sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Projeto Estâncias Missioneiras, Uruguaiana, RS


Inspecionando Estância Libertadora, Caminho Imperial, Passo dos Moura e Passo do Ibirocaizinho.



No início deste ano, desde os dias 19 a 26 de janeiro, foi realizada uma nova etapa de campo do Projeto Estâncias Missioneiras, que busca compreender a organização, distribuição e contribuição destes antigos locais de criação de gado vacum direcionados ao consumo dentro do sistema das Reduções Missioneiras.

Nesta etapa participaram do campo os pesquisadores Jairo Rogge e Suliano Ferrasso, que percorreram de carro mais de 650 km por uma das principais rodovias do estado do RS, a BR-290. Depois de um dia inteiro de viagem, já em Uruguaiana, se encontraram com o pesquisador Dagoberto Alvim Clos, residente local e funcionário na Prefeitura Municipal. A partir daí estava reunida a equipe que iria a campo inspecionar uma estância, um trecho do caminho imperial e dois passos, um de um rio, outro de um arroio (veja foto 01).

Foto 01. Pesquisadores em campo, da esquerda para direita: Jairo Rogge, Dagoberto Clos e Suliano Ferrasso. Fonte: S. Ferrasso.


Nos dois primeiros dias em que a equipe estava em Uruguaiana, o tempo não foi favorável, tendo ocorrido uma forte chuva, o que impediu a equipe de ir aos locais pré-estabelecidos. Então por conta do ocorrido nos dedicamos a tratar de conversas e explanações com a Secretaria de Cultura e do Turismo da prefeitura, explicando os objetivos do projeto e alguns dados já obtidos até então. Procuramos também nos informar com mais detalhes sobre os locais a serem visitados, bem como contatamos os atuais proprietários para que fosse possível nossa ida até estes locais.

Do terceiro dia em diante o tempo foi favorável com dias ensolarados e clima ameno, quente as vezes, mas foi possível assim realizar todas as tarefas pretendidas.
Os locais a serem visitados distam do núcleo central da cidade em ± 110 km, sendo 80 km por via asfaltada e 30 km por estrada de terra, o que consume bastante tempo no deslocamento. Então para aproveitar bem os dias, se saía no início do dia, retornando sempre ao pôr do sol, bem no final de tarde.

A paisagem no local é muito atrativa, mostrando ainda, apesar de diversas intervenções humanas, sobretudo lavouras, as características do chamado Bioma Pampa, com paisagem plano ondulada e vegetação campestre a perder de vista. Em alguns momentos é possível visualizar ainda remanescentes de populações de ema (Rhea americana), ave terrícola, também chamada de nhandú, que pode chegar a 1,70 m de altura e pesar mais de 35 kg (veja foto 02).

Foto 02. Rhea americana (ema, nhandú), no entorno da Estância Libertadora. Fonte: S. Ferrasso.


Realizamos num primeiro momento o reconhecimento da sede da Estância Libertadora. Lá observamos, registramos e fotografamos suas diversas construções (casas, galpões, pátio, áreas de trabalho, poço, etc.), bem como, registramos as taipas de pedra, que formam mangueiras junto às áreas de residência e de trabalho da sede da antiga Estância (veja fotos 03, 04 e 05).

Foto 03. Estância Libertadora, atual acesso principal. Fonte: S. Ferrasso.


Foto 04. Estância Libertadora, acesso ao Galpão, notar o grande arco da entrada. Fonte: S. Ferrasso.


Foto 05. Estância Libertadora, vista a partir do galpão, com grande arco do acesso, para o pátio interno com acesso as residências e oficinas. Fonte: S. Ferrasso


Foto 06. Antigo Caminho Imperial. Alinhamento de blocos de basalto na margem do caminho. Fonte: S. Ferrasso.


Foto 07. Antigo Caminho Imperial. Blocos de basalto ‘calçando’ o antigo caminho. Fonte: S. Ferrasso.


Na sequência percorremos um trecho do antigo Caminho Imperial, por aproximadamente 15 km, seguindo da Estância Libertadora até o Rio Ibirocaí, onde se encontra o Passo dos Moura. Percorrendo o caminho com muita calma e cuidado, chegamos próximo ao passo do rio, onde pudemos avaliar remanescentes da antiga consolidação do caminho, com blocos de pedra dispostos de forma organizada (veja fotos 06 e 07). No local observamos e buscamos entender também o assim denominado Passo dos Moura, olhamos suas margens e atravessamos o passo a pé, para avaliar o embasamento do passo, sendo esse ocorre sobre um ‘lajedo’ de origem basáltica, sendo um substrato consolidado (veja foto 08).

Foto 08. Rio Ibirocaí, Passo dos Moura. Vista geral de uma das margens do passo. Fonte: S. Ferrasso.


Dando continuidade seguimos pelo caminho imperial em direção ao Passo do Ibirocaizinho, um passo sobre um arroio, de tamanho menor em relação ao Passo dos Moura, tendo as mesmas características, correndo a água sobre um ‘lajedo’ , porem a largura e profundidade do corpo d’água são menores que as do Passo dos Moura (veja foto 09).

Foto 09. Arroio Ibirocaizinho. Passo do Ibirocaizinho, vista geral de uma das margens do passo. Fonte: S. Ferrasso.


Ao final do dia 25 estávamos de volta ao hotel em que ficamos hospedados, na cidade de Uruguaiana. Na ocasião conversávamos sobre todas as atividades que conseguimos realizar e concluímos que o resultado foi satisfatório no sentido de se realizar tudo o que estava previsto.

Na manhã seguinte ao iniciarmos o retorno a São Leopoldo, já tivemos a certeza de que será necessária nova saída de campo, pois com as informações obtidas se abriram novos questionamentos, o que amplia a dinâmica a ser pensada dentro do escopo do projeto.

Texto: Profº. Drº. Pedro Ignácio Schmitz e Ms. Suliano Ferrasso
Imagens: Suliano Ferrasso





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