quinta-feira, 15 de outubro de 2020

RESERVA MBYÁ-GUARANI, RIOZINHO/RS


No ano de 1997 o Campus da Unisinos era dividido em “Centros”. Havia áreas e laboratórios onde se desenvolviam trabalhos específicos de cada área de conhecimento e linha de pesquisa do curso de Ciências Biológicas. No Centro de Ciências da Saúde, bloco “D”, no corredor da Botânica, localizava-se o Laboratório de Plantas Medicinais e Fisiologia Vegetal, coordenado pelo Prof. Clemente José Steffen, eu fazia parte da sua equipe.

No Laboratório de Plantas Medicinais uma das linhas de trabalho era a etnobotânica. Com este enfoque a equipe realizou, em setembro de 1997, uma saída a campo para a cidade de Riozinho/RS, Reserva Mbyá-guarani.

Devidamente acordado com a prefeitura e licenciados para visitar a Reserva, seguimos, a partir da sede do município, transportados por uma “tobata”, subindo por uma estrada de difícil acesso. 

Nosso objetivo era conhecer plantas por eles utilizadas para diferentes finalidades.

 

A chegada na Reserva


Recebidos pelo Cacique, autorizados e acompanhados pelo mesmo, tivemos o privilégio de conhecer um pouco da história daqueles que estavam se estabelecendo na Reserva. Eles estavam migrando de diferentes localidades, onde vivenciaram realidades divergentes daquela que ali encontraram, na nova Reserva.

As casas trazidas pelas famílias que chegavam pouco a pouco eram remontadas para, num primeiro momento, abrigá-los. 

 

Casa construída com materiais reciclados, trazida por uma família recém chegada à Reserva 

                                                                                                                        

Uma nova casa em construção com materiais disponíveis na Reserva

 

A casa do Cacique, casa de reza

 

O fogo no interior de uma casa para cozimento e aquecimento

 


O revestimento que permite a saída da fumaça


O resgate na utilização de materiais naturais com estruturas que proporcionam ao mesmo tempo a proteção térmica e a ventilação necessárias foi importante também para a manutenção de questões referentes à saúde. As casas anteriormente construídas com materiais reciclados plásticos não permitiam a saída da fumaça, causa de problemas respiratórios relatados. 

Conhecemos as espécies vegetais utilizadas para a confecção de cestarias. O material recém coletado é processado na forma de longas tiras. Quando seco, parte é submetido ao processo de tingimento e a novo processo de secagem. Nos foi permitido assistir uma roda de mulheres confeccionando os cestos e constatar o instigante resultado de padrões sempre únicos de cada uma.

 

Material recém coletado para a trama das cestarias, amarração e alças

 


            Cestaria pronta para o uso na Reserva e para a venda

 

Presenciamos a preparação para a área de lavoura. A pequena área de roça, preparada com a queimada controlada da vegetação, que, após um ciclo de cultivo é abandonada para que a vegetação se reestabeleça, sem exaurir o solo.

 

Preparação da área para o cultivo, em sistema rotativo

 

O pilão utilizado para o processamento dos grãos produzidos na Reserva


Minha gratidão a todos pelo acolhimento e generosidade, pelos saberes compartilhados e pela vivência inesquecível


Texto e fotos: Bióloga Denise Schnorr

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