo do Brasil, onde exerceram um importante papel no inicio do processo de conversão dos indígenas durante a época colonial. Os Jesuítas se caracterizam na divisão por classes, constituindo os Legítimos (Profécios), os sacerdotes (colaboradores espirituais) e os irmãos (administradores das casas sem muita formação). Eles contribuíram com ensino nas regiões por onde passavam, auxiliando diretamente na fundação de varias cidades e construindo colégios em diversos pontos dos territórios de missões, integrando uma rede Jesuíta de educação. Após a difusão dos Jesuítas o Padre Inácio migra para Roma dando continuidade à administração da ordem coordenando e organizando de maneira geral todas as regras.

Nas missões a arte estava a serviço da catequese e do enaltecimento, não apenas dos santos da igreja, mas também dos fundadores da ordem jesuíta. Caracterizado por uma forma de execução coletiva, fato que pode ser observado na construção das esculturas, por encaixes de partes modeladas separadamente, em grande parte importavam peças da Europa para conclusão de algumas obras, de modo que pudesse servir de exemplo para os artistas indígenas. Fabricavam esculturas sacras geralmente de madeira policromada, esses serviços eram realizados junto ao colégio onde ficavam as oficinas, neste local eram trabalhados a madeira, os metais, o barro, o couro, o algodão e os pigmentos.

A construção da estátua do Padre Inácio de Loyola tem como fiel escultura o seu rosto, feito a partir de sua máscara mortuária, com detalhes para suas roupas de trabalho e fisionomia autêntica que retrata a sua figura como um herói fundador, homem de muito trabalho, dedicado à obra de Deus e a organizações sociais, objeto de culto e reverência. Esta estátua é sem dúvidas uma exemplificação de definição de patrimônio cultural, para qualquer pessoa que possa ter a oportunidade de conhecer sua história, estudar e entender sua importância para os Jesuítas, para as universidades e escolas organizadas e formadas pela ordem em muitos locais no Brasil.

Compreendendo a dedicação deste homem de revelar sua paixão por Cristo e pelo reino de Deus através da evangelização, é claramente manifesto que o Padre Inácio construiu um legado com suas obras que colaboraram para o desenvolvimento de diferentes povos, cidades e nações, e que a partir deste movimento passaram a ter acesso a novos conhecimentos e a novas perspectivas de vida. A importância da fundação Jesuíta e a sua iniciativa na história missioneira é motivo de respeito e admiração em todo mundo.



Estátua do Padre Inácio de Loyola no Museu Capela. Foto: do autor

Referências                                      
MALAGOLI, Ado. Museu de Arte do Rio Grande do SulMARGS. 2000
BRUXEL, Arnaldo. Os Trinta Povos Guaranis – Panorama Histórico institucional. 1978
http://coral.ufsm.br/ppgppc/ - Acesso em 20.11.2016