quarta-feira, 28 de agosto de 2019

ARQUEÓLOGO: QUEM É VOCÊ, O QUE VOCÊ FAZ, PARA QUÊ ISTO SERVE?



Quando começamos nossos projetos de pesquisa, em 1965, arqueólogo ainda não era um conceito popular. Quando muito se confundia sua pessoa com a imagem cinematográfica de Indiana Jones. Já eram conhecidos e identificados os agentes de outros campos semelhantes, como botânico, geólogo, zoólogo, observador de pássaros, todos pessoas ‘extra-vagantes’. A arqueologia não estava ligada a grandes empreendimentos construtivos, que identificam seus operadores pelo equipamento, a vestimenta, a ostentação de poder econômico. O arqueólogo se identificava como professor, era pobre, não tinha crachá e se assemelhava mais a um peão de estância. E sua atividade podia ser, facilmente, confundida com coleta de coisas velhas e quebradas para uma coleção ou um museu, aventura de férias escolares, diletantismo ou mesmo excentricidade.

Como responder à primeira pergunta do primeiro curioso: O que você achou? Quais os objetos mais importantes de sua pesquisa? Como fazer entender que o trabalho fazia parte de um amplo programa, cujo objetivo era amostrar as culturas indígenas do território nacional, identificando seus assentamentos e artefatos, sua implantação no ambiente, sua cronologia e, se possível, seus descendentes indígenas coloniais. A história dos nossos índios?

Esta postagem quer mostrar como foram executados alguns de nossos projetos em termos de financiamento, hospedagem e mobilidade, credenciamento junto aos moradores e a comunidade, atividades realizadas, divulgação popular e científica.

Para o trabalho havia alguns recursos proporcionados pelo IPHAN e alguma bolsa pelo CNPq, um convênio universitário, eventualmente uma verba de outro órgão público. Nunca se pensou em remuneração pelo trabalho, que era considerado parte do cargo ou da bolsa dos membros da equipe ocasional. Mas era sério: produção e disponibilização de conhecimento, típica atividade universitária.

A recepção não foi igual em todos os lugares em que trabalhamos. Em alguns, os arqueólogos ficaram durante anos e nem os donos dos terrenos em que realizavam a pesquisa se interessaram pelo assunto. Em outros, a população local visitava, em massa, os locais de trabalho, obrigando a equipe a manter um guia para atende-la. Não chegamos a falar nas escolas porque a pesquisa era realizada durante o recesso escolar; só num caso, mas era a escola que se deslocava maciçamente para o sítio próximo, participando das atividades. Quem divulgava os achados era a rádio e o jornal da localidade; alguma vez foram entrevistas na TV, em outra um frequentadíssimo curso de extensão, ou a fala na igreja depois da missa dominical e até num jantar do Rotary Clube.

Durante os 50 anos de pesquisa pelo Brasil afora a equipe nunca foi rejeitada ou molestada pela população, nem tivemos perturbação ou destruição de nosso trabalho, com duas exceções, uma no sertão pernambucano, em que dois bêbados, na ausência noturna dos arqueólogos destruíram dois crânios expostos; a outra, em Serranópolis, onde um esqueleto que permanecera exposto após o término dos trabalhos do ano, foi desmantelado.

Hoje a história do índio é conhecida até os confins do território nacional.


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CAXIAS DO SUL, RS. Pinheirais, colonização italiana, buracos de bugre.


Os colonos italianos de Caxias do Sul e arredores conheciam ‘buracos de bugre’, que engoliam bezerros nos potreiros e eram estorvo nas plantações. O bom mesmo era entulhá-los. Fernando La Salvia, professor de Geografia da Universidade de Caxias do Sul, participante dos simpósios da Área do Prata, foi o primeiro a fazer um levantamento deles, registrando 43 conjuntos em Caxias do Sul, 7 em Flores da Cunha e 4 em São Francisco de Paula. As ruinas dos antigos assentamentos dos ‘bugres’ algumas vezes só conservavam, superficialmente, alguns cacos de cerâmica, mas geralmente exibiam um, dois, até 50 ‘buracos de bugre’. Logo se pensou associar esses lugares aos índios Kaingang, dos quais se conheciam vários caciques lendários, famosos ao tempo da primeira colonização, como Braga, Doble, Nikué, por suas relações com os colonos alemães e estancieiros lusos. Em Caxias mesmo sobrevivia só um, convivendo pacificamente com os primeiros imigrantes. Os ‘buracos de bugre’ eram geralmente associados aos pinheirais, embora também houvesse alguns nos campos.

Mário Gardelin, que era Secretário de Turismo do município de Caxias achou o assunto interessante e assim nasceu um convênio com o Instituto Anchietano de Pesquisas Solidariamente se pensou numa pesquisa, para a qual foi escolhido um assentamento em Água Azul, composto por 36 estruturas entre casas subterrâneas e montículos funerários. Foram, então, escavados 4 ‘buracos’ entre grandes, médios e pequenos e 3 pequenos montículos próximos.

Por quem? Um grupo de jovens arqueólogos gaúchos e catarinenses ajudados por fortes trabalhadores contratados nas famílias italianas da comunidade e pagos pela Secretaria de Cultura de Caxias do Sul, em função de turismo futuro.

A equipe tinha condução da universidade e se hospedava numa pensão próxima.

O resultado? Os buracos foram logo interpretados como moradias de piso rebaixado, paredes e teto de palha sobressaindo do chão. Os montículos foram lidos como sepulturas de populações que praticavam manejo florestal, tendo como centro o pinheiro Araucária. O povoamento cobriu do século VI ao século XVIII, quando os povoadores começaram a ser conhecidos como Coroados, Guaianás e finalmente como Caingangues. Itala Irene Basile Becker fez o estudo minucioso dos costumes desses últimos.

Os materiais recuperados foram guardados no acervo do IAP sob os números de Catálogo 54-58, 74-77 e como Coleção Santa Lúcia do Piaí: M1 a M70. O material que ficou na Universidade de Caxias se extraviou.

Como foi a participação da comunidade local? O trabalho pesado das escavações foi realizado por trabalhadores contratados nas famílias locais; seus familiares vinham duas vezes ao dia trazer o lanche (pão caseiro, queijo, salame e vinho) levando de volta as novidades da escavação. Mário Gardelin, como jornalista, cuidava que os jornais espalhassem as notícias pelo Estado e o Brasil (veja abaixo).

E o pinheiral, em que se encontrava o assentamento, em algumas horas do dia parecia vivo com a gente que se movia ao redor dos buracos dando seus palpites.

Para os colegas arqueólogos ficaram os seguintes textos:

SCHMITZ, P.I. (cood.). 1967. Casas subterrâneas no planalto do Rio Grande do Sul. In: Arqueologia no Rio Grande do Sul, Pesquisas, Antropologia 16: 2-10.


BASILE BECKER, I.I. 1976. O índio Kaingang no Rio Grande do Sul. Pesquisas, Antropologia 29, 264 páginas.

LA SALVIA, F. 1983. A habitação subterrânea: uma adaptação ecológica. In: Günter Weimer (org.). A arquitetura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, p. 7-26.

SCHMITZ, P.I.; BASILE BECKER, I.I.; LA SALVIA, F.; LAZZAROTTO, D.; MENTZ RIBEIRO, P.A.  1988. Pesquisas sobre a Tradição Taquara no Nordeste do Rio Grande do Sul. Arqueologia do Rio Grande do Sul, Brasil. Documentos 2: 5-74.

SCHMITZ, P.I.; BASILE BECKER, I.I. 1991. Os primitivos engenheiros do Planalto e suas estruturas subterrâneas: a Tradição Taquara. In: Schmitz, P.I. (org.). Pré-História do Rio Grande do Sul. Arqueologia do Rio Grande do Sul, Brasil. Documentos 5: 67-105.
E os jornais?

 Folha da Tarde, 8 de maio de 1967. Arqueólogos descobrem aldeia indígena de idade desconhecida em Caxias do Sul, 10 x 10 cm.
18 de maio de 1967. Arqueólogos querem reconstruir aldeia subterrânea em Caxias do Sul, 21 x 14,5 cm.

Correio do Povo, 21 de maio de 1967. Pesquisas arqueológicas em Caxias do Sul revelam povo indígena desconhecido, 28 x 14 cm.

Folha da Tarde, 11 de janeiro de 1968. Convênio em Caxias, 16 x 4,5 cm.

Correio do Povo, sem data conhecida. De Mário Gardelin: Estudo de anos, um prefeito entusiasmado, o local, a casa grande, 27 x 9,5 cm.

Jornal do Brasil, 8 de janeiro de 1969. Índios gaúchos moravam no subsolo, 47 x 21 cm.

O Pioneiro, Caxias do Sul, 6 de março de 1969. Sítio arqueológico. Pesquisador estuda os vestígios, 18 x 26 cm.

Correio do Povo, 29 de maio de 1969. Arqueólogos confirmam: Casas subterrâneas de 1.500 anos em Caxias, 16 x 9 cm.
8 de junho de 1969. O mundo que a terra esconde, 52 x 33 cm.

Zero Hora, 17 de junho de 1969. Cavernas misteriosas na Serra (Veranópolis), 36 x 23 cm.

Jornal do Brasil, 17 a 24 de junho (1969?). Índios viviam em subterrâneos, 40,5 x 19 cm.

O Estado de São Paulo, 3 de julho de 1969. Achado em Caxias um cemitério do ano 800, 50 x 19 cm.
29 de agosto de 1969. Descobertas arqueológicas na zona de Caxias do Sul datam do ano 430 DC, 12 x 9 cm.

Jornal do Sinos, 5 de setembro de 1969. Instituto Anchietano incentiva pesquisa, 35 x 36 cm.

Correio do Povo, 2 de novembro de 1969. Mário Gardelin: O tesouro do Morro Grande, 14 x 36,5 cm.

Folha da Tarde, 2 de setembro de 1969. Arqueologia esquecida não tem verbas. (Fernando La Salvia), 36 x 25 cm.

Este foi o primeiro contato com as casas subterrâneas. Dele resultaram as primeiras explicações e surgiram outras tantas questões que ocupariam a equipe em outros tantos projetos: Vacaria (veja adiante), São Marcos, no Rio Grande do Sul; Taió e São José do Cerrito, em Santa Catarina.

Figura 1: Escavando uma casa pequena.


Figura 2: Um túmulo que ia ser escavado e seus expectadores.

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SANTA VITORIA DO PALMAR, RS. Cerritos, campos de touros, coleções.

Emídio P. Martino, dono da Farmácia Central, durante seis meses, usou a Rádio local, na hora dos avisos e recados do meio-dia, para anunciar que viriam uns arqueólogos. Se nos banhados de sua fazenda existiam cômoros nos quais o gado se abrigava durante as inundações de inverno, que passasse na farmácia para deixar a informação e juntamente a autorização para os arqueólogos os visitarem. Nessa hora todos os rádios das fazendas estavam ligados e os fazendeiros em estado de alerta.

Foi assim que, no verão de 1967, quando os arqueólogos se apresentaram na Farmácia Central, o dono lhes entregou um mapa com a localização de 42 sítios distribuídos pelo extenso município e as correspondentes autorizações de acesso. Na porta esperava um jipe com o motorista da prefeitura que conhecia todos os caminhos, e também havia uma reserva no Hotel Brasil.

 Em 15 dias a pequena equipe (Schmitz, Basile Becker, La Sálvia e Ir. Valeriano [Guilherme Naue]) visitou os sítios do mapa que somavam uma centena e meia de aterros, localmente conhecidos como ‘cerritos’. Problema de acesso não havia, porque, além da autorização por escrito, quando o jipe chegava na sede da fazenda, o motorista puxava o revolver para a frente e tranquilizava: ‘agora podemos ir’.

Foram realizados cortes em aterros grandes e pequenos, uns e outros acampamentos de populações caçadoras, mas só nos pequenos apareciam sepultamentos estendidos e um pouco de cerâmica (tradição Vieira), deixados por uma população meridional antiga, antecessora de Charruas e Minuanos. Sem datas.

Durante os anos de pesquisa nenhum humano ia conferir nosso trabalho, mas era frequente a companhia de uma centena de jovens touros, que ficavam olhando os buracos sem entender. Mas na hora do meio-dia chegava o pesado touro dono do campo; diante dos profundos cortes estratigráficos, berrava desesperadamente porque algum competidor teria feito buracos maiores que os que ele deixara.

Este foi o primeiro contato com os ‘cerritos’. O trabalho foi interrompido por ocasião de uma chuva interminável e apesar da promessa de que voltaríamos no ano seguinte, o trabalho nunca foi retomado. Cerritos foram, depois, estudados pela equipe nos municípios de Rio Grande, Camaquã, Palmares do Sul e Osório. 

Devido à dispersão da população nas grandes estâncias de criação, a rádio era mais eficiente que o jornal para manter a comunidade ao par dos resultados, como tinha sido para sua localização. E assim aconteceu que, num meio-dia de muito calor, fiquei encerrado na cabine da rádio do município falando durante uma hora sem interrupção sem ver ninguém, mas sendo escutado por muitos.
O material foi recolhido ao acervo do IAP: números 102-124, 135, 534-568. Ali também está grande amostra de restos biológicos e muito poucos restos humanos.

É necessário admitir que, se o trabalho dos arqueólogos proporcionou uma primeira visão geral da ocupação indígena nos dois últimos milênios, seus materiais são muito pobres quando comparados com os das ricas coleções que algumas pessoas antigas, não tão antigas e até atuais têm em suas casas.


A publicação também saiu muito atrasada: SCHMITZ, P.I.; GIRELLI, M.; ROSA, A.O. Pesquisas arqueológicas em Santa Vitória do Palmar. Arqueologia do Rio Grande do Sul, Brasil. Documentos 7: 5-96, 1997.

SCHMITZ, P.I.; NAUE, G. (Ir. Valeriano); BASILE BECKER, I.I. apresentam uma síntese ampla em ‘Os aterros dos campos do Sul: a tradição Vieira’. Arqueologia do Rio Grande do Sul, Brasil. Documentos 5: 107-132.

O jornal Liberal, em 30 de janeiro de 1971, publicou a única notícia. Visitantes ilustres, (os arqueólogos), 12 x 6 cm.

 Figura 1: La Salvia e Basile Becker e um peão escavando aterro. Do acervo do IAP.


Figura 2: Material de uma coleção. Do acervo do IAP.


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VACARIA, RS. Antes de Vacaria missioneira, antes de Vacaria paulista, casas subterrâneas e abrigo funerário.


A partir de 1997, depois de longa estada pelos cerrados do Brasil tropical, a equipe do Instituto Anchietano de Pesquisas voltou às casas subterrâneas do Planalto Meridional buscando, agora, especificamente, compreender a estrutura e utilização das casas, a composição da aldeia, o tempo e o ritmo dessa construção.

No interflúvio entre os rios Quebra-Dentes e Refugiado, afluentes do rio das Antas, foram localizados 11 assentamentos com muitas casas subterrâneas e um abrigo funerário com quantidade de ossos humanos superficiais misturados.

Tínhamos condução própria e nos hospedamos em hotel da cidade.

Foram escolhidos para estudo três sítios: o sítio RS-A-27, de Nelson Lima e Agostinho Vieira, com13 casas, um montículo grande e um médio; o sítio RS-A-29, de Pedro Vieira Borges, com 20 casas, um montículo grande e cerca de 20 estruturas menores, que pareciam ser túmulos individuais; o sítio RS-A-28, de Dinartino Borges de Vargas, um minúsculo abrigo rochoso em alto paredão basáltico, junto a uma queda de água e na proximidade de um assentamento com casas subterrâneas.

No primeiro assentamento foram realizadas intervenções em oito casas e no montículo grande; e, entre as casas, foram realizados 100 cortes de 1 x 1 m. Nas intervenções se recuperou grande quantidade de cerâmica. As datas do sítio indicam ocupações do século X ao século XIX de nossa Era.

No segundo assentamento foram realizadas escavações em sete casas e no montículo, com resultados semelhantes ao primeiro.

No abrigo funerário, conhecido localmente como ‘Perau das Cabeças’, os biólogos da equipe identificaram partes de ao menos 65 indivíduos, de ambos os sexos, representando 47 adultos, um adulto jovem, cinco jovens, 10 crianças e dois lactentes, provenientes de vários assentamentos com casas subterrâneas e ali depositados superficialmente e sem acompanhamento.

Os resultados corresponderam generosamente às questões formuladas sobre a construção e ocupação das casas e sobre a paulatina estruturação do assentamento. O abrigo funerário abriu uma janela para o tratamento dos mortos pelos ancestrais dos índios Kaingang: quando na proximidade havia um abrigo, ali eram depositados os mortos; quando não, eles eram enterrados em túmulos individuais. Posteriormente foram estudados diversos abrigos funerários coletivos, mas também numerosos túmulos individuais.

As estruturas de povoamento estavam preservadas em campos e capões de mato, sem chamar atenção e sem estorvar as atividades pastoris, como fenômenos da própria natureza. Para o trabalho no lugar não precisamos nenhum credenciador local; nossas pesquisas anteriores atestavam nossa competência. A relação com os proprietários tanto no RS-A-27, como no RS-A-29, agropecuaristas familiares lusos, se tornou uma relação de amizade, quase de familiaridade, mas sem curiosidade com relação aos resultados porque estes ficavam muito distantes do seu lidar cotidiano.

Era diferente a reação dos vizinhos do abrigo funerário. Ele fora transformado em lugar de respeito e peregrinação e nele havia uma cruz. Durante um mês os biólogos da equipe estudaram os ossos e, como não deram conta do serviço, foi pedido um empréstimo dos ossos por um mês para estudo em laboratório. Passados, então, três meses sem a prometida devolução, os moradores do lugar reclamaram a devolução dos ‘seus’ ossos. Lá estão eles de volta, associados e misturados em seu pequeno nicho, borrifados pela água que, da chapada se precipita paredão abaixo, para, depois de irrigar a densa floresta da encosta, se misturar às do rio Refugiado. Alguma vez durante o ano o murmurar da cascata, que embala os ossos, é interrompido por um grupo de pessoas que vêm rezar e cantar junto a eles, pedindo sua proteção.

Os materiais cerâmicos e lítios foram depositados do IAP: 1266-1333, 1266bis-1271bis, 1273bis-1275bis, 1354-1420, 1422-1577.

As observações arqueológicas, deram origem a várias publicações.

ROSA, A.O. 1999. Sepultamentos indígenas no Planalto Meridional do Rio Grande do Sul. Anais da X Reunião da SAB. Em CD-Rom.

KREVER, M.S.B; HAUBERT, F. 2001. Estudo dos remanescentes humanos do Planalto Sul-Riograndense: Projeto Vacaria. Anais da XI Reunião CientífiCa da SAB. Em CD-Rom.

SCHMITZ, P.I.; ROGGE, J.H.; ROSA, A.O.; BEBER, M.V.; MAUHS, j.; ARNT, F.V. 2002. O Projeto Vacaria: Casas subterrâneas no planalto rio-grandense. Pesquisas, Antropologia 58: 11-105.

SCHMITZ, P.I.; ROGGE, J.H. 2004. Dados e reflexões para o sistema de assentamento de populações ceramistas do Planalto do Rio Grande do Sul. Revista de Arqueologia 17: 101-115,
E os jornais divulgaram adequadamente.

Correio Vacariense, 29 de novembro de 1997. Estudos arqueológicos nesta região. Estudos arqueológicos em torno de Vacaria. 26 x 17 cm. Caricatura: escavações arqueológicas em Vacaria, 11 x 17 cm.

Jornal da Serra, 29 de novembro de 1997. Arqueólogos realizam pesquisa em Vacaria. Sítio arqueológico será pesquisado em Vacaria. 26 x 15,5 cm.

Correio Vacariense, 27 de janeiro de 2001. Arqueólogo conta a verdadeira história sobre os Índios Caingangues na região de Vacaria, 20 x 18,5 cm.
03 de fevereiro de 2001. Os chamados ‘buracos de bugres’ são conjuntos que formaram as antigas aldeias, 11 x 16,5 cm e 16 x 25 cm.
7 de fevereiro de 2001. Pesquisadores da Unisinos descobrem cemitérios dos Índios Cainguangues, 17,5 x 12 cm.
31 de janeiro de 2001. Índios Caingangues habitavam os Campos de Cima da Serra, 24 x 17 cm.

Pioneiro, 27 e 28 de janeiro de 2001. Caingangues têm história desenterrada. Grupo de arqueólogos está fazendo um estudo sobre aldeias indígenas, realizado na localidade de Refugiado 20 quilômetros de Vacaria durante os três anos de trabalho, elementos bastante significativos foram descobertos. 32 x 26 cm. As aldeias abrigaram diversas gerações, 13 x 26 cm.

Correio Vacariense, 27 de janeiro de 2001. Descobertas trazem novos dados, 21 x 8 cm.

Correio do Povo, 4 de fevereiro de 2001. Caingangues moravam em casa subterrânea, 9,5 x 26 cm.


Figura 1: escavando uma casa grande e pouco profunda. Do acervo do IAP.



Figura 2: Biólogos estudando os esqueletos do abrigo funerário. Do acervo do IAP.


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IÇARA, SC. As vacas de Mussuline e o cemitério indígena.

O projeto surgiu do convite de escavar um sambaqui feito pelo coordenador de Curso de Aperfeiçoamento na UNISUL, Criciuma, no qual dei uma disciplina sextas-feiras à noite. O sambaqui estava ameaçado de destruição por comerciante de areia e seria a oportunidade para conhecer esse tipo de assentamento arqueológico. Não era este o sítio predestinado para o momento; mais tarde fizemos a escavação.

Preparado o projeto, numa segunda-feira, a Kombi da UNISINOS nos deixou no lugar com o equipamento para estabelecer o canteiro de escavação. Acontece que o sítio era uma duna no meio de campo de dunas, corria um forte vento nordeste e em minutos os arqueólogos se tinham transformaram em estátuas de areia. Fim de projeto, embarcar e voltar para casa.

Será que na região não existe outro sambaqui interessante? Foi a pergunta.

Um guardador de vacas em campo próximo se achega: “No campo em que eu cuido as vacas de Mussuline Zanette existem conchas espalhadas na superfície da grama. Eu levo vocês até lá.” E ali, naquele dia e momento, nasceu o projeto Içara, um dos mais interessantes que chegamos a fazer.

Na barranca de antiga barra abandonada do rio Araranguá, no capim ralo do campo das vacas, apareciam realmente conchas marinhas formando manchas mais ou menos isoladas. A sondagem executada mostrou uma fina, mas intacta camada de conchas, predominantemente ostras, com grande quantidade de ossos de peixe, destacando-se os de bagres adultos. Havia também ossos bem conservados de antas, porcos do mato e veados, que cobriam os esqueletos humanos, um cemitério.

A Secretaria de Cultura do município nos ofereceu abrigo em escola próxima e a Kombi da APAE nos levava e buscava.

Em verões sucessivos, a escavação cobriu 364 m2, aproximadamente a metade do sítio, recuperando restos de 84 indivíduos humanos, entre homens, mulheres, crianças, jovens, adultos e velhos, além de toneladas de conchas, ossos de peixe e de mamíferos, muitos instrumentos líticos semelhantes aos das casas subterrâneas do planalto, reduzidos a pequenos fragmentos.

Dos esqueletos humanos, alguns estavam inteiros e conservados, outros chamuscados ou parcialmente queimados, outros, enfim, reduzidos a pequenos fragmentos calcinados ou a mera cinza; estes formavam pacotes mais ou menos densos, que conservavam a forma e o tamanho dos cestos em que tinham sido carregados. A maneira em que os mortos foram depositados responde à distância temporal e espacial entre a morte e a deposição, sendo os falecidos na proximidade sepultados de corpo inteiro (estendido ou fletido), os menos próximos transformados em fardo e assim carregados, ou o corpo submetido a uma cremação incompleta do corpo; os mais afastados teriam os esqueletos já secos cremados,  colocados num cesto e, na oportunidade, levados para o repouso no jazigo à beira do rio; se a ida para o cemitério demorasse, num mesmo cesto podiam estar juntadas as cinzas de até oito indivíduos morridos nesse prazo.

Feita a deposição, os parentes enlutados permaneceriam algum tempo festejando os falecidos para, novamente, voltarem a migrar na planície litorânea até uma próxima visita. Os restos dos animais consumidos na ocasião indicam que a visita se dava no verão, quando os grandes bagres entravam pela boca do rio para desovar nas nascentes.  As primeiras visitas teriam encontrado junto à foz do rio um banco de ostras de tamanho extraordinário por não ter sido anteriormente explorado. A camada de resíduos não é espessa, e forma círculos ao redor das covas de sepultamento, indicando os espaços ocupados pelos enlutados através do tempo. Nenhum fragmento cerâmico.

Duas datas de carbono 14 colocam o sítio no século VI de nossa Era.

A pergunta passou a ser: quem é você? Ela continua dividindo os arqueólogos, puxando-os para dois lados: sambaqui ou grupo Jê meridional.

Como as escavações eram realizadas na temporada de veraneio, e o sítio está perto da praia do Rincão, a visita de moradores próximos e distantes não parava, sendo necessário liberar um dos arqueólogos para atender as pessoas e cuidar das vacas e dos bezerros que cercavam as quadrículas. Os comentários dos visitantes eram os mais desencontrados; é que no local havia uma comunidade tradicional de açorianos, uma igreja pentecostal, italianos como a família de Mussuline e passavam veranistas de toda classe.

Os bezerros, por sua vez, se comportavam como crianças; enquanto você os fitava, tinham a cara mais inocente, quando virava as costas pulavam para dentro do canteiro, mexiam em tudo e aí deixavam sua marca, um belo cocô. Ainda mais sapeca era uma vaquilhona preta, de cabeça levantada, que não respeitava nem a densa grade que cobria os esqueletos à noite e, de manhã, estava ali sua marca, como a dos bezerros.

O material está guardado no acervo do IAP: o lítico sob os números A.1 a Z.15; o zoológico e o humano separados.

O estudo do assentamento produziu uma dissertação e várias publicações. Diversos arqueólogos retomaram o material guardado, mediram os crânios, fizeram DNA e a discussão da identidade do sítio continua: sambaqui ou grupo Jê meridional.

As publicações:

GOMES, M.P. 1998. Os sepultamentos do sítio arqueológico de Içara, SC (SC-IÇ-O1), Trabalho de conclusão do curso de História da UNISINOS, São Leopoldo.

GOMES, M.P.; HAUBERT, F.; KREVER, M.L.B. 1999. Os sepultamentos de Içara I: as formas de sepultamento. Revista do CEPA, 23(29): 31ss. Santa Cruz do Sul, UNISC.

SCHMITZ, P.I.; ROSA, A.O.; IZIDRO, J.M.; HAUBERT, F.; KREVER, M.L.B.; BITENCOURT, A.L.V.; ROGGE, J.H.; BEBER, M.V. 1999. Içara: um jazigo mortuário no litoral de Santa Catarina. Pesquisas, Antropologia 55, 164 páginas.

IZIDRO, J.M. 2001. O jazigo funerário de Içara no contexto litorâneo catarinense (Dissertação de Mestrado). São Leopoldo, UNISINOS. 155 páginas, anexos.

Os jornais espalhavam generosamente as notícias e traziam mais e mais visitantes.  
  
Diário de Notícias, 22 de julho de 1992. Ossos humanos, armas e cerâmica rústica. Sambaquis de Índios Charruas descobertos em Barra Falsa, 42 x 32,5 cm.

Diário Catarinense. 12 de janeiro de 1994. Descoberta ossada de 2 mil anos. 13 x 14,5 cm.

Tribuna Criciumense, 14 de janeiro de 1994. Escavações com novas descobertas prosseguem na Barra Velha – Içara. 9 x 22 cm.

Zero Hora, 14 de janeiro de 1994. Arqueologia. Descobertas ossadas de 2 mil anos. 15 x 15 cm.

Vale do Sinos, 29 e 30 de janeiro de 1994. Índios cremavam mortos no Sul há dois mil anos. 15 x 9 cm.

Primeira Hora, Vale do Caí. 3 de fevereiro de 1994. Arqueólogo de Bom Princípio descobre ossadas indígenas em Santa Catarina. 14 x 10 cm.

Boletim Informativo de Içara, s.d. (1995). Pesquisas arqueológica têm continuidade na Barra Velha, 16 x 11 cm.

Jornal Olho Vivo, 30 de junho a 7 de julho de 2000. Unisinos publica resultados das escavações arqueológicas em Içara, 14 x 17 cm.


Figura 1: Escavando no campo de vacas. Do acervo do IAP.

Figura 2: Visitantes. Do acervo do IAP.

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SERRANÓPOLIS. GO. Os caçadores 12.000 anos atrás não viviam sem pintar toda a casa.

Em 1973, depois de sete anos de pesquisa no Sul, começou o Programa Arqueológico de Goiás, com cinco projetos de 20.000 Km2 cada um: um no Norte, um no Sul, um no Leste, um no Oeste e um no Centro. No primeiro ano foi executado o do Centro, junto ao rio das Almas, um dos formadores do rio Tocantins. No segundo ano, o do Oeste, junto ao Alto Araguaia. No terceiro ano a área prevista, do Leste, junto ao rio Paraíba, se mostrou muito vazia e seria necessário buscar outra área. Foi então que Binômino da Costa Lima, de Jataí, nos surpreendeu com um recado urgente, falando que em Serranópolis, no Sudeste de Goiás, conhecia 40 abrigos rochosos pintados e que ainda ninguém aceitara pesquisa-los. Ele acompanhara as notícias do jornal sobre nossas pesquisas e ficou desesperado quando o mesmo jornal noticiou que em vez de continuarmos nossa rota para o Sul, estávamos infletindo para o Leste. Foi assim que ganhamos o melhor projeto do Programa, fora da programação prevista.

As pesquisas em Serranópolis nos ocuparam em 1975, 1976, 1978, 1980, 1982 e 1999. Foram realizados cortes estratigráficos em todos os abrigos, além de uma escavação de 40 m2 no maior deles. As pinturas e petroglifos foram todos documentados.

Para o lugar existem várias dezenas de datações por C14, mostrando que a ocupação teria iniciado no fim do último período glacial, ao redor de 12.500 anos atrás. A história do povoamento dos abrigos mostra três períodos, o primeiro de caçadores, denominado tradição Itaparica; o segundo, também de caçadores, denominado tradição Serranópolis; o terceiro, de cultivadores ceramistas, denominado tradição Una, o qual se estendeu até a colonização europeia. A arte rupestre foi denominada fase Serranópolis.

Como éramos estranhos na região, precisávamos de credenciamento.

O primeiro que acreditou em nosso trabalho foi Sr. Binônimo, importante morador de Jataí, que nos apresentou ao Sr. Manuel Braga, proprietário do lugar em que iríamos começar o trabalho. Este nos recebeu amistosamente e explicou que anos atrás teriam acampado ali uns índios, que deixaram pintadas as paredes das grutas. Falou ainda que estava abrindo um caminho a partir da estrada para as pessoas terem acesso aos abrigos para ver as pinturas, e que desbastaria o cerrado que cercava os paredões para sua maior visibilidade.

Expliquei a ele que as pinturas podiam ter dez mil anos e pedi que mantivesse o cerrado e protegesse as preciosas pinturas. Sua família passou a nos receber com doces como se fôssemos da família, uma das filhas abriu uma Pousada (a das Araras) e seu Manuel, mais tarde me comunicou, orgulhoso, que tinha mantido o cerrado, um dos poucos preservados na região e agora bem valorizado.

O segundo credenciamento foi o da dona da pensão, onde parávamos na então ‘corrutela’ de Serranópolis e espalhou pelo povoado: ‘Eles são diferentes do rondonistas que ficam tomando cerveja no bar; saem de manhã para o trabalho e voltam de noite; nos domingos estão em casa passando a limpo suas anotações.’

O terceiro foi do Sr. Diogo Lemes da Silva, no qual fizemos a escavação e que nos hospedou na velha casa de sua fazenda. Depois de três semanas de escavação no GO-JA-01, em janeiro de 1978, parte da equipe voltou a Goiânia para ver os familiares e na volta trouxeram o jornal O Popular, que em sua primeira página estampava em grandes letras ‘Serranópolis teve um primeiro povoamento há mais de 10.000 anos atrás’. Seu Diogo: ‘Então vocês não estão brincando’, convidou os fazendeiros vizinhos para uma reza do terço, um churrasco e um grupo de pagode animou uma famosa noite. Um companheiro da equipe trouxe uma placa de metal de mais de um metro de altura, que foi solenemente inaugurada com a presença das autoridades.

Não tardou o reconhecimento social: a fala num jantar do Rotary em Jatai, o título de cidadão honorário de Serranópolis, o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Católica de Goiás, mais tarde a patronagem do Laboratório de Arqueologia do Museu Histórico de Jataí para o líder da equipe, promoções todas de nosso patrono Binômino da Costa Lima e do coordenador do projeto pela Universidade Católica de Goiás, Prof. Altair Sales Barbosa.

Aconteceram duas depredações: a destruição do único sepultamento do GO-JA-01 (foto abaixo) no interstício de duas expedições, a intervenção indevida nas pinturas, que o jornal noticiou amplamente.  
Publicados os resultados, vieram os questionamentos nacionais e de alguns norte-americanos a respeito da idade e da representatividade de Serranópolis na ocupação do continente. A aceitação se tornou geral quando pesquisadores treinados e aceitos em importantes centros europeus retomaram os materiais, discutiram as propostas anteriores e confirmaram Serranópolis como um lugar central para compreender o povoamento americano em sua área tropical.

Os materiais resgatados foram divididos entre o IGPA/UCG e o IAP/UNISINOS. No acervo do IAP: GO-JA-437-453, 467-533, 680-764, 1144-1172, 1264bis. Grande amostra de restos biológicos. Cópias originais de pinturas e petroglifos.

Publicações de referência:

SCHMITZ, P.I; SALES BARBOSA, A.; JACOBUS, A.L.; RIBEIRO, M.B. 1989. Serranópolis I. Pesquisas, Antropologia 44, 208 páginas.

SCHMITZ, P.I.; SILVA, F.; BEBER, M.V., 1997. Serranópolis II: As pinturas e gravuras dos abrigos. Instituto Anchietano de Pesquisas: Publicações Avulsas 11.

SCHMITZ, P.I., ROSA, A.O.; BITENCOURT, A.L.V. 2004. Serranópolis III. Pesquisas, Antropologia 60, 285 páginas,

FOGAÇA, E.; LOURDEAU, A. 2008. Uma abordagem tecno-funcional e evolutivo dos instrumentos plano-convexos (lesmas) da transição Pleistoceno/Holoceno no Brasil Central. Fundhamentos 7: 261-347.

LOURDEAU, A. 2010. Le technocomplexe Itaparica: définition technofonctionnelle des industries à pieces faconnées unifacialement à une face plane dans le centre et le nord-est du Brésil pendant la transition Lléistocène-Holocène et l’Holocène ancien. Tese de doutorado. Nanterre: Université Paris Ouest.

Os jornais:

Correio do Povo, 10 de agosto de 1975. Pesquisadores gaúchos descobrem em Goiás grande depósito arqueológico. 40 x 14 cm. Ossos reabrem debate sobre o primeiro brasileiro. 35 x 10,5 cm.

O Estado de São Paulo, 25 de agosto de 1976. Cientistas estudam brasileiro de 11 mil anos. 23 x 11 cm.

O Globo, 25 de fevereiro de 1976. Descobertas as ossadas mais antigas do Brasil, 15 x 23 cm.

O Popular, 16 de janeiro de 1980. UFG (errado UCG) levantará clima de há 10 mil anos. UCG reconstitui clima goiano de há 10 mil anos. Arqueólogos virão para um seminário, 31 x 18 cm.

Folha de Goiás, 3 de agosto de 1982. Arqueologia. Em Goiás, a prova de 12 mil anos de existência de índio; e IGPA, recupera 50 anos. 50 x 33 cm (página inteira).

Folha de São Paulo, 26 de fevereiro de 1996. Arqueólogo vê espaçonaves em estranhos desenhos rupestres. 31 x 30 cm.

O Popular, 4 de fevereiro de 1996. Descoberto esqueleto de 10 mil anos. Encontrada em Serranópolis/GO o que pode ser a mais antiga ossada humana do Brasil. 25 x 15,5 cm.

O Popular, 4 de fevereiro de 1996. Encontrado esqueleto de 10 mil anos. Ossos podem ser mais antigos descobertos no País e revelam dados importantes do passado. 33 x 16 cm. Visitas às escavações, 12 x 11 cm. Região é referência, 7 x 11 cm. Chegada dos pesquisadores, 8 x 11 cm.

Folha do Sudoeste, 28 de julho a 4 de agosto de 1999. Ciência. O que faziam os homens por aqui há 11.ooo anos. 17 x 33 cm. Pousada das Araras. Cientistas estudam como os povos habitavam a região, há cerca de onze mil anos, uma população de pouco mais de 30 pessoas migrava até 300 quilômetros, mas tinham a “Pousada das Araras” com referência, 46 x 33 cm.

O Popular, 1º de agosto de 1999. Pintura de 11 mil anos é retocada, 30 x 20 cm. Decoração das casas primitivas, Morador descobriu as pinturas. Projeto é exemplo de preservação, 52 x 20 cm. Estacas de passarela revolvem sedimentos. Carpinteiro acha que ajudou a melhorar aspecto da gruta. Especialistas pesquisam solventes para a remoção, 52 x 29 cm. Funcionário contratado pela Funatura copia e retoca pinturas rupestres de 11 mil anos em um dos mais ricos sítios arqueológicos da América do Sul. Crime contra a Pré-História, 26 x 3 cm.


Figura 1: a grande placa do abrigo GO-JA-01. Do acervo do IAP.

Figura 2: O sepultamento do abrigo GO-JA-01, que foi destruído no intervalo entre duas expedições. Do acervo do IAP.

***
CORUMBÁ, MS. Centenas de aterros e extensas gravuras.


Como para Goiás, tínhamos um programa de quatro projetos de 20.000 km2 também para o Mato Grosso do Sul. Depois do Projeto Alto Sucuriu, no planalto, chegara a vez do Projeto Pantanal.

Assim, sob o guarda-chuva de um convênio com a UFMS, em julho de 1990, a equipe se deslocou a Corumbá, onde aguardavam o geógrafo Sérgio Izquierdo e a geóloga Angélica Bezerra. Eles não conheciam nenhum sítio arqueológico, mas Angélica lembrava ter visto algumas conchas na borda do grande lago Jacadigo. Fomos, na sua margem e nos campos alagadiços vizinhos havia realmente grandes aterros de conchas e ossos de peixes. Logo, o dono de uma pousada na outra margem do rio Paraguai informou que, ao nivelar uma pista de pouso para pequenos aviões, teriam surgido ossos humanos. Numa visita, no sábado seguinte, contamos mais algumas dezenas de aterros.

Sabendo da chegada dos arqueólogos, o caixa do Banco do Brasil falou a um deles que na encosta florestada do Maciço do Urucum, onde cultivava suas verduras, apareciam fragmentos de grandes panelas de barro.

Depois chegou a notícia de grandes lajedos cobertos por extensas e profundas gravuras, como os do Dr. Moutinho, Fazenda Figueirinha e da chácara dos Salesianos. No fim já eram 5.

E finalmente os jovens da Pastoral da Terra, que trabalhavam com o bispo local, informaram sobre os restos de duas missões do período imperial do Brasil.

Este foi o material com que nos ocupamos nos seguintes nove anos. Centenas de aterros de uma população que pescava, caçava e recolhia moluscos de água doce ao longo das lagoas e nos campos que alagavam anualmente; cinco grandes lajedos horizontais cobertos de extensas e profundas gravuras; várias aldeias de agricultores guaranis na encosta florestada do Maciço do Urucum; e ruinas de duas missões religiosas de meados do século XIX.

O primeiro aterro, do início do povoamento do pantanal, data de 8.500 anos atrás; a partir de 5.000 anos eles se multiplicam e passados mais dois milênios começam a produzir a cerâmica da tradição Pantanal, que hoje os identifica. As gravuras, geométricas ou representando pisadas de animais, certamente eram deles e podiam funcionar como orientação para seus passos de dança nas festas rituais.

Ao tempo da Conquista viviam na área índios canoeiros e pescadores da família linguística Chaquenha, como Guaicurus e Paiaguás.

As aldeias guaranis faziam parte da província do Itatim, da família linguística Tupi-guarani. Ao tempo da Conquista, alguns serviam aos colonos espanhóis da cidadezinha espanhola de Xerez, outros foram missionados pelos jesuítas e reunidos em reduções.

Ao pé do Maciço do Urucum e em terrenos mais secos do interior do Pantanal, viviam índios da família linguística Arawak, como os Xaray e Chané (Laianá e Terena), que, no século XIX, foram reunidos em duas missões, junto com índios do grupo chaquenho, sob o comando de frades franciscanos, contratados diretamente da Itália.

Tudo isso se tornou matéria-prima para nosso trabalho e resultou em publicações e dissertações de mestrado.

Nossa hospedagem, no começo, foi no velho palácio episcopal, em Corumbá, onde partilhávamos o fogão com as mulheres de assentados, que traziam os filhos para consulta médica. Depois o salesiano Padre João, reitor do Santuário Sagrado Coração, junto à praça central, nos hospedou durante anos no colégio desocupado. Mas para alcançar lugares interessantes que estavam afastados da cidade, nos abrigamos em hotéis do interior, num centro de pesquisa, num centro comunitário, na sede de uma fazenda e até passamos noites ao relento; uma vez, porque a velha Kombi quebrou num caminho isolado e, outra vez, porque um forte vento sul impediu que nossa pequena embarcação nos levasse de volta através das águas encapeladas; ficamos dormindo numa pequena ilha.

Enquanto dependíamos da única Kombi do Centro Universitário da UFMS, em Corumbá, nossa locomoção era insegura e pouco eficiente. Ressabiados, aprendemos a contratar uma Kombi; mas também andamos muito nos ônibus que iam para o interior e no pequeno barco do prof. Izquierdo.

As informações sobre nosso trabalho e seus resultados fluíam bem. Muitas noites os salões do Centro Universitário se enchiam de alunos dos cursos de extensão que promovíamos e lá estavam cravados nossos amigos da CPT. Os jornais e a estação de TV local nos entrevistaram mais de uma vez. A mais dramática foi depois da noite que ficamos presos na ilha, quando a população imaginou que podíamos ter naufragado.

Nossa relação com o povo das fazendas e da cidade foi sempre limpa e tranquila. As moças e moços gaúchos do CPT (Comissão Pastoral da Terra) eram nossos anjos da guarda, facilitando os contatos também nos assentamentos.

Mas quando programamos nossa última expedição para fechar o projeto já não nos deram acesso às fazendas por causa de drogas, de roubos e da insegurança geral da região. Hoje, só podemos agradecer esta atitude dos proprietários. Não éramos conscientes da ameaça da onça pintada, em cujo território estávamos nos movimentando e que, de noite, seguia nosso rasto. Por fim, quando, em casa, baixamos a imagem de satélite do Google Earth sobre os aterros que tínhamos estudado e nos propúnhamos continuar estudando, os vimos em longas filas ao longo do rio, os mais antigos mais perto, os mais novos correspondentemente mais longe da água, mostrando que o potencial do rio tinha aumentado em consequência do aumento da umidade ambiental. Nós tínhamos feito datas para as sucessivas filas e o trabalho não estava perdido. Também observamos, na mesma imagem, que nas duas fazendas contíguas, que tínhamos trabalhado, ao longo do rio, não existiam menos que 400 aterros.

As amostras de material estão no acervo IAP Corumbá: números MS1 a MS456. Ai também estão amostras biológicas e os documentos das gravuras.

As publicações:

GIRELLI, M. 1995. Lajedos com gravuras na região de Corumbá, MS. (Dissertação de Mestrado). UNISINOS São Leopoldo.

GIRELLI, M. 1995. Lajedos com gravuras na região de Corumbá, MS. Estudos Leopoldenses 32 (147): 91-107, São Leopoldo.

PEIXOTO, J.S. 1995. A ocupação Tupiguarani na borda oeste do Pantanal sul-matogrossense: Maciço do Urucum. (Dissertação de Mestrado). Porto Alegre, PUCRS, 127 páginas.

SCHUCH, M.E.J. 1995. Xaray e Chané: índios frente à expansão espanhola e portuguesa no Alto-Paraguai. (Dissertação de Mestrado). São Leopoldo, UNISINOS, 87 páginas.

EREMITES DE OLIVEIRA, J. 1995. Os argonautas Guató. Aportes para o conhecimento dos assentamentos e da subsistência dos grupos que se estabeleceram nas áreas inundáveis do Pantanal Matogrossense. (Dissertação de Mestrado). Porto Alegre, PUCRS. 210 páginas.

SCHUCH, M.E.J. 1997. Missões capuchinhas entre os Guaná Sul-matogrossenses. (Dissertação de Mestrado). São Leopoldo, UNISINOS. 61 páginas, anexos.

MAGALHÃES, M.L. 1997. Paiaguá: os senhores do rio Paraguai. (Dissertação de Mestrado). São Leopoldo, UNISINOS. 181 páginas.

HACKBART, P. da S. 1997. Análise do petroglifo MS-CP-41 – Corumbá, MS. Trabalho de conclusão do Curso de História na UNIISINOS. 71 páginas.

PEIXOTO, J.S.; SCHMITZ, P.I. 1998. A missão Nossa Senhora do Bom Conselho, Mato Grosso do Sul. Pesquisas, História 30: 133-155.

SCHMITZ, P.I.; ROGGE, J.H.; ROSA, A.O.; BEBER, M.V.  1998. Aterros indígenas no Pantanal do Mato Grosso do Sul. Pesquisas, Antropologia 54, 271 páginas.

HERBERTS, A.L. 1998. Os Mbayá-Guaicuru: área, assentamento, subsistência e cultura material. (Dissertação de Mestrado). São Leopoldo, UNISINOS, 262 páginas.

SBEGHEN, A.C. 1998. Análise dos remanescentes faunísticos de um sítio do Pantanal Sul-Mato-grossense. Trabalho de conclusão do Curso de Biologia na UNIISINOS. 93 páginas.

CYPRIANO, D.C.C. de A. 2001. Os Toba do Chaco: missão e identidade séculos XVI, XVII e XVIII. (Dissertação de Mestrado). São Leopoldo, UNISINOS, 211 páginas.

SCHMITZ, P.I.; ROGGE, J.H.; ROSA, A.O.; BEBER, M.V.; VALER DE FREITAS, E.A. 2009. Aterros da tradição Pantanal nas fazendas Sagrado Coração de Jesus e Bodoquena, Corumbá, MS. Pesquisas, Antropologia 67: 321-374.

E os jornais:

Correio do Estado, 15 de maio de 1990. Gaúchos pesquisam sítios arqueológicos. Pesquisa na região de Corumbá começa a partir de 1º de julho.  30 x 33 cm.

Correio do Estado, 9 de julho de 1990. Sítios arqueológicos começam a ser pesquisados em Corumbá. 18 x 16 cm.

Correio do Estado, 30 de julho de 1990. Sítios em Corumbá animam arqueólogos. Durante os últimos 20 dias foram descobertos três tipos de sítios arqueológicos. Professor contesta as teses. Em Bonito, achados restos de uma civilização dos Incas. 50 x 33 cm. Pesquisa no Pantanal é concluída, 16 x 26 cm.

Jornal?, 1990 Corumbá alvo de pesquisas arqueológicas, 20 x 21 cm.

O Globo, 11 de agosto de 1990. Arqueologia estuda povos primitivos do Pantanal, 18 x 16 cm.

Zero Hora, 19 de agosto de 1990. Uma descoberta arqueológica no Pantanal, 18 x 24 cm.

O Globo, 9 de setembro de 1990. Arqueólogos pesquisam primeira população que ocupou o Pantanal.

Reporter AJB, outubro de 1990. Os pantaneiros de 8 mil anos. A história e a pré-história do homem e seu rastro de conquistas, sangue e apropriação da natureza. 24 x 17,5 cm.

Informativo UNISINOS, outubro 1990. UNISINOS participa de pesquisa no Pantanal, 20 x 19 cm. Pantanal. Equipe de Arqueologia faz pesquisa na região, 28 x 17 cm + 14 x 18 cm. Total: 62 x 18 cm.

Vale do Sinos, 20-21 de outubro de 1990. Primeiros gaúchos podem ser originários da Ásia, 11 x 17,5 cm. Primeiros gaúchos são originários da Ásia? e Um longo caminho desde a Sibéria. 38 x 29 cm.

Jornal da Universidade. 48, agosto de 1990. Projeto arqueológico do CEUC agora no Pantanal, 19 x 11 cm.

NH, 11 e 12 de agosto de 1990. Gaúchos fazem descoberta arqueológica, 19 x 4 cm.

Correio de Corumbá, 14 a 22 de junho de 1991. CEUC promove Curso sobre a Pré-História. 29 x 5 cm.

American Antiquity, vol. 57, n. 1, p. 150-151, janeiro de 1992, Brazil – Mato Grosso do Sul. 39 x 7 cm.

Diário da Serra, (Campo Grande) 28 e 29 de julho de 1996. Arqueólogos estudam ancestral pantaneiro, 51 x 30 cm (uma página).

Jornal do Brasil (on-line), Editoria Ciência, 4 de setembro de 2000. Pantanal esconde segredos milenares. Arqueólogos identificaram mais de 200 sítios dos primitivos povos canoeiros que habitaram a região há 3.400 anos, 30 x 17 cm.


Figura 1: O lago Jacadigo, nosso barquinho e, ao fundo, o Maciço do Urucum. Do acervo do IAP.




Figura 2: Arqueólogos varrendo o lajedo para destacar as gravuras que o cobrem. Do acervo do IAP.

Texto: Profº. Drº. Pedro Ignácio Schmitz 

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

A INFÂNCIA DA ARQUEOLOGIA


A INFÂNCIA DA ARQUEOLOGIA
no Rio Grande do Sul.

A História que ainda ninguém contou, nem aqui está completa



           A Arqueologia demorou para se estabelecer no Brasil. A década de 1960 foi decisiva no estudo da história dos índios e na proteção e valorização dos testemunhos materiais dessa história. Só em 1961 é promulgada a lei de proteção dos sambaquis e dos abrigos rochosos, sem, ainda, abranger os sítios superficiais e os grupos ceramistas. A partir de 1965, já no período do governo militar, o IPHAN começou a se interessar por um cadastro geral dos sítios, oferecendo algum dinheiro a um grupo de jovens arqueólogos.

Foi então que, pelo território nacional, surgiram grupos de jovens e novas instituições que se ocuparam com este patrimônio complementando as atividades tradicionais dos grandes museus, como o Museu Nacional do Rio de Janeiro, o Museu Paulista de São Paulo e o Museu Emílio Goeldi de Belém do Pará. A Arqueologia tinha sido, especialmente, ocupação diletante de profissionais liberais que, nas reuniões periódicas dos institutos históricos (geográficos, etnográficos, eventualmente também arqueológicos) divulgavam seus achados e suas considerações relacionadas ao desenvolvimento da nação brasileira; essas elucubrações eram publicadas em revistas culturais ou científicas da época, de acesso restrito.

Também não vamos esquecer que, nessa época, um bom ginásio ou colégio de classe média não dispensava um museu, que, junto com amostras da evolução do universo, do homem e da cultura, exibia objetos relacionados ao índio e sua história. Recordo alguns desses museus no Estado: além do Museu Júlio de Castilhos, havia interessantes coleções de objetos indígenas no Colégio Anchieta de Porto Alegre, no Seminário Central de São Leopoldo, no Colégio Mauá de Santa Cruz do Sul, no Colégio Martin Luther de Estrela, no Museu Antropológico de Ijui.

Na universidade não se ensinava arqueologia, nem havia pesquisa com objetivo e método definidos.

José J.J. Proenza Brochado, ainda aluno, apresenta bem este período em seu opúsculo denominado ‘Arqueologia Descritiva das Jazidas páleo-etnográficas da Região Sul do Brasil’, de 57 apertadíssimas páginas, editado em Pelotas, no ano de 1962. Nele fala de sambaquis, de acampamentos e paradeiros litorâneos, descrevendo cuidadosamente os sítios e seus materiais líticos, cerâmicos e ósseos. Mas não sai da planície litorânea.

Fonte: acervo do IAP.

***

Quem provocou a mudança nas décadas de 1950 e 1960 foi o Prof. José Loureiro Fernandes, catedrático de Antropologia da UFPR, que, com apoio da CAPES e do CNPq, trouxe profissionais estrangeiros para realizar pesquisas arqueológicas e, juntamente, treinar brasileiros. Trouxe primeiro um casal húngaro para os sambaquis, depois o americano Dr. Wesley R. Hurt para abrigos em Minas Gerais, os franceses Josef Emperaire para sambaquis e Annette Laming-Emperaire para sambaquis e abrigos rochosos com arte rupestre e, finalmente, os americanos Betty J. Meggers e Clifford Evans para as populações ceramistas. Paralelamente, o Dr. Paulo Duarte, do Instituto de Pré-história da USP, e o Dr. Castro Faria, do Museu Nacional, traziam profissionais da França para treinar seus colaboradores. Todos ofereciam treinamento básico, em teoria e método, para um número seleto de jovens universitários, que acabaram abraçando duas maneiras de fazer arqueologia, uma predominantemente francesa, centrada na exploração intensa de sítios e áreas limitadas, a outra, americana, interessada em amostrar as culturas indígenas do território nacional. No Rio Grande do Sul predominou a tendência americana.

Neste ambiente nasceu a arqueologia no Estado. As primeiras iniciativas, precoces e amadoras, mas altamente populares, foram do Museu do Colégio Mauá, de Santa Cruz do Sul sob a liderança do Prof. Hardy E. Martin, e as de um grupo de jovens reunidos na Organização para Estudos Científicos (O.E.C.), cujo líder era Fernando G. Sampaio, então aluno do Colégio Anchieta.

O Museu Mauá fazia levantamento sistemático de sítios arqueológicos no vale do rio Pardo e publicava semanalmente os resultados na Gazeta do Sul: 411 postagens. O Museu chegava a ter 30.000 visitas durante um ano, de pessoas do Brasil e do resto do mundo em função da FUNAF (Feira Nacional do Fumo).  Marina Amanda Barth conta bem esta história em sua dissertação de mestrado na Unisinos, ‘Arqueologia: ação comunitária ou Ciência Acadêmica’, 2013, posteriormente publicada na Revista do CEPA/UNISC.  

A O.E.C. oferecia cursos, fazia seminários e até alguma pesquisa de campo. Contava com o apoio da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, que proporcionava espaço para os seminários anuais, de 1964 a 1969; a Faculdade de Arquitetura também publicou ao menos os dois primeiros anais dos seminários, 60 páginas, em1966. 

Fonte: acervo do IAP.

Fernando G. Sampaio tinha um espaço privilegiado no Correio do Povo. E acesso à Folha da Tarde. Jandir Damo reuniu e organizou recortes guardados no Instituto Anchietano de Pesquisas. Eles não são completos, mas uma boa amostra; veja:

Correio do Povo, 17 de abril de 1966.Terceiro seminário inaugura hoje. Arqueologia no Rio Grande do Sul. Superfície no jornal: 28 x 14 cm.

26 de março de 1967. Divulgado o programa do Seminário de Arqueologia (IV seminário), 16 x 18,5 cm.

Folha da Tarde, 17 de abril de 1967. IV Seminário de Arqueologia inicia hoje. 19 x 15 cm.

Correio do Povo, 15 de agosto de 1967. Arqueologia Sul-Riograndense (sobre os dois seminários da O.E.C.), 21 x 9 cm.

23 de fevereiro de 1968. Fernando G. Sampaio: Arqueologia em Tapes, 20 x 8 cm.

1º de março 1968. Fernando G. Sampaio: Sambaqui de Xangri-la, 18 x 8,5 cm.

1º de março de 1968. Fernando G. Sampaio: Descoberta arqueológica em Masada, Israel, 25 x 9 cm.

14 de abril de 1968. Fernando G. Sampaio: Escavações arqueológicas em Tlapacoya, México, 17 x 9 cm.

21 de junho de 1968. Fernando G. Sampaio: Fortificações entre os nossos índios, 24 x 9 cm.

26 de julho de 1968. Fernando G. Sampaio: Seminário de Arqueologia, 13 x 4,5 cm.

16 de março de 1969. Fernando G. Sampaio: Arqueologia rio-grandense 1. O crânio de Vila Nova, 36 x 25 cm.

30 de julho de 1969. Fernando G. Sampaio: Vocábulos arqueológicos, 26 x 9 cm.

23 de agosto de 1969. Fernando G. Sampaio:  O templo de Montenegro, 17 x 25 + 16 x 25 + 16 x 25 + 16 x 25 cm.

2 de setembro de 1969. Fernando G. Sampaio. ‘Informação arqueológica’ (a respeito de Boletim do Rio de Janeiro), 24 x 9 cm.

28 de setembro de 1969. Seminário de Arqueologia será promovido pela OEC, 10 x 9 cm.

4 de julho de 1970. Fernando G. Sampaio: Arqueologia em Moçambique, 31 x 14 cm.

18 de agosto de 1970. Fernando G. Sampaio: Os jesuítas e o tráfico fluvial rio-grandense, 26 x 9 cm.

8 de outubro de 1970. Fernando G. Sampaio: Arqueologia no R.G. do Sul. (Sobre o Simpósio de Arqueologia da Área do Prata de São Leopoldo), 21 x 9 cm.

25 de novembro de 1970. Fernando G. Sampaio: História das Missões, 22 x 9 cm.

15 de setembro de 1971. Fernando G. Sampaio: Pinturas pré-históricas no Estado do Paraná, 29 x 10 cm.

27 de novembro de 1971. Fernando G. Sampaio: Por uma política de preservação e estudo do patrimônio arqueológico, 52 x 14 cm.

4 de julho de 1970. Fernando G. Sampaio: Arqueologia de Moçambique, 31 x 15 cm.

7 de outubro de 1973. Fernando G. Sampaio: Subterrâneos indígenas, 16 x 26 cm.

Sem data anotada no recorte. Fernando G. Sampaio: O.E.C. vai pesquisar local indígena na Lagoa dos Patos, 12 x 10 cm.

Sem data anotada no recorte. Fernando G. Sampaio. O valor da Arqueologia, 24 x 9 cm.

Fonte: acervo do IAP.

***

Estas importantes iniciativas de popularização da arqueologia, com ampla repercussão popular, desafiaram a Academia, que, até ali, não costumava dizer uma palavra arqueológica para os futuros historiadores e menos ainda para a comunidade.

Em 1965, entretanto, haviam surgido duas importantes iniciativas em termos de arqueologia brasileira, que levaram a arqueologia para a Academia: o PRONAPA (Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas) e um programa paralelo encabeçado pelo Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS.

O PRONAPA (1965-1970), executado por uma dezena de jovens professores universitários brasileiros, sob a coordenação dos americanos Clifford Evans e Betty J. Meggers, com verba de uma fundação internacional e apoio do IPHAN e do CNPq, se dispôs a realizar um levantamento e estudo de sítios arqueológicos desde Belém do Pará até o arroio Chuí, usando enfoque histórico-cultural. A família do PRONAPA era concentrada e exclusiva e seu trabalho foi pouco divulgado pelos jornais da época. O resultado, porém, além de rigoroso treinamento científico dos participantes, foram cinco volumes de resultados (1967, 1969, 1969, 1971 e 1974), editados pelo Museu Emílio Goeldi, que não podem ser desconhecidos a nenhum arqueólogo trabalhando no país. Nele se definiram culturas pré-coloniais de Pará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahía, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Do RS pertenciam ao programa Eurico Th. Miller, fundador do Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul (MARSUL), em Taquara e José Proenza Brochado, professor da UFRGS.

O programa coordenado por Pedro Ignácio Schmitz, também professor da UFRGS, mas através do Instituto Anchietano de Pesquisas/Unisinos (1965-1972), do qual era um dos fundadores, era financiado pelo IPHAN e pelo CNPq. Ele estudou espaços não abrangidos pelo PRONAPA, usando o mesmo enfoque e metodologia, mas com menos controle e rigor. Suas atividades também foram socializadas pelos jornais e por revistas regionais e nacionais do ramo. Este aspecto é contado numa outra postagem.

Do movimento encabeçado pelo IAP surgiu uma equipe e nasceram reuniões científicas mais amplas, que eclipsaram, até certo ponto, os seminários da O.E.C.; o Museu Mauá se aliou às novas iniciativas. Os membros da equipe do IAP criaram centros de arqueologia e antropologia nas instituições em que atuavam e transformaram a Arqueologia e a Antropologia em disciplinas universitárias reconhecidas. Acompanho a divulgação pelos recortes de jornais guardados no IAP.

Primeiro foi o Congresso de Arqueologia para Amadores, em 1966, que reuniu mais de 40 interessados, entre diretores e funcionários de museus, professores universitários, médicos, desembargadores e outros interessados e curiosos, predominantemente adultos. Foram muito variados os trabalhos trazidos para apresentação ou discussão, cujas cópias se guardam no IAP. Mas estas comunicações não representavam trabalhos de pesquisa, a qual estava dando seus primeiros passos.
Correio do Povo, 29 de abril de 1966. Seminário sobre a arqueologia em S. Leopoldo transcorre com sucesso, 27 x 13 cm + 16 x 10 cm.

Folha da Tarde, 30 de abril de 1966. Arqueólogos provam existência de índios há 6 mil anos no RGS, 25 x 15 cm.

Frente à boa aceitação geral e à presença de diversos professores das instituições universitárias que estavam surgindo no Estado, foi organizado, em 1967, primeiro um curso de arqueologia em fim de semana e, logo, o Primeiro Simpósio de Arqueologia do Prata, que reuniu alguns arqueólogos brasileiros, uruguaios e argentinos.

Presentes: Fernando Altenfelder Silva (Rio Claro, SP), Igor Chmyz (Paraná), João Alfredo Rohr e Ana Maria Beck (Santa Catarina), Antônio Taddei e Osmar Santos (Uruguai), Antonia Rizzo e Maria Tereza Carrara (Argentina), Danilo Lazzarotto, Fernando La Salvia, Pedro A. Mentz Ribeiro, Plínio Dall’Agnol, Pedro Ignácio Schmitz, Ruy Ruben Ruschel, Ítala I. Basile Becker, José Proenza Brochado, Arno A. Kern, Guilherme Naue, Rolf Steinmetz, Vera Regina Aquino, Teófila Zimmermann, Miguel Bombim (Rio Grande do Sul).

Fonte: Acervo do IAP
Folha da Tarde, 6 de março de 1967. Arqueólogos gaúchos tiveram em 1966 um ano excepcional, 24 x 25 cm.

Correio do Povo, 5 de abril de 1967. Curso de arqueologia em São Leopoldo, 8 x 5 cm.

Folha da Tarde, 25 de julho de 1967. Arqueologia reúne em São Leopoldo brasileiros, argentinos e uruguaios, 15 x 15 cm.

Jornal não identificado, 26 de julho de 1967. Simpósio de Arqueologia hoje em São Leopoldo, 10 x 9 cm.

Folha da Tarde, 28 de julho de 1967. Arqueologia que empolga três países, 28 x 15 cm.

Correio do Povo, 29 de julho de 1967. Passado revive em São Leopoldo. Estudiosos de três países no 1º Simpósio sobre Arquelogia, 26 x 18 cm.

Rua Grande, São Leopoldo, 29 de julho de 1967. O Simpósio, 16 x 6 cm.

Folha da Tarde, 6 de novembro de 1967. Os arqueólogos, esses desconhecidos, 36 x 25 cm.

            Pesquisas, Antropologia 16, que funcionou como Anais do Simpósio, mostra que no estado já existia um pequeno grupo, que expandiu a pesquisa registrada por Brochado, em 1962. Eles, agora, pesquisam casas subterrâneas no planalto meridional, acampamentos e aterros em áreas alagadiças no sul e do sudoeste do Estado, acampamentos de caçadores e aldeias guaranis no centro do Estado. Rohr contribui com sambaquis e outros assentamentos litorâneos do sudeste de Santa Catarina.

A boa aceitação do primeiro fez que, em 1968, os pesquisadores fossem convocados para um Segundo Simpósio de Arqueologia da Área do Prata. Ele ampliou a temática e os participantes.

Nele apresentaram trabalhos Eduardo Mário Cigliano e Antonia Rizzo, do Museo de La Plata; Margarida Davina Andreatta, de Curitiba, Igor Chmyz e Maria José Menezes, da UFPR; Ana Maria Beck, da UFSC; João Alfredo Rohr, do Museu do Homem do Sambaqui; P.I. Schmitz, Ítala Irene Basile Becker e Pedro Augusto Mentz Ribeiro, do Instituto Anchietano; Guilherme Naue, da Universidade Católica de Pelotas; Fernando La Sálvia, da Universidade de Caxias do Sul; José Proenza Brochado, da UFRGS.

Temas apresentados ou discutidos: sambaquis, aterros em áreas úmidas; assentamento em abrigos; indústrias líticas de caçadores sem cerâmica; grupos ceramistas da família linguística Tupi-guarani, da família Jê e de grupos meridionais. As comunicações já refletem o início de pesquisas sistemáticas no Estado. Os jornais informam:

Correio do Povo, 21 de maio de 1968. Arqueologia rio-grandense. 15 x 9 cm.

23 de julho de 1968. Simpósio de Arqueologia em São Leopoldo, 16 x 5 cm.

Folha da Tarde, 23 de julho de 1968. Três países vão debater arqueologia em São Leopoldo, 6 x 10 cm.

Jornal do Sinos, São Leopoldo, 23 de julho de 1968. Arqueólogos vão se reunir em SL, 19 x 20 cm.

Correio do Povo, 24 de julho de 1968. Reunindo arqueólogos do Brasil, Uruguai e Argentina. Instala-se sexta-feira em S. Leopoldo.

Rua Grande, São Leopoldo, 27 de julho de 1968. Os arqueólogos estão reunidos, 12 x 13 cm.

O Globo, 30 de julho de 1968. Arqueologia vai fazer congresso em São Leopoldo, 7 x 5 cm.

Correio do Povo, 30 de agosto de 1968. São Leopoldo – Centro da Arqueologia no Rio Grande do Sul, 23 x 37 cm.

            Pesquisas, Antropologia 18 publicou Anais do Segundo Simpósio de Arqueologia da Área do Prata, 1968, 190 páginas, mais 7 páginas de ilustrações.

Em 1969 os arqueólogos foram convidados para novo encontro que, a pedido de colegas de outras partes do Brasil, teve um acréscimo em seu nome e agora se chamava ‘III Congresso de Arqueologia da Área do Prata e Adjacências’. As adjacências incluíam o Nordeste brasileiro. Estavam presentes:

Da Argentina: Antonia Rizzo, Alberto Rex González, Eduardo Mário Cigliano, Ciro René Lafon, Maria Tereza Carrara, Milly de Raggio.

Do Uruguai: Antonio Taddei, Osmar Santos, René Boretto Ovalle.

Do Rio Grande do Sul: P.I. Schmitz, Itala I. Basile Becker, José Brochado, Danilo Lazzarotto, Rolf Steinmetz, Fernando La Salvia, Guilherme Naue, Wander Valente, Maria Helena Abrahão Schorr.

De Santa Catarina: João Alfredo Rohr, Anamaria Beck, Gerusa Duarte e Maria José Reis.

Do Paraná:  Igor Chmyz, Maria José Menezes, Margarida Davina Andreata.

De São Paulo: Sílvia Maranca, Luciana Palestrini, Fernando Altenfelder Silva, Tom O. Miller, M.E.B. Prado, L. Vivam.

Do Rio de Janeiro: Maria C. Coutinho Beltrão, Lina Maria Kneip, Ondemar F. Dias.

 Do Espírito Santo: Celso Perota.

De Pernambuco: Marcos Albuquerque.

Com a expansão territorial, também a temática se alargou e as pesquisas em andamento foram sendo apresentadas.

Os Anais foram publicados em Pesquisas, Antropologia 20, 1969, 211 p + 12 páginas de ilustração. O jornal divulga.

 Correio do Povo, 27 de julho de 1969. Instalado em S. Leopoldo Simpósio de Arqueologia da Bacia do Prata, 11 x 14 cm.

Zero Hora, 30 de julho de 1969. Arqueólogos pesquisam toda a nossa história, 36 x 39.

 Jornal do Sinos, 30 de julho de 1969. Arqueologia com muitas novidades, 3,5 x 25 cm e mais uma página inteira.

Folha da Tarde, 8 de agosto de 1969. Perícia do nosso índio surpreende arqueólogos, 27 x 15 cm.

Jornal do Sinos, 5 de setembro de 1969. Instituto Anchietano faz muitas pesquisas, 12 x 21 e página central.

Em 1970 houve mais uma reunião informal da equipe, de preparação para a mesa redonda a ser apresentada no Congresso Internacional de Americanistas, em Lima, no Peru, que foi realizado nesse ano.

Não houve mais congressos de arqueologia da área do Prata em São Leopoldo. Mas, curiosamente, em 2018 a UNISINOS sediou novamente um Simpósio com o nome antigo. Embora os pesquisadores fossem outros, a mesma temática continuou a ser discutida.

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          De 1968 até 1975 os arqueólogos do Estado continuaram a se reunir anualmente para apresentar suas novas pesquisas e também discutir os programas de Arqueologia e de Antropologia, que começavam a oferecer em suas instituições. Com isso, Arqueologia e Pré-história se tornaram disciplinas importantes nos cursos de História, e a Antropologia era ensinada no Ciclo Básico e em setores profissionais de diversas carreiras.

            Reuniões se fizeram, sucessivamente, em Caxias do Sul, Ijui, Passo Fundo, São Leopoldo, Florianópolis, e na UFRGS que, em 1975, abriu um primeiro Curso de Especialização em Antropologia, que logo se transformou em Mestrado e Doutorado em Antropologia Social, certamente um dos melhores programas do Brasil. Outras instituições acadêmicas também criaram suas pós-graduações que possibilitaram a titulação pós-graduada dos que começaram no zero e se tornaram os primeiros doutores. 

Fonte: acervo do IAP.

Correio do Povo, 25 de abril de 1968. Reunião dos Professores de Antropologia, 9 x 5 cm.

Zero Hora, 25 de abril de 1968. Professores de Antropologia vão se reunir, 11 x 5 cm

Correio do Povo, 23 de abril de 1970. 3º Congresso Estadual de Antropologia, 16 x 5 cm.

25 de abril de 1970. III encontro estadual de Antropologia em Ijui, 19 x 9 cm.

1972. Caxias reunirá antropólogos na festa do sesquicentenário, 6 x 14 cm.

O Estado, Florianópolis, 16 de julho de 1972. Arqueólogos fazem mesa redonda para o Estado. Sambaquis: conflito de legislação, 53 x 35 cm + 18 x 18 cm.
       
       A partir de 1967 os arqueólogos também passaram a se encontrar nas reuniões anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Os anos de infância estavam acabando e começava uma sofrida adolescência. Novas associações de arqueólogos foram surgindo e as Faculdades Integradas Estácio de Sá criaram, no Rio de Janeiro, o primeiro curso de Bacharelado em Arqueologia. 

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Em 1972 a equipe do Instituto Anchietano de Pesquisas também expandiu suas atividades para os cerrados do Brasil Central, onde, em colaboração com a Universidade Católica de Goiás (UCG), realizou coberturas de amplos territórios. Para seu Terceiro Seminário Goiano de Arqueologia, em Goiânia, 1980, foram convidados representantes de todas as instituições que lidavam com o tema, que já não eram poucas.

Compareceram representantes de 47 instituições: Centro de Arqueologia Brasileira, Rio de Janeiro; Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, São Paulo; Faculdades Integradas Estácio de Sá, Rio de Janeiro; Instituto Anchietano de Pesquisas, São Leopoldo; Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB), Rio de Janeiro; Instituto de Pré-história da USP, São Paulo; Instituto Paulista de Arqueologia, São Paulo; Musée de L‘Homme, Paris; Museu Arqueológico do Sambaqui, Joinville, Santa Catarina; Museu Câmara Cascudo, Rio Grande do Norte; Museu Nacional, Rio de Janeiro; Museu Paraense Emílio Goeldi, Pará; Universidade Católica de Goiás, Goiás; Universidade Católica de Pernambuco, Pernambuco; Universidade de São Paulo, São Paulo; Universidade Federal da Paraíba, Campina Grande, Paraíba; Universidade Federal de Goiás, Goiás; Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais; Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco; Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina.

De 24 a 29 de março de 1980 trabalharam incansavelmente os seguintes arqueólogos Alroino Ebble, Altair Sales Barbosa, André Prous, Avelino Fernandes de Miranda, Aziz Nacib Ab’Saber, Dorath Pinto Uchoa, Fernando Altenfelder Silva, Irmhild Wüst, Marcos Albuquerque, Maria da Conceição M.C. Beltrão, Mário Ferreira Simões, Niède Guidon, Ondemar Ferreira Dias Jr., Oswaldo Raimundo Heredia, Pedro Ignácio Schmitz, Ruth Trindade de Almeida, Sílvia Moehlecke (Copé), Solange Bezerra Caldarelli, Tom O. Miller Jr., Vicente Giancotti Tassone.

O esforço coletivo de uma semana produziu a primeira síntese nacional da arqueologia brasileira, intitulada ‘Temas de Arqueologia Brasileira’, que foi publicada em cinco cadernos, em 1981, sob a coordenação de P.I. Schmitz; A. Sales Barbosa; M. Barberi Ribeiro. Em 2015, a PUC de Goiás fez nova edição histórica, em volume único de 293 páginas.

O seminário estava terminando, os profissionais ativos de todo o Brasil estavam presentes. Porque não fundar, logo aqui, a Sociedade de Arqueologia Brasileira, que estava sendo discutida há dois anos e já tinha pronta a proposta do estatuto. Foi o que fez.  E se elegeu a diretoria. Como Presidente-organizador Pedro Ignácio Schmitz (UFRGS, IAP), Vice-Presidente Ondemar Ferreira Dias Jr. (UFRJ), como Secretário Geral Alfredo Mendonça de Souza (Estácio de Sá), como tesoureira Dorath Pinto Uchôa (USP). Quarenta e um assinaram como sócios fundadores. 

Fonte: acervo do IAP. 

A arqueologia tinha saído de sua infância, vencera a adolescência e entrava num estado adulto assaz precário, mas se estabeleceu.

Numa próxima postagem conto a história de algumas pesquisas e de sua divulgação pelos jornais.

Texto: Profº. Drº. Pedro Ignácio Schmitz