quarta-feira, 3 de abril de 2019

PATRIMÔNIO É COISA SÉRIA


Patrimônio é coisa séria e precisa divulgação. Você sabia que o vale do rio dos Sinos, no século XVI, era todo ocupado por aldeias guaranis?  Hoje conhecemos 70 desses lugares, onde havia aldeias, casas ou cemitério. Na cidade de São Leopoldo fica um desses lugares, com uma antiga aldeia junto ao Estádio do Aimoré, outra no morro do antigo Lar da Menina, uma casa junto ao lago do CECREI, outra no Campus da UNSINOS, junto ao Centro Administrativo. 

As aldeias se compunham de duas ou três construções de troncos e palha, que reuniam algumas famílias. Elas se enfileiravam ao longo do rio nas primeiras elevações do terreno. O rio era o caminho entre as aldeias e também fornecia peixe. A mata, na subida dos morros, atrás das casas, fornecia caça. Ao redor da aldeia se plantava milho, mandioca, abóboras, feijões, batatas, amendoim. Eles não tinham animais domésticos, nem potreiros, no que se distinguiam dos primeiros colonos alemães. Os utensílios da casa indígena eram simples: pedras lascadas, cuias e panelas de barro, as maiores também usadas como caixão para um morto.

Era isto que, na década de 1960, os primeiros arqueólogos da UNISINOS e do Museu de Taquara ainda encontravam nas roças dos colonos: manchas de terra escura das antigas casas, carvão e muitos cacos de panelas de barro. Em 2014, os pesquisadores da UNSINOS retomaram os materiais e documentos guardados nos museus e com eles constroem uma narrativa do povoamento guarani. A publicação deverá circular ainda em 2019.

Pedro Ignácio Schmitz e Jairo Henrique Rogge, arqueólogos e professores de História da UNISINOS.


Coluna publicada no VS, dia 18 de março de 2019, p. 8.

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